O meu texto defendendo a adoção das cotas recebeu uma avalanche de comentários. De início, eu prometi responder a todos, mas nunca imaginei que seriam tantos. De modo que escrevo este texto para esclarecer pontos comuns que grande parte dos comentaristas questionou ou não entendeu.
Primeiro, a respeito da própria natureza do texto. Ao contrário do que pode parecer, não foi um texto sobre as cotas em sua totalidade, mas um texto com um recorte, a respeito do privilégio branco e classe média e o comportamento de tais privilegiados diante da política de cotas. Este não é o cerne da discussão sobre as cotas, muito menos o único argumento existente para defendê-las.
Segundo, como eu disse, costuma ser bem difícil reconhecer os próprios privilégios e a caixa de comentários não faz nada além de reafirmar isso. Privilégio, aos que não entendem, é basicamente aquilo a que alguém tem direito ou acesso, enquanto outro não tem. Parece simples, mas, na verdade, é preciso, antes, que as pessoas aceitem que não existe ninguém melhor do que ninguém, mais merecedor de nada do que ninguém, especialmente quando falamos de políticas públicas.
Pois bem, na prática, isso significa pensar que o traficante da favela, por ser tão cidadão brasileiro como eu e você, merece ser tratado pela justiça com a mesma lisura que eu e você. Ou que o casal gay, sendo eles tão pessoas como quaisquer outras, merece se beijar em público, adotar filhos e se casar, assim como um casal heterossexual. Mas nós sabemos que a realidade não é essa: o próprio Estado, ao impedir que homossexuais se casem, por exemplo, exclui um sem número de pessoas de direitos que deveriam ser acessados por todos e eu acho que eu nem preciso falar sobre o que o senso-comum diz a respeito de casos como os citados, não é? Pois bem, é nesta realidade que se calcam os privilégios.
Voltando ao assunto do texto anterior. Hoje, estudar em uma universidade pública ainda é um privilégio. Não há vagas para todos, ao contrário: para apenas uma ínfima parte da nossa população. É um privilégio, ao passo que a educação é, na verdade, um direito que deveria ser garantido pelo Estado a todos os seus cidadãos. Quando chegamos a uma universidade (acreditem, senhores comentaristas, eu não sou uma estudante negra de ensino médio que estou defendendo as cotas apenas por que quero uma vaga. Eu já sou graduada em uma universidade federal, inclusive) nós percebemos que esse privilégio, o de estudar em uma universidade PÚBLICA, é da população branca e classe média. Usarei o meu exemplo: quando eu entrei na UFES, fui acompanhada por uma estudante negra e, creio que, por não mais de 15 estudantes pardos. Numa sala de 50 alunos. Entre nós, certamente, não havia nem 5 estudantes provenientes de escolas públicas. As consequências disso, eu não preciso dizer; o IBGE, muito mais gabaritado, faz isso por mim:
“No grupo de pessoas de 15 a 24 anos que frequentava estabelecimento de ensino, houve forte diferença no acesso a níveis de ensino pela população segmentada por cor ou raça. No nível superior, encontravam-se 31,1% dos brancos nesse grupo etário, enquanto apenas 12,8% dos pretos e 13,4% dos pardos.
Ao se observar a posição na ocupação entre brancos, pretos e pardos, observou-se uma maior representação das pessoas que se declararam brancos entre os grupos com proteção da previdência social (empregados com carteira de trabalho assinada, militares e funcionários públicos estatutários), assim como entre os empregadores (3,0% entre brancos, enquanto 0,6% entre pretos e 0,9% entre pardos).”
E isso é o que a gente quer dizer, quando diz que a pobreza tem cara e tem cor. Apesar de eu realmente achar que não há um brasileiro vivo, que não saiba, por vivência, que há mais negros e pardos entres os pobres e mais brancos entre os ricos, parecem que existem sim – entre os comentaristas do último post, por exemplo – ignorantes da realidade brasileira nesta medida, então é sempre bom ter uma estatística da manga 😉 E, por favor, não me venham com essa ladainha de “riqueza e pobreza é uma categoria que depende do referencial” ou “como definir quem é negro e quem é branco num país miscigenado como o nosso?”, porque, bom, por favor, eu não vou nem responder.
E é aí que chegamos a vocês, os tais brancos, classe-média, estudantes de cursinho particular. Vocês, vejam bem, são os privilegiados de hoje, pelo sistema absolutamente perverso do vestibular. E, ao que podemos notar pelos depoimentos dados em jornais, na internet, e na caixa de comentários deste humilde blog, não fazem a menor ideia de que estudar em uma universidade pública é um privilégio, não um direito natural da “classe” de vocês. Educação é um direito que deveria ser garantido a todos e o Estado brasileiro falha, há muitos anos, ao não conseguir empreender isso. E, ao instituir o vestibular como porta de entrada para as universidades, falha novamente, ao permitir que, por tal sistema, um recorte de classe e de renda tão grotesco se construa dentro das universidades. E o Estado, meus queridos, tem a obrigação de corrigir esses erros. O mais rápido possível. Ao contrário do que muitos de vocês pensam, os negros e pobres não podem mais esperar.
Aos que vaticinam que, então, o Estado deveria melhorar o ensino básico para que esses estudantes pudessem chegar em pé de igualdade com os de escola particular ao vestibular, eu pergunto: porque tanto apego ao maldito do vestibular? Se alguém ainda acredita que a prova de vestibular e seus montes de “conhecimentos” decorados é baliza do conhecimento de alguém, eu tenho alguns educadores muito sérios prontinhos para discordar de você. A educação no mundo inteiro está se adaptando para ser mais inclusiva, mais reflexiva, menos avaliativa e você ainda está aí achando que o bom mesmo é fechar a prova de física? Será que você não reparou que até o vestibular brasileiro está mudando, e abraçando mais o formato de prova do Enem, por exemplo, que valoriza mais o raciocínio e a interpretação e menos o decoreba? De resto, é óbvio que o Estado precisa melhorar o ensino básico, o curioso é vocês estarem batalhando tanto por isso ultimamente, justamente no momento em que sentem suas preciosas vaguinhas sendo ameaçadas por esses “coitadinhos” que estão é com preguiça de estudar as mesmas 10 horas diárias que vocês.
Pra concluir, um esclarecimento: não sei quem disse para vocês que a função primordial da universidade é formar eficientes “engenheiros, médicos e advogados” (curiosamente só são citadas essas profissões, as tais “úteis” para a nossa sociedade). E não sei também quem disse que o requisito indispensável para que isso aconteça é tirar boas notas numa prova de vestibular. A função da universidade é fomentar o conhecimento, é contribuir para a formação plena do cidadão, portanto, caso alguém chegue “despreparado” até suas cadeiras (defina despreparado) não é mais do que obrigação dos profissionais ali lotados, prepará-lo! E não é mais do que obrigação da universidade se abrir de todas as formas possíveis para todas as parcelas da população, com ênfase nos que estão hoje excluídos dela, senão, eu me pergunto: para quem está se fomentando o conhecimento? Que cidadãos, nesse universo excludente, estão sendo formados?
Engana-se quem pensa que a política de cotas trata-se, exclusivamente, de dar oportunidades aos que não têm. É também sobre oportunizar às próprias universidades que reescrevam sua história, que representem, de fato, a sociedade brasileira como ela é e que ajudem, assim, a mudá-la para melhor. Afinal de contas, para que serve o conhecimento, senão para nos levar adiante?
Aldo Junior disse:
Perfeito!
Quem sabe, agora, os leitores consigam interpretar melhor suas palavras…
Agora só falta criar um link no fim do post anterior direcionando o pessoal para esse. Os mais revoltados, que aparentemente não entenderam o texto anterior, precisam ver isso. =D
Continue assim! Estarei esperando pelos próximos textos.
Eliane disse:
Hahahaha .. Agora sim. Estão assumindo que os professores universitários (mal pagos) vão ter uma tarefa a mais: tirar o atraso do aluno que chegará despreparado pela janela da faculdade.
Tâmara Freire disse:
Bom, Eliane, no meu mundo professor existe para ensinar o que os alunos precisarem aprender (e 8 mil reais passa longe ser um salário ruim). Mas se você acha que a função deles é serem lindos na frente do quadro negro, não há nada que eu possa fazer por você.
Andrey Labanca disse:
Ganhar “muito” (bem entre aspas) nunca vai ser justificativa para você fazer algo para o que você não foi designado (educação básica não é atribuição de professores universitários) ou se desviar de seus objetivos principais.
Uma dúvida Tâmara, você estudou em universidade ou escola pública?
Bruno disse:
Não é o que as pesquisas sobre isso indicam, cara Eliane.
A verdade é que os cotistas tem, no geral, médias iguais e em alguns casos até maiores que os não cotistas. Procure se informar com as pesquisas.
Julia disse:
Não vivi a experiência das cotas, mas vivo a do Prouni como professora universitária e são alunos dedicados, talentosos e, mais do que isso, são eles que tratam com maior respeito a Universidade e os professores. Outros parecem que estão ali para serem entretidos.
John disse:
Adoro falácias do tipo: “as pesquisas indicam (quais?)” ou “procure se informar (no blog da Joana, por exemplo, de onde eu tirei a informação)” hahaha
E realmente é muito lógica e razoável comparar a “média” de um estudante de escola pública, aprendendo a Pitágoras no terceiro ano com a de um aluno de escola particular, fazendo pré-cálculo. Mas se a média é maior, concluímos evidentemente que o aluno é mais inteligente… hahahaha
A matemática das estatísticas sempre sendo usada para causar impacto pelos que não entendem nada, “caro Bruno”
Adilson de Freitas disse:
Vemos um governo populista, já há dez anos no poder e a escola pública continua canhestra, não é? Parece que não há interesse em melhorá-la… Por que será? Então, procuramos saídas esdrúxulas como as cotas. Como professor universitário que fui, durante trinta anos numa faculdade pública, não fiquei animado com os resultados que pude ver nos cotistas. Afora um ou outro afortunado, que dariam certo em qualquer sistema, pois, realmente tinham valor, o que vi foi decepcionante. Alunos totalmente despreparados, que não entendiam o que liam. Alunos que buscavam sempre facilidades, procurando fugir das etapas do sistema… Faltando a provas e pedindo segunda chamada e induzindo o mestre a lhes conceder trabalhinhos, de forma a obterem notas… Pedindo para não serem reprovados em frequência porque estavam envolvidos num projetinho que lhes daria dinheiro… Querendo acumular benesses… Enfim, nada que me pudesse animar com as cotas. Constatei que mais uma vez eu via política eleitoreira, preconizada por políticos de horizonte curto e sem amor ao país. E me entristeci. Vim de família extremamente pobre. Minha mãe ajudava meu pai no sustento da família. Pra isso, ela trabalhava em casa, fabricando envelopes, sem deixar de fazer todo o trabalho de doméstica. Estudei porque ganhei bolsa de estudos em concurso. Lia muito. O fato de eu ser mestiço não me impediu de ser um aluno excelente. Não soltava pipas e pouco brincava nas ruas. Me dedicava. Ganhei o respeito dos colegas, mesmo os mais bem-nascidos. Às vezes me chamavam: Boca de Crioulo! Nariz de Crioulo! Mas, isso não me fazia odiá-los. Resultado: tornaram-se ótimos amigos, alguns dos quais conservo até hoje. Há muita intolerância por parte de meus irmãos negros. É como se os brancos de hoje fossem responsáveis pelo passado de sofrimento e de escravidão. Mas não são. Basta de intolerância! Esforcem-se para obterem seus próprios méritos. Que mania de querer vantagens a qualquer custo! Somos todos irmãos. As cotas são vertentes do racismo. Quem é incompetente, cedo ou tarde será discriminado pelo sistema. Por que não exigir desse governo uma escola pública eficiente como havia no passado? Por que não criar um período de adaptação para separar o joio do trigo? Um pré-vestibular mais longo para realmente capacitar os “menos favorecidos”? Eu participaria desse trabalho com muito prazer. Muita luz pra todos!
Bruno disse:
Esse é sobre a Universidade Federal de Goiás. http://www.facebook.com/photo.php?fbid=4456218166267&set=p.4456218166267&type=1&theater
Se tiver facebook, deve da pra abrir.
mclarags disse:
Os dois textos excelentes! Adorei.
Eliane disse:
Os professores são universitários! Nao são do ensino fundamental! Só o q faltava a universidade servir de aula de revisão do segundo grau! Acabo de ler seu outro texto, como alguns lá já te disseram vc é “altamente preconceituosa”
Larissa disse:
Eles realmente acham que professores altamente capacitados,formados e merecedores de seus cargos ( que não precisaram de cotas ) vão ficar dando revisão ?
Jux disse:
Tamara, como vc tem paciência pra escrever mais um post brilhante sobre as cotas!
Eu nao tive muito estomago pra ler os comentarios todos do post anterior, pq estava chegando a triste conclusao acerca de quem eh violentamente contra as cotas, sejam elas “sociais” ou raciais: essas pessoas tem serios problemas de interpretacao de texto. Nao vou nem entrar no merito do mito da democracia racial entranhada no subconsciente dessa gente, pq neh?
Pior – ou melhor – eh que sei bem como esse povo pensa, pq eu jah pensei assim e, felizmente, abri meus olhos de modo irreverssivel. Ainda quero escrever sobre isso, mas ando sofrendo de muita preguica e vergonha alheia.
ADORO seu espaco!
Jux disse:
Eu me graduei em Direito numa das melhores universidades publicas do pais e lembro dos meus colegas e seus infinitos problemas em termos de interpretacao de texto, capacidade de redacao, sintese, bem como a falta de leitura de classicos que ninguem lê no ensino medio. E meus colegas eram todos bem nascidos, familias tradicionais, cobras criadas em cursinhos. Meus colegas nao sabiam pensar, soh sabiam decorar. Todos brancos, vale lembrar. Nenhum deles havia entrado por cotas.
Realmente, umas aulinhas de reforco pra eles nao teriam sido mah ideia.
Soh pra constar a quem interessa: a ideia de “aulas de reforco” pra aluno cotistas foi coisa do MEC. Just saying.
Elis Bastani Ribeiro disse:
Eu vivi a mesma história que a Jux. O pessoal não lê e não pensa, só decora e chega à faculdade preparadíssimo…. para “ter os melhores anos de suas vidas” interesse em aprender, se formar um profissional passa longe, muita gente está ali para impressionar os pais, fazer amigos e se gabar, evitando, o quanto puder, estudar de verdade.
Julio Marco A. Silva disse:
Tâmara, eu vejo o sistema de cotas como um paleativo para a falta de investimentos na educação em nosso país, sendo a educação constitucionalmente um direito de todos (“Lei? Ora, lei!”).
Não me avento em defendê-lo por não ver nele qualquer ponto nobre ou qualquer marca de verdadeira medida para sanar as diferenças sociais que castigam nosso país e, pelo contrário, vejo nele uma forma de perpetuar a elitização da universidade pela inserção de um remédio provisório que tem tudo para se tornar permanente (ao menos enquanto permanecermos quietos).
Infelizmente esse sistema surgiu como válvula de pressão para as exigências de mudança no sistema educacional e cosmético na maquiagem de um governo que entrou com uma promessa transformadora, mas não produziu a mudança que seria de se esperar e, de forma francamente artificial e ineficiente, colocou um curativo em uma ferida histórica que nossa elite política não deseja tratar, já que deixaria de ser elite política em pouco tempo se o fizesse.
Ficamos, assim, com o sistema de cotas, que recebe a triste honra de ser reconhecido como “melhor que nada”, mas temos a obrigação de trabalhar intensamente pelo seu fim, que virá quando os devidos investimentos em educação forem feitos e esse país tiver, em fim, algo mais que esperança.
Fran disse:
Júlio,
Seu texto me dá esperança. Gosto de ler os pensamentos deste blog, mas senti falta de ler uma visão crítica mais profunda acerca do tema EDUCAÇÃO. Resumir o problema da iniquidade de acesso a educação no Brasil ao sistema de cotas é tão superficial… eu havia escrito algumas palavras antes de ler o seu post, e desisti de postar por que senti que a discussão realmente girava em torno do sistema de cotas. Agora não me sinto mais ”filha única” e divido um pouco do que havia pensado…
Pois então… muitas palavras, varias ponderações pertinentes… mas apesar de vários pontos importantes e bem colocados que li em diversos textos acima, ainda acredito ser INCRÍVEL a preocupação com cotas para ingresso em ensino de 3o grau…. No Brasil, não dispomos de ensino de qualidade com equidade no ensino fundamental e médio. ISTO, me parece um motivo de PREOCUPAÇÃO. Ainda pior… o fato de que os alunos ditos ”privilegiados” bem preparados de instituições particulares e cursinhos, não sabem redigir, não sabem interpretar, não estão aptos a APRENDER, e logo, muitas vezes exercem suas ”profissões” com mediocridade. Desta forma, nossos esforços com a EDUCAÇÃO parecem estar mal dirigidos. No Brasil, ao contrário de outros países no mundo (de maior equidade como Alemanha, Holanda…), os cursos técnicos são pouco ofertados, e quando são, encontram dificuldades em absorver alunos aptos ao aprendizado – ISTO É ALARMANTE. E novamente, ao MEU ver… motivo de muita discussão e mudança.
Tâmara Freire disse:
É realmente motivo de preocupação, Fran. Não me recordo de ter visto ninguém que defende as cotas dizendo que a educação brasileira tá que é uma maravilha. Pelo contrário. Política pública tem público-alvo e tem objetivo. O objetivo das cotas, até onde me concerne, é prover acesso à universidade a quem não tem acesso à ela; e dar a oportunidade a esses de gozar dos benefícios que um curso superior pode trazer. Ninguém diz que o objetivo das costas é resolver o problema da educação do Brasil, não.
Angela Souza disse:
Ressalto a importância das Ações Afirmativas – Cotas como uma excepcional oportunidade das universidades reescreverem sua história. E acrescento, é a oportunidado do Brasil reescrever sua própria história. Pela primeira vez o país tem a oportunidade debater um dos nossos principais tabus: as questões raciais. Sempre foi mais cômodo nos apresentarmos como uma “democracia racial”. Este discurso encobria nossas mazelas. Discutir as Cotas nos obriga a desfazer, publica e amplamente, o fatídico mito da “democracia racial”.
Ricardo disse:
Muito Justo!!!! Incutir todo o “Mal” do Planeta a Classe Média Branca do país… q são os únicos que pagaram realmente os impostos e gastam 80% do salário contratando serviços que o Estado não presta, já q as classes baixas recebem uma enxurrada de benesses assistencialistas do governo esse acham q todo o cara q tem um empreendimento é um milionário e um “patrão fdp” … e a classe alta q é sonegadora e indiferente ao universo a sua volta…
E ainda querem vender isso como “justiça social” !!!!
Fazer isso fica fácil ainda mais com o dinheiro oriundo dos esforços dos outros…
A disse:
Ricardo, pelo visto vc é um destes q trabalham, pagam impostos e sabem o q é dar parte grande da sua renda em prol do nada, já q nem o SUS é usável. Agora estão doando tbem as universidades. É o jeitinho brasileiro de “resolver” as coisas.
Tâmara Freire disse:
#classemediasofremuito
Tâmara Freire disse:
Ricardo, até no preço do papel higiênico da pior qualidade existente no mercado há impostos embutidos. Todas as pessoas do país pagam impostos e há fartas estatísticas demonstrando que os mais pobres, na verdade, pagam proporcionalmente mais impostos do que os mais ricos. O google está aí para nos ajudar, então, um pouco de informação antes de proferir lugares-comuns gastos como esse é sempre bem-vinda!
John disse:
Uma vez uma garotinha da esquerda disse para mim: “Um dia eu vou ser presidente do Brasil, e vou acabar com a fome, ajudar os pobres, dar todo dinheiro público para caridade”.
Ae eu disse: “Que legal, porque você já não começa agora? Você pode vir aqui em casa, cortar a grama, pintar o portão, lavar o carro, e eu vou te dar 100 reais. Ae você vai ali na esquina e da todo esse dinheiro para o pobre.”
Ae a adorável meninha respondeu:
“Mas porque o pobre não vem aqui e faz tudo isso ele mesmo?”
No que eu orgulhasamente respondi:
“Bem vinda á direita, minha querida”
thullio disse:
é, mudou minha opiniao mesmo
Jullieth disse:
Eu adorei esse post! Curso Direito em uma UF e tenho um professor que fez uma publicação no facebook dizendo que as cotas “piorariam a qualidade das UF’s”. Sinceramente, eu fiquei indignada. Tem um pedaço do seu post, Tâmara, que cai como uma luva para uma boa resposta a esse profissional:
“A função da universidade é fomentar o conhecimento, é contribuir para a formação plena do cidadão, portanto, caso alguém chegue “despreparado” até suas cadeiras (defina despreparado) não é mais do que obrigação dos profissionais ali lotados, prepará-lo! “ .
Walpurgis disse:
Olá,
entendo a posição, entretanto, isso gera problemas, que a longo prazo, podem ser mais prejudiciais ainda…
veja o meu post sobre o assunto:
aiaiai disse:
Tamara,
que bom que você tem paciência para explicar tudinho. Dois ótimos textos.
Eu estou procurando e não encontrando uma estatística sobre crescimento das vagas em universidades federais e institutos federais durante o governo Lula e Dilma. Como disse, ainda não achei.
Mas, achei várias matérias publicadas na grande imprensa que mostram que os dois governos do PT já criaram mais vagas nesses dois tipos de instituição do que os outros governos todos que tivemos. Ou seja, o número de vagas mais do que duplicou.
Então, deixo aqui o meu recado para os classemédiasofre que vierem comentar neste seu belo texto:
O atual governo está liberando 50% das vagas para pobres/negros/índios e não está prejudicando vocês, já que antes de aprovar essa lei (justíssima como colocou a Tamara), o governo dobrou o número de vagas. Portanto, vocês continuam tendo o mesmo número de vagas que tinham antes do PT.
Procurem no google e vão achar esses números.
Por fim, Tamara, faço um pedido em nome de todas as pessoas que tem problemas visuais, como eu. Muda o layout do seu blogue. É quase impossível ler essas letras brancas no fundo preto.
bjs
binbin disse:
mimimimi. Pela sua linha de raciocínio, ó grande autora do texto, a injustiça é resultado da desigualdade do número de bancos e negros que conseguem as vagas da universidade pública. No ônibus para o cursinho que o meu papai paga (sou branco e privilegiado) vi vários mendigos. Ao descer no ponto em frente a catedral de Rib. Preto eu vi mais alguns largados lá, passando fome provavelmente. Na minha omilde (e cretina) opinião, em na escala que vai do 0(zero) ao Eike Batista, eu estou para você, assim como você está para os mendigos que vi tirando uma soneca no chão, ó grande paladina da igualdade e justiça çocial. Acontece, ó mestre, que os meus olhos privilegiados nao viram no recente noticiario nada relacionado ao inexistente Mendigo Esperança. Então, como você espera que uma mente privilegiada como a minha aceite os seus argumentos de ”igualdade” se a unica igualdade que vc quer é entre o seu tão sonhado camaro com o dos mestres da musica brasileira? /ironia. quer uma vaga? Passe no vestibular. Só te apoio quando vc se mostrar livre de precoceitos e abraçar alguem feito de anti-materia. where is your igualdade now?
Tâmara Freire disse:
Dorgas manolo.
emy disse:
exato, essa pessoa ai é: Dorgas? Parei, agora vou falar merda num blog.
haushuashasu
Lyndy Luca disse:
Estude e esforce-se mais no cursinho que seu papai está pagando Omilde rapaz… Senão, não passará no vestibular!!! (se o que quis dizer referia-se a alguém que aparenta HUmildade, então, estude mesmo!)
Gabriel Aquino Alexmovitz disse:
Com todo respeito Tâmara, esse foi o texto mais mesquinho e racista que já vi sobre o assunto “cotas”. Eu sei que existe mais negros entre os pobre, porém, mesmo se existisse apenas um branco que fosse pobre, as cotas já seriam injustas por não incluí-lo. O fato de eu ser sim, um branco da classe média e ser contra as cotas, não quer dizer que é porque acho que sou o centro do universo e que tudo gira em torno dos brancos. #COTANÃO, ao menos que elas incluam todos os que não possuem condições, sejam eles negros,brancos,amarelos,azuis,verdes ou qualquer outra cor.
Tâmara Freire disse:
Racista? Tem certeza? Aponte qual parte do mesu texto é ofensiva para algum grupo étnico. Dizer que brancos possuem privilégios não é racismo. Eu sou branca e sei bem os privilégios que tenho desde que nasci. E da onde que você tirou que os brancos pobres não estão incluídos nas cotas? Elas são sociais também: 25% das vagas são para estudantes de escolas públicas e 25% saõa para negros, pardos e índios, na proporção em que essa população é verificada em cada estado brasileiro. De novo, Google taí, não custa dar uma pesquisada antes de comentar…
mateus1801 disse:
Tâmara, minha querida! Que estomago! Parabéns! E parabéns por vários motivos: Primeiro por escrever dois primores como os teus últimos artigos. E segundo por ter paciência para responder um desprezível como o cidadão deste post. Enquanto os privilégios de fato existirem, não veremos estes azedos aceitarem o que os derruba de seus tronos. Avante! Precisamos de vozes como a tua.
Gabriel Aquino Alexmovitz disse:
Ok, existem porcentagens de cotas para estudantes de escolas públicas. Mas acho um absurdo que cerca 25% serem para negros e pardos. Coloquem toda a porcentagem de cotas para alunos de escolas públicas e para os que não possuem condições de uma forma geral, e isso incluirá todos os que precisam. O ponto que quero chegar é o motivo das cotas, dar privilégios para alguém por causa da cor da pele é ridículo, nasci com privilégios e os reconheço sim, mas isso não tem nada a ver com minha cor, independentemente de a maioria pobre ser negra e a maioria rica ser branca. É aquela velha história, os maiores racistas são aqueles que apoiam as cotas, é um racismo inconsciente. Cotas sociais eu não discuto, agora cotas raciais e étnicas? Nunca vou concordar com isso. A nova lei de cotas que foi aprovada inclui os seguintes pré-requisitos: rede de ensino, renda familiar, cor e raça, apenas tente argumentar porque os dois últimos são necessários. Rede de ensino e renda familiar deveriam ser os únicos requisitos para se conseguir cotas!
Tâmara Freire disse:
Gabriel, leia este outro texto que publiquei, (uma republicação, na verdade, de outra blogueira que gosto muito) e veja porque eu considero as cotas raciais importantes: https://tamarafreire.wordpress.com/2012/08/21/sobre-cotas-again/
cecilia disse:
Querida, aceite. você foi sim racista. Por mais que seus amigos venham aqui lamber seu chão, dizer que você tem estômago somente por que tem que ouvir opiniões contrárias as suas… Você tem esteriótipos bem definidos, os de achar que brancos são todos privilegiados, que temos metade do trabalho pra chegar onde queremos. Não, nada é de graça.
Eu concordo justamente com o fato de que cotas RACIAIS não são solução. è ”tampar sol com a peneira”, é pra calar a maioria. Cotas socio-enonômicas? Talvez seja o mais adequado, se as cotas o fossem.
Eu estudei em escola pública grande parte da minha vida, fiz pré vestibular particular. E não pagava 1000,00 minha querida, pagava 200,00 e já pesava.
Me diga, e os outros amigos meus que não puderam pagar? Brancos ou negros, tanto faz. O que foi deles? NADA, porque foram tão excluídos quanto! Não se diferencia por COR, NUNCA, isso eu tenho bem claro. Sou da pele branca, e de bisavó negra, de bisavó índia, de avó italiana, de avô português. Me diga quais das minhas descendências fala mais por mim. Quais delas me “privilegiou”? Chega dessa história, de sou branco sou privilegiado, não ligo pra faculdade e estou lá pra impressionar meus pais que me dão tudo. Para né?
esse desvio de discussão não leva a nada. Se você é a favor das cotas, seus argumentos em grande parte te levam a ser em desfavor de outra parte da população, se apoiando em esteriótipos. Não se discute igualdade, quando não se é igualitária. Você não dá valor a sociedade se a defende pela metade.
Seja sensata. O brasil precisa de educação. Educação.
Tâmara Freire disse:
E lá vamos nós outra vez. Existem vários tipos de privilégio, querida. Todos os brancos têm o priviléfio branco, eu e você também (algo me faz desconfiar que você seja identificada como branca, não sei porque). Jà um branco homossexual, não tem o privilégio heteressoxual. Um branco pobre, não tem o privilégio financeiro. E por aí vai. Isso significa dizer que aquela não passará por uma série de agressões ao longo de sua vida, só por ter nascido da cor branca. Agressões como, ser abordada por um policial na rua, sem razão aparente, ser confundida com um bandido quando entrar num supermercado, ser confundida com uma criança de rua quando seus pais a deixarem por alguns minutos sozinha num restaurante, ouvir dizer em tudo quanto é canto que seu cabelo é ruim, ouvir em tudo quanto é canto piadas que associam sua cor à preguiça, à burrice, à criminalidade, à falta de caráter, à feiura e por aí ai, e mais um monte de coisa.
Agora, se você acha que apontar isso faz de mim uma pessoa racista, eu sugiro que você inicie um movimento contra todos os grande teóricos de ciências sociais desse pais e desse mundo. Pondé e Olavo de Carvalho não valem, tá, tem que ser alguém que tem algum respeito de seus pares. Agradecida.
Ana Luíza Provedel Carvalhaes disse:
Sensacional! Parabéns mesmo, os dois textos disseram tudo que eu sempre quis conseguir falar pras pessoas mas me faltavam palavras.
Heitor disse:
Realmente é um privilégio poder pagar por uma boa escola, mas privilégio maior ainda é estudar menos, tirar nota mais baixa e ser empurrado pelo Governo. Escola particular não garante nada, não fale como se estivéssemos comprando uma vaga pública. Tenho que estudar 10 horas por dia para ter chance. É fácil ser a favor das cotas quando não se perde nada com isso. Difícil é estudar muito pra tirar uma nota que seria suficiente para conseguir entrar por mérito, porém perder a vaga pra alguém menos qualificado em pró da “igualdade social”. Um país que não valoriza inteligência, talento e esforço… Claro, assim eles alcançam a igualdade: todos igualmente medíocres. Deve ser esse o objetivo.
Lyndy Luca disse:
“Chorar de barriga cheia” é fácil! Eu bem sei que existem pessoas em condições melhores que a sua, e que, à sua maneira, você “rala” muito! Mas agora imagine uma família negra, cujos pais, que não tiveram acesso à educação, não puderam igualmente proporcionar aos seus filhos, que terão destinos semelhantes à eles, porque são pobres, miseráveis, porque são vítimas de inúmeros preconceitos, não apenas por serem pobres, mas, sobretudo, por causa da melanina a mais em suas peles! Agora pense na sua família, que é branca (assim como a minha, pois tb sou branca, mas sou sim, sensível à dor que nossos irmãos negros vivem desde há séculos, por escravidão, privações, espancamentos e humilhações de todas as espécies imagináveis e não imagináveis), e por aí, já tem, porque sempre tiveram, em detrimento aos negros e também aos índios, que foram e continuam sendo muito mal tratados, muitos direitos respeitados, que, face aos que injustamente não os tem, passam a ser vistos como privilégios (porque se um grupo tem direitos e outro grupo não tem, os que os tem, são sim, privilegiados). Como colocar em pé de igualdade o que NUNCA, JAMAIS foi igual, conforme os séculos vem nos mostrando??? Como exigir que o sistema funcione pela meritocracia, se apenas alguns privilegiados podem se preparar devidamente para gozarem dos méritos, ainda que tenha custado trabalho???
As pessoas tem de parar de olhar unicamente para seus próprios umbigos e ampliar suas visões, deixar um pouco de lado esse egoísmo crescente e destrutivo, a que o capitalismo selvagem e consumismo famigerado nos impõem cada vez mais! Ampliar suas visões, para que enxerguem que há sim! pessoas que tem muitas mais dificuldades que eu, que você! E abrir, ao menos que seja um “bocadinho” a nossa sensibilidade para esses, que nunca tiveram oportunidades na vida e sempre foram ridicularizados de maneira tão estúpida, tão ignóbil! Como disse, sou branca, mas sei o que é ser vítima de preconceitos. E posso dizer que não é nada bom. Não é nada bom ser humilhado, ser tratado como uma coisa, ou pior, uma coisa ruim, por pura ignorância, estupidez, preconceito. Quem nunca sentiu isso na vida, realmente, vai ser difícil entender, porque, assim sendo, sempre foi mais fácil seguir com sua vida.
Só mentalidades muito infantis e egoístas defendem idéias tão primárias de que é muito mais cômodo e fácil não estudar 10 horas por dia para o vestibular e “ter uma vaga garantida” (ainda que não seja garantida, porque são necessários meios de avaliação para os cotistas, como é obvio) na universidade… Gostaria que fosse possível que pudéssemos trocar de cor por um período, para que todos pudessem entender o que realmente significa ser negro, e o ranço que a maldita escravatura dos negros ainda deixa em milhões e milhões de pessoas!
Heitor disse:
Olha não estou pedindo para que se comovam comigo. Eu até entendo que você tem dó dos pobres e negros, mas também não espere que eu me comova. As pessoas olham pra mim e acham que só porque sou branco e estudo em escola particular não mereço estudar numa faculdade pública, que sou um playboy de futuro garantido. Tenho outras opções sim, mas se for isso que eu decidir fazer, estou no meu direito. Eu também pago imposto, digo e repito que isso não é sobre comprar vagas. Dinheiro é bom, mas não é tudo. Eles não vão perguntar quanto meus pais investiram na minha educação na hora de corrigir minha prova. E por favor, não me venha com essa história de que é fácil estudar para quem tem ar condicionado ou cadeira acolchoada. Todo mundo gosta de conforto, mas se eu tiro uma nota baixa, tenho ao menos a decência de admitir que o que faltou foi estudo. Não vamos ficar arrumando desculpas para pessoas muitas vezes desinteressadas. Quero é que me garantam que esses futuros cotistas estão se esforçando tanto quanto as pessoas das quais eles vão tirar a vaga. Eu não discordo, sou privilegiado sim. Mas pergunte para qualquer universitário, de qualquer raça ou classe social, se ele alguma vez já pensou nas pessoas que gostariam de estar estudando ali, no lugar dele. É fácil falar que sim. Mas então perguntem se eles estariam dispostos a ceder a vaga para alguém que mereça mais. A resposta vai ser não, é claro. Até o negro pobre diria que não, não cederia uma vaga só porque existe alguém mais negro e mais pobre ainda que de repente decidiu que quer um diploma universitário. “Igualdade social” é um termo lindo quando não atrapalha a sua vida. Agora EU não posso reclamar, né. Colocam uma cota absurda de 50% e ainda acham que não tenho o direito de reclamar, porque tenho “barriga cheia”, porque sou infantil e egoísta. Pode ser que no futuro existam vagas para todos, mas enquanto houver concorrência, a faculdade deveria ser livre para estabelecer o método mais adequado de seleção. É um absurdo o Governo impor o Enem, e agora as cotas. Acho que todos concordamos que qualquer instituição de ensino gostaria de escolher os melhores alunos, independente da história de vida deles. Temos que parar de ser hipócritas, faculdade não é projeto social.
Lyndy Luca disse:
““Igualdade social” é um termo lindo quando não atrapalha a sua vida.” Depois dessa frase se você acha que é uma grande injustiça que interpretem suas palavras ligando a sua pessoa ao egoísmo, então, meu amigo, a discussão termina por aqui. Viva no seu país das maravilhas, aproveite enquanto é bom! Só tome cuidado (e digo isso não rogando praga, não rogo praga pra ninguém, apenas como um lembrete), porque o mundo gira, e a vida dá tantas ou mais voltas que ele… Quem hoje é classe média ou mesmo rico, amanhã poderá estar em condições bastante diversas… Talvez então comece a compreender um pouquinho mais a respeito do amor ao próximo, quando se discute e se busca o melhor possível da igualdade social…
Gabrielle disse:
Olhem só, moro em Sant’Ana do Livramento, os que já ouviram falar, ao menos, sabem que, além de fazer fronteira com o Uruguai, não possui uma real separação dos dois países. Então vamos lá, eu vivo diante de duas culturas totalmente diferentes, tenho colegas de vários estados, tenho colegas do país vizinho. Sou mestiça, gerada por uma mistura de índios, negros e brancos e sabem, as cotas sociais podem até servir por algum tempo, mas me digam, o que o meu colega tem de melhor? Vi toda a minha vida meus pais batalhando, para poder por tudo em casa, vi amigos sem terem onde morar, e curiosamente, nenhum é “curte” as cotas, por um motivo simples, corra atrás. Existe uma federal na minha cidade, a grande parte dos alunos vende desde pastel na rua para poder se manter aqui, a grande maioria é de mestiços e de diversos lugares do país. Não julgue uma realidade se tu ainda não andou por todo país e averiguou isso. Se eu vim de negros e brancos, e não posso entrar por cotas, me diz, o que um negro tem q eu não tenho? O que um branco tem que eu não tenho? Ou melhor, no que a cor nos difere? Do que adianta estimular a diferença dentre os jovens? Tentamos vencer isso durante anos dentro das escolas, pra chegar a faculdade e ter de enfrentar a maior discriminação que existe. Discriminação, sim, afinal não importa a tua cor, se negros e brancos conseguem tirar notas parecidas, então não há necessidade de cotas. O país aqui do lado, Uruguai, não tem vestibulares, na minha cidade somos na grande maioria, além de mestiços brasileiros, uruguaios e vivemos em duas realidades bem diferentes. Hoje, temos diversas oportunidades, sou de classe C, minha irmã e a família dela eram de classe E, elevaram-se rapidamente, por próprio esforço, com três crianças em casa, eu vi a realidade deles, e sim, o que mais tinham eram oportunidades, era só ir atrás. Então, cada um deve ter a sua opinião, mas pensem um pouquinho que o Brasil é gigante e que não temos a mesma realidade em todos os cantos dele. Temos uma mistura de raças, cores e sabores, e isso é lindo! Não desvalorizem isso, e peço, por favor, não ensinem aos seus filhos que eles são diferentes, tendo ou não cotas, temos que criar jovens conscientes e que realmente queiram uma única nação.
Carlos Alberto Medeiros disse:
Uma das confusões mais comuns neste debate é imaginar que a miscigenação implique necessariamente a eliminação, ou pelo menos redução, do racismo. O que ela cria é, na verdade, uma escala cromática em que os mais claros são mais valorizados e, frequentemente, discriminam os mais escuros. Estou cheio de exemplos à minha volta. Agora, apresentar o Rio Grande do Sul como exemplo da miscigenação e de seus efeitos supostamente positivos é, no mínimo, engraçado – se não fosse trágico. Conheço bem essas plagas, e até gosto delas, terra de minha mãe, nascida em Jaguarão, também na fronteira com o Uruguai. Foi no Sul, mais precisamente em Porto Alegre, que conheci em primeira mão uma realidade em que a regra eram não apenas clubes de brancos e clubes de negros, de resto presentes em outras regiões, mas também festas separadas de brancos e de negros até nas favelas e nos sindicatos. Agora, cara Gabrielle, quem ensina aos jovens que eles são diferentes não é o sistema de cotas. Já ligou a TV? Já leu os livros escolares, de História sobretudo? Já viu, numa família miscigenada, alguém agardecer aos céus porque a filha, ou neta, é mais clarinha ou tem “cabelo bom”? Vamos deixar de pieguice e cair na real, que é muito mais dura do que pretende a vã filosofia da “democracia racial”.
Tâmara Freire disse:
No Brasil não existe racismo, gente! As pessoas só falam chamam cabelo crespo de cabelo ruim por questão de gosto, oras!
Gabrielle disse:
Sim já li, sim li os de história também, tenho um grande apego aos livros. E tenho “cabelo ruim”, sou “cor de cuia” e considerada branca, pois os meus pais são brancos. Só não acho justo, sermos divididos, não foi a minha geração que fez isso, e a mudança não começa só por nós. Tenho três sobrinhos, uma menina que só de olhar tu diz ser uma índia pura, e dois brancos, todos os três irmãos. É justo um ser tratado diferente do outro? Somos todos iguais, não importa o que digam. Somos pessoas, só que pessoas mais velhas, de outras gerações, insistem em nos separarem mais ainda, só quero uma comunidade e não robôs, pessoas pensantes e não vai ser pondo gente despreparada que se vai conseguir isso. Todos, de todas as raças devem ter os mesmos direitos e isso começa na infância, quando se ensina uma criança que ela é igual ao coleguinha. Dei aula em uma creche, lindos meus alunos, era um estágio, particular (a creche), tinham alunos brancos e negros em números praticamente iguais, e todos sabiam ser iguais, é disso que falo, é isso que as pessoas tem de aprender, a inocência das crianças, em ser igual, sem o resto. As cotas, são sim divisões, que te mostram que tu é diferente, mas as raciais, em um país como o nosso, não são mais plausíveis, e as sociais, são por um tempo, como meio para buscar uma melhor educação. Simplesmente temos de parar de achar que somos todos diferentes, meus amigos são um de cada canto, falam um de cada forma e são um de cada cor, e somos todos iguais, afinal o que nos faz diferentes. É muito eu querer um lugar melhor pros meus filhos? É muito querer uma comunidade, ao invés disso.
Franklin Ferreira disse:
Parabéns pelo texto Tâmara Freire, muito bom!
André Marawatsed Andreani do Nascimento disse:
Tamara, o que você sugere como método de seleção para a escolha dos “merecedores” das cotas? Pergunto isso pois quando morava em Salvador eu era considerado “branco” pelos vizinhos, agora que moro no Rio Grande do Sul me consideram “negro”.
Além do sentimento de “eterno excluído”, me sinto muito confuso quanto a minha Identidade étnica!
Para ser merecedor da cota, eu devo me declarar negro, e rezar para que minha ficha seja avaliada por um Gaúcho? Ou o governo vai pagar mapeamento genético para todos?
Como havia dito, sou descendente de índios, negros e brancos. Como, creio eu, sou 40% branco, 40% negro, e 20% índio; isso significa que minha situação social foi prejudicada por também ter sido 40% vitima da escravidão. O que demonstra um dos motivos da minha falha na ascensão social (como citado diversas vezes por tí, e que concordo), então é obvio que mereço participar das cotas.
Como faço? se comprovado pela mapeamento genético que sou negro, ou tenha a sorte de ter minha cor validada por um gaúcho, eu teria direito a 100% da vaga, ou apenas 40% da vaga seria minha?
É uma situação complicada, pois acho que estaria sendo injusto com meus amigos baianos, uma vez que eu sendo mais “branco” que eles conseguiria uma vaga na UFRGS. E eles, mais “negros” do que eu não conseguiriam entrar na UFBA, já que em Salvador eles são considerados brancos.
Obrigado pela esclarecimento,
André M. A. do Nascimento
Alexandre Lima disse:
Tâmara, parabéns pelos dois textos. O primeiro oportunamente provocativo, e o segundo uma resposta embasada e informativa. O diálogo que desejo ter com você, é sobre a sensibilização dos setores da sociedade contrários a política de ações afirmativas nas universidades voltada a população negra no Brasil. Há um encontro, e precisamente, um choque entre uma estrutura de privilégios de raça/classe com a história do país que estrutura privilégios e desvantagens de raça/classe. As políticas de ações afirmativas nas universidade é um processo que há uma década devassa o Brasil, e rediscute as categorias sobre o que é raça, sobre o que é ser negro no Brasil. Ser negro no Brasil é possuir uma “marca” e ter um código cultural impresso nos corpos. Os sentidos e significados desses corpos marcados, implica diversas vezes em possuir um critério desvantajoso no acesso aos bens sociais e econômicos. Estamos falando de racismo. Isso se expressa pela raridade de negros e negras nos assentos universitários. Mas o que torna raro a presença de negros e negras nas universidades brasileiras se não há nada legalmente impedido o acesso destes sujeitos? Estamos justamente falando do acesso da comunidade negra a bens sociais e econômicos historicamente negados, e o principal deles: a educação formal. O que não foi realizado na dita “Abolição”, cobra o seu preço hoje e agora. As classes médias brancas, exageradamente desinformadas sobre a trajetória da população negra no Brasil, simplesmente não percebem a história batendo a porta. As ações afirmativas – ditas, “Cotas” – são um acumulo histórico de negação, de desvantagens coletivas, repito, coletivas. São populações inteiras sem o privilégio, social (um pai/mãe com ensino superior, bem empregados ou funcionários públicos) e econômico (acesso a bens materiais e mesmo culturais), para reprodução de seu status social. A classe média (geralmente branca) tem seríssimas dificuldades em compreender que a grande maioria do estudantes negros oriundos do ensino médio público não possuem as suas mesmas condições de reprodução de status social e de classe. Portanto, é um dever dos Estado brasileiro (consagrado na Constituição de 1988), reparar esta situação. Ou seja, não é o direito das classes médias brancas se reproduzirem socialmente que está sendo atingido, e sim criando as condições para que um amplo segmento da sociedade brasileira, qual seja, a população negra possa ingressar na universidade para iniciar o seu processo de reprodução de condições sociais dignas, vantajosas, e assim acessarem os bens sociais econômicos. Balizar esta discussão no mérito e no indivíduo é problemático na medida de que a perspectiva do mérito é aquela de quem possui os recursos necessários para cumpri-la e exerce-la, ou seja, aqueles tem acesso aos bens. E a nível do indivíduo (“esforcem-se, somos todos iguais!”), não traz nenhum tipo de mudança, pois não há força de vontade suficiente, sem uma estrutura mínima que sustente essa vontade. Igualdade formal existe, mas a “atual”, a que se realiza no agora, somos descabidamente desiguais.
Tâmara Freire disse:
Obrigada!
Leônidas disse:
Tenho um profundo receio de que os envolvidos nas polêmicas discussões sobre as cotas sejam todos de classe média, tanto os brancos como os negros… ambos os lados, de classe média…
Até sou a favor de cotas, desde que seja medida temporária, mas acredito mais ainda em cotas sócio-econômicas, essas sim, poderiam sem muito mais eficazes e, por que não, permanentes. Afinal, se estatisticamente a maioria da população pobre é negra, então as cotas sócio-econômicas contemplariam essa mesma maioria, sem causar esse mal-estar todo, e sem correr o risco de ser injusta.
Pois convenhamos, as cotas como são, acabam favorecendo muitos negros de classe média, que na prática nem precisariam das cotas, enquanto que as pessoas realmente pobres, pobres mesmo, mal conseguem acabar o primeiro grau, muitas vezes porque precisam trabalhar desde crianças; algumas dessas pessoas pobres, quem sabe, terminem o segundo grau; outras, com mais sorte e disposição, farão um curso técnico; mas para quem é pobre, pobre mesmo, para quem vive a diária falta de perspectiva, num ambiente de insalubridade e violência, a ideia de cursar uma universidade é um sonho longínquo, independente da cor, e talvez ela mesma acredite que seja mais útil e prático trabalhar para ajudar sua família.
Cursar uma universidade é um luxo, independente de ser pública ou privada, pois demanda tempo. Quem precisa de tempo para trabalhar, nem sempre dispõe de tempo para estudar, sobretudo em universidades públicas, que têm horários muito dificultados.
Têm aquelas pessoas que ralaram trabalhando anos a fio, muitas vezes sustentando uma família toda, e de repente percebem que estão com trinta, quarenta anos, e finalmente encontram um pouco de tempo nas suas vidas para sonhar com um curso superior, e se uma pessoa assim for branca, vai pesar muito sobre ela a concorrência imposta pelas cotas; fico imaginando se isso é justo.
Outra questão são os brancos pobres: ainda que sejam minoria, eles existem, e não são poucos, não são lembrados pois normalmente vivem mais afastados dos grandes centros (no caso do RS, a maioria trabalha no campo), e muitas vezes nem mesmo intencionam se deslocar para estudar.
Ainda tem a velha questão de que um curso superior não garante o futuro de ninguém, e talvez a solução mais pertinente para o nosso país não seja distribuir canudos por aí, se não estivermos preparados para receber essa mão-de-obra toda, e não pudermos pagá-la dignamente.
Resumindo, acho que as cotas não alcançam e não ajudam as pessoas realmente pobres desse país, pois nem ocorre, para estas mesmas pessoas, a ideia de chegar perto de uma universidade.
Tenho um profundo receio de que os envolvidos nas polêmicas discussões sobre as cotas sejam todos de classe média, tanto os brancos como os negros… ambos os lados, de classe média… Os realmente pobres, os realmente excluídos, provavelmente não estejam a par da discussão…
Tâmara Freire disse:
Olá Leônidas! Acredito que o último texto que publiquei vai esclarecer minha posição sobre as cotas raciais: https://tamarafreire.wordpress.com/2012/08/21/sobre-cotas-again/
Nathália Valentini disse:
Cara Tamara, autora do texto, você sabe desenhar? Porque teve gente que ainda não entendeu… é triste!
E repetem por aí ideias veiculadas na revista VEJA, como se fosse a portadora da verdade! Dá mesmo vontade de desistir da humanidade!
Tâmara Freire disse:
É só o que está faltando mesmo, viu…
L'insomnie disse:
A idéia das cotas é válida, mas a execução é incoerente para o proposto.
Lucas disse:
Nossa, os dois textos só ressaltaram o quanto alunos de escola pública são coitados. Meu amigo, estudante de escola pública, chegou a se ofender com o primeiro texto. Gostaria de escrever bastante sobre, mas não tenho tempo agora. Além disso, de nada serviria, pois alguém que escreve um texto como você escreveu o primeiro costuma possuir uma mente fechada demais para uma visão mais ampla sobre o assunto. Enfim, tentarei!
Tâmara Freire disse:
Ampla em que sentido, Lucas? Me mostre seus argumentos e nós podemos discuti-los, ao contrário do que pensa, eu sou absolutamente aberta a discussões, tanto que fiz um psot respondendo comentários e estou me esforçando para responder os que chegam agora. Não se trata de definir certa fatia da população como “coitados”, se trata de oferecer mecanismos para igualar as oportunidades dos que as tem desigualmente. Ou o seu amigo realmente acha que as oportunidades de entrar em uma universidade sem as cotas são exatamente iguais para ele e para um estudante de escola particular? Como eu disse inúmeras vezes não se trata de dizer que os alunos de escolas públicas ou os negros são menos capazes de passar em um vestibular, mas sim de criticar o sistema de entrada na universidade que é feito para excluir esses alunos, baseado na valorização de uma forma de conhecimento, no mínimo questionável.
Pedro C; disse:
Mimimi, o fato de forçarem a entrada de alunos de escola publica nas universidades não garante um futuro para eles, muito menos mudança social p/ negros. E sim, esse assunto é sobre nós. Perdemos o direito a tentar várias vagas porque, de fato, o estado não cumpre o papel de ensino? São dois erros, o primeiro, adiar a entrada de excelentes profissionais no mercado brasileiro (sim, EXCELENTES), e segundo, arremessar bruscamente até mesmo os despreparados (“malandros”, se me permite) no mercado “alto”, conheço INUMEROS, muitos, alunos de escola publicas que tiveram sucesso, inclusive meus pais….
Obrigado (P/ TEXTO 1)
Em resposta ao “ninguém é superior”: infelizmente, como o Brasil não tem vaga para todos, o vestibular DEVE selecionar o melhores, é a realidade.
Tâmara Freire disse:
Nâo, infelizmente, como o Brasil não tem vagas para todos, o Estado tem a obrigação de prover mecanismos para que as vagas que existem sejam distribuidas da forma mais justa possível. Mas o meu pensamento diverge totalmente do pensamento meritocrata, então, não acho que eu seja capaz de convencer alguém que acha que “vestibular seleciona os melhores”, do meu ponto de vista, nos termos propostos.
Carlos Alberto Medeiros disse:
Em 2001, na África do Sul, ouvi de um taxista de origem indiana uma análise sociológica da melhor qualidade sobre o tema em pauta. Ele me mostrou um mendigo branco, então novidade na paisagem social local, e afirmou: “Esse é um branco medíocre que, graças à discriminação racial, chefiava 200 negros. Quando o regime caiu, ele também.” Certíssimo: a discriminação racial produz uma “reserva de mercado” para brancos medíocres, já que os brancos verdadeiramente talentosos vão disputar os primeiros lugares – ainda mais com todo o investimento educacional de seus pais, sem contar outros fatores culturalmente enriquecedores, como as viagens, o acesso aos gadgets eletrônicos e a própria linguagem usada por seus pares. Quanto à excelência a que o rapaz se refere, as grandes corporações, principalmente americanas, mas européias também, assim como universidades de ponta, como Harvard e Yale, entendem o assunto de modo bem diferente. Na visão dessas instituições, a promoção da diversidade (étnica, cultural, nacional, etc.) beneficia a organização, pois enriquece a cultura organizacional. Entre as 50 empresas americanas que se destacam na promoção dessa política – que se refere a negros, mulheres, latinos (o que inclui brasileiros), homossexuais, pessoas com deficiência, etc., etc. – encontram-se Coca Cola, Procter & Gamble, Wells Fargo, Verizon, Time Warner, Monsanto, American Express, Johnson & Johnson, Colgate Palmolive… Precisa mais? Na prática isso inclui não apenas contratar e promover pessoas pertencentes a esses segmentos, mas também ter como fornecedoras empresas de sua propriedade. É a visão de Harvard e Yale, entre outras grandes universidade americanas, pela qual todos ganham com um ambiente mais diversificado num universo antes habitado quase que exclusivamente por homens brancos. Aqui, quantos membros da elite esperneante têm ou tiveram, alguma vez em suas vidas, contato com negros em posição de igualdade? E nem querem ter, como se vê pelas desculpas esfarrapadas – e por vezes hipócritas, como a da defesa do “branco pobre”. Mas vão ter de aturar.
Bárbara Renilze disse:
É, amigo, Carlos Alberto, a coisa está ficando preta. Ainda bem!
L'insomnie disse:
A idéia é válida. Uma forma da sociedade pagar uma dívida histórica, de incluir os excluídos, de gerar oportunidade a quem não tem. Mas quem é capaz de determinar a cor da pele? Mesmo médicos, ao avaliarem um paciente para determinar a quais doenças este é mais suscetível (algumas doenças são mais suscetíveis a determinados grupos raciais), possuem muita dificuldade para relatar a cor da pele do paciente. Como uma banca será capaz de, por foto, fazer jus àqueles realmente merecedores?
Gostaria de lembrar de um caso muito curioso que aconteceu em Brasília, na UnB, em 2007, onde gêmeos univitelinos optaram por disputar o vestibular por meio do sistema de cotas raciais. Um foi aceito e o outro não. Como isso é possível? Visto que fisicamente são “iguais”, mesma cor, mesmos traços. Diferenças praticamente invisíveis aos olhos.
Vou além: de acordo com uma pesquisa da Universidade de Minas Gerais, 87% dos brasileiros têm pelo menos 10% de genes de origem africana. Uma reportagem da Veja, mostrou algumas caras conhecidas onde “provam” que a avaliação física para determinar a raça é equivocada. Nesta reportagem pessoas como Daiane dos Santos, Neguinho da Beija-Flor entre tantos outros de pele negra têm em sua maioria descendência européia! E não africana.
Então que raio de dívida é essa que vamos pagar? Aliás, vou reformular minha pergunta: por que considerar dívida um momento da nossa história? Da formação do nosso povo? Por que ao invés de olhar para o passado com culpa, não olhamos para frente e fazemos diferente? Será que não gerará mais segregação nessa nossa sociedade já tão dividida por estigmas e dogmas?
Existem tantos fatores culturais a serem mudados que talvez venham a ser mais importantes que a incógnita da cor da pele. Uns dirão que isso que falo é um absurdo, um ultraje, mas não, é apenas uma visão diferente, talvez até mesmo mais otimista.
Como o amigo de cima disse, a diversidade é extremamente necessária para o ambiente. De pensamento, de comportamento, de culturas, padrões, tendências.
Vamos focar nas mudanças que realmente interferirão no futuro. Vamos exigir melhorias em TODOS os setores e não apenas na educação.
Abs.
Tâmara Freire disse:
“Aliás, vou reformular minha pergunta: por que considerar dívida um momento da nossa história? Da formação do nosso povo?” Você não está falando sério, está?
E sobre a tal matéria da Veja: 1) Veja? Não trabalhamos. 2) Duvido que alguém procurou saber quanto de “negritude” tem na genética da Dayante antes de dizer que o cabelo dela é pixaim, ou antes de gritar “sua macaca filha da puta” quando ela perdeu as Olimpíadas. 3) Esse papo de tantos porcento de genética não passa de uma falácia perversa. Quando um branco muda de calçada ao avistar que um negro está vindo em direção oposta, nós sabemos bem quem é vítima, quem é o agressor e por quê.
Carlos Alberto Medeiros disse:
Como mostrou Oracy Nogueira, já na década de 1950, o racismo brasileiro, diferentemente do americano, não se baseia na origem, mas no fenótipo: é branco quem parece branco. Como comentou alguém sobre a pesquisa do nobre geneticista anticotas Sérgio Pena, se Neguinho da Beija-Flor é 87% europeu, por que o chamam de Neguinho? Agora, citar Veja é brincadeira. A revista assumiu francamente um dos lados desse debate e não dá espaço ao contraditório – ignorando, assim, as regras básicas do jornalismo que são objetividade e imparcialidade. Como mostrou uma pesquisa, todas as matérias que ela vem publicando sobre esse tema desde 2005 – quando, por coincidência, teve mais de 40% de seu controle acionário adquirido pela Nasper, uma empresa midiática de origem sul-africana que colaborava com regime do apartheid -, todas elas, repito, são contra as políticas de ação afirmativa. O Globo, a Folha e o Estadão fazem, pelo menos, um simulacro de imparcialidade ao publicarem artigos assinados favoráveis, assim como textos de alguns de seus principais colaboradores regulares (no caso do Globo, Miriam Leitão, Élio Gaspari, Ancelmo Góis, Luiz Fernando Veríssimo e Arthur Dapieve), que compartilham essa posição. Quanto à questão de “provocar a segregação”, lembro-me da reação causada, alguns anos atrás, pelo Ministério Público do Trabalho ao exigir que a São Paulo Fashion Week apresentasse pelo menos 10% de modelos negros. “Querem promover a segregação!” Ou seja, 0% de negros é integração, um mínimo de 10% é segregação. É preciso ter a capacidade de duplipensar, como dizia George Orwell em “1984”: Paz é Guerra, Amor é Ódio, Liberdade é Escravidão. Na verdade, as políticas de ação afirmativa são decididamente integracionistas, pois inserem negros em espaços de onde estes sempre estiveram ausentes. No mais, de novo, é a defesa dos privilégios manifestando-se de variadas – e por vezes criativas – formas.
Lyndy Luca disse:
Carlos Alberto, perfeito! 😉
L'insomnie disse:
A Veja que vocês não trabalham é só um referencial. Existem tantas outras outras revistas e jornais que veiculam, são conceituados e não falam diferente.
E sim, eu estou falando sério. Acredito na evolução e acredito na mudança. A questão é muito mais cultural do que de débito, Vamos então condenar para sempre os alemães pelo holocausto. Ou diversos outro povos por diversas outras barbáries cometidas ao longo da História.
Eu não gosto de generalizar. A minha opinião se baseia em fatos que eu tenho propriedade para falar. Minha educação nunca foi baseada em preconceitos, ou de marginalizar o diferente apenas por ser diferente.Sinceramente eu tenho muito mais medo de um branco de classe média do que do preto pobre. Sou de Brasília e lá os maiores marginais são filhinhos de papai que se sujeitam às drogas. (Vide o caso do índio Galdino, em 1997)
Em São Paulo, onde vivo no momento, não vivenciei diferente de lá.
Á época que prestei vestibular, as cotas já vigoravam na UnB, quando não obtive sucesso, meu pensamento não foi que um negro havia pegado meu lugar, mas sim que meu esforço não havia sido suficiente.
O ponto em que quis chegar e que, obviamente, não foi captado é que enquanto estivermos presos a estas questões, nada vai ser feito de diferente, nada que realmente influencie de maneira positiva e que adicione o “X” que falta à equação. E muito há de ser feito para que essa realidade mude. Não apenas na educação como muitos falaram, mas num contexto geral da cultura enraizada.
O fato é que por ser brasileira eu não me considero nem negra, nem branca, nem parda. Sou uma mistura de todas as raças que compõem o cenário do meu país.
Como eu disse mais acima, acredito que a idéia seja válida, porque o preconceito de uma maneira geral é sim incutido, mas a execução do sistema é arbitrária e duvidosa. De que adianta amenizar um erro cometendo diversos outros?
Carlos Alberto Medeiros disse:
A ação afirmativa não tem como proposta resolver o problema da educação, mas proporcionar igualdade de oportunidades. Todas as universidades que a adotaram têm hoje muito mais estudantes negros do que costumavam ter. Quanto aos beneficiários, são aqueles que podem ser chamados de “Negão” e, com base nisso, parados pela polícia ou pelas portas giratórias dos bancos, seguidos por seguranças nos shoppings, ofendidos em razão do cabelo “ruim” ou do formato do nariz e dos lábios, discriminados nos processos seletivos e assim por diante. A polícia, por exemplo, não tem dificuldade em identificar-nos.
L'insomnie disse:
Carlos, eu não sou contra a ação. Em momento algum disse isso!
Eu entendo o propósito do sistema de cotas, e acho válido. Acho que toda medida, que seja razoável, merece sim ser executada! Não apenas o sistema de cotas, mas também, por exemplo, o sistema de educação de inclusão para alunos especiais!
Ver você dizer que minhas palavras nada mais são que para defender os privilégios, demonstra que a minha idéia não está sendo captada!
Minha proposta é que junto da ação paliativa, mais e mais programas para a conscientização da inclusão e educação cultural sejam implantados também.
A visão do negro como o do cabelo pixaim, nariz robusto, lábios grandes e marginal é um estereótipo fincado na sociedade. É um visão deturpada que deve ser modificada.
Como você disse “A ação afirmativa não tem como proposta resolver o problema da educação, mas proporcionar igualdade de oportunidades.”, mas não falo de educação básica, aquela que se aprende nos livros. Falo da educação moral, da formação de caráter. E isso tem que ser firmado não apenas dentro de casa, mas também na escola! A cultura, se destrutiva, tem sim de ser modificada.
O meu medo, e creio que de diversas outras pessoas, é que fique por isso mesmo. Que o sistema de cotas se torne permanente e nada além seja feito.
Carlos Alberto Medeiros disse:
Nesse caso, insone senhora, estamos razoavelmente de acordo. Políticas de caráter específico devem ser combinadas com políticas universalistas. No caso, a tão propalada – e necessária – melhoria do ensino público, de par com o desenvolvimento de uma cultura includente e antidiscriminatória. Já quanto à temporalidade, a ação afirmativa é uma política de caráter necessariamewnte provisório, como dizem diversas convenções internacionais de que o Brasil é signatário. Nesse sentido, melhor do que cotas é a ideia de metas e cronogramas, que dá um caráter dinâmico a essa temporalidade. Um avanço de cada vez…
Marcus Brás disse:
Eu postei isso no outro texto, ignorando (no sentido original, e não grosseiro, da palavra) o pedido de postar aqui. Peço desculpas à moderação, mas tendo em vista que acho essa discussão de vital importância para a sociedade brasileira, “reposto” meu texto aqui:
Eu acredito que essa discussão é precoce. Antes, deveríamos discutir o que é uma Universidade e o que é o Ensino Superior. Hoje, no Brasil, o diploma do ensino superior é algo imprescindível a um empregado bem preparado para o mercado de trabalho, e isto está simplesmente errado. A Universidade não deveria ter um papel de profissionalização, é para isso que os cursos técnicos e profissionalizantes existem.
O ensino superior deveria ser destinado à pessoas com perfil acadêmico e investigativo. A função da Universidade deveria ser formar indivíduos prontos para produzir conhecimento científico, e me refiro a ciência como um todo, tanto humana, quanto em saúde e nas exatas.
Um médico precisa ter um conhecimento científico pleno na área de biologia e fisiologia; um advogado precisa dominar a ciência jurídica; é imprescindível a um engenheiro calculista a maestria da ciência matemática e todo o seu ferramental. Mas um programador, por exemplo, não precisa passar 5 anos dentro da universidade cursando ciência da computação. O ensino médio aliado a um curso técnico na área é mais que o suficiente para ele exercer sua profissão. Um programador não pensa no que é a ciência da computação e não propõe novos modelos computacionais, apenas aplica os métodos descritos na engenharia de software.
Essa discussão sobre as cotas é importante, mas ela está em um momento errado. Não está na hora dela ainda. Primeiro, precisamos repensar que tipo de formação a Universidade deveria oferecer.
Talvez esse problema das cotas seja causado por uma interpretação errada que fazemos do Ensino Superior. Universidade não é para todos. A universidade é para uma pequena parcela da população que tem um perfil adequado, perfil acadêmico de questionar a sociedade, de investigar novas formas de pensar a ciência e produzir conteúdo científico.
Antes que vocês pulem em cima de mim, lembrem-se que cada um tem direito à sua opinião e que em nenhum momento me posicionei sobre a polêmica das cotas.
Tiago disse:
Concordo com os argumentos do Marcus Brás. É um erro achar que a universidade deve ser responsável por “equalizar” diferenças sociais. Universidade é lugar de pesquisa principalmente.
Carlos Alberto Medeiros disse:
Da perspectiva de quem faz parte do grupo que julga compor a “pequena parcela da população que tem perfil adequado” para a universidade, essa opinião parece correta. O problema é que existem perspectivas divergentes e que, hoje, estas estão vencendo no Judiciário e no Parlamento. Não há como provar que o que você disse é correto, já que, em qualquer disciplina de ciências humanas e sociais, é possível encontrar argumentos a favor e contra. Mas, para o seu conhecimento, as propostas de ação afirmativa não partem de uma análise específica da universidade, mas do papel que tem esta em favorecer a reprodução de uma estrutura secular de dominação racial. Aparentemente você não tem a mínima ideia da discussão, que comentei acima, sobre o valor da diversidade nas instituições de ensino superior. Recomendo-lhe a leitura de “A Curva do Rio” (“The Shape of the River”), da autoria de ex-reitores de Harvard e Yale, relatando uma pesquisa de mais de 20 anos com alunos negros e brancos com o objetivo de avaliar o impacto, sobre eles, das políticas de ação afirmativa implantadas por essas universidades – de cuja excelência não creio ser possível duvidar. Na visão deles, essas medidas, se são boas para seus beneficiários, são melhores ainda para as universidades que as adotam, pois proporcionam um ambiente cultural mais rico e diversificado – ou mais rico porque diversificado. Quanto ao momento mais propício para esta discussão, é pelo menos curioso ver alguém do grupo que se beneficia da situação atual pedir paciência aos que se sentem prejudicados. Aguentem firme que um dia a sua hora vai chegar! Nosotros discordamos. Achamos que a hora é esta. E estamos ganhando de lavada.
TAMIRIS HILARIO DE LIMA BATISTA disse:
Cara Tamara, gostaria de te parabenizar não apenas pelo(s) texto(s) mas pelo debate gerado. Como blogeira muito me aflige discorrer sobre temas bacanas e ter as plataformas online pouco aproveitadas para o fomento de discussões sadias e enriquecedoras. Fica, então, meus sinceros parabéns! 🙂
99999 disse:
Descontar toda a incompetência do governo no aluno do colégio privado é errado.
Eu quero saber por que eu, 16 anos e aluno de escola particular, sou o culpado das condições de vida dessa parte do povo brasileiro? Culpado por ser branco? E porque sou “privilegiado” por ter ensino básico de qualidade?
Tiago disse:
Tamara,
É claro em seus textos sua preocupação com o papel social das universidades. Eu acredito que além de seu papel social imediato a universidade tem como principal função promover desenvolvimento científico. E é exatamente sobre esse ponto que a questão das cotas me preocupa. Considere por um momento que o papel da universidade não é o de promover a igualdade social e sim o de desenvolver ciência. Nesse caso os estudantes de graduação serão em parte direcionados para o ‘mercado de trabalho’ e uma outra parcela iniciará carreira científica em um mundo cuja concorrência é global e com a grande responsabilidade de tirar o Brasil do anonimato cientifico em que vivemos hoje em várias áreas da ciência básica. Nesse contexto eu sou ignorante aos impactos da política de cotas. Não sei avaliar se a adoção de cotas contribuirá de forma positiva para essa, que na minha visão, é a principal função da universidade. Eu realmente gostaria de ver alguma pesquisa que aponte melhora, piora ou indiferença da qualidade científica nas universidades pós cotas. Sem uma tal pesquisa acredito que tudo que se diz é com base em achismos e conceitos pré formulados. Peço então a você, que aparenta ser preocupada com o assunto que me indique alguma referência sobre essa questão
Obrigado
Joujuka disse:
Você tem lucidez, então a convido a reexaminar suas ideias sobre o papel do Estado. Suas ideias pertencem, talvez, à época do bem-estar social. Hoje elas caducam.
É impossível pensar nas bolsas senão como tática populista para a manutenção do poder. Porque hoje quem ocupa Brasília o faz às custas da população carente, e não em benefício dela. A inclusão social é uma utopia. É triste ver a cegueira política atingindo até os vermelhinhos mais fervorosos – é triste ver que ainda há vermelhinhos.
A politicagem é uma só, seja tucana ou petista. A diferença entre os dois é nenhuma, exceto de onde vêm os votos e para onde vão os “projetos”. Entre aspas porque, é claro, nenhum dos lados exibe projeto algum. Mas ninguém ganha voto falando que vai seguir as diretrizes do FMI e do Banco Mundial – que é o que todos fazem, e o que hoje compreende boa parte dos esforços do “Estado”.
A democracia representativa é que deu errado, e qualquer bandeira dentro dela tende a destonar.
Raquel disse:
A justificativa para o sistema de cotas é que certos grupos específicos, em razão de algum processo histórico depreciativo, teriam maior dificuldade para aproveitarem as oportunidades que surgem no mercado de trabalho, bem como seriam vítimas de discriminações nas suas interações com a sociedade. A base legal brasileira que marca o início da reserva de vagas para grupos específicos no Brasil é: “A lei reservará percentual dos cargos e empregos públicos para as pessoas portadoras de deficiência e definirá os critérios de sua admissão. – Constituição Brasileira de 1988”, mas vale lembrar que, como sempre, o Brasil copia ideias de outros países e traz para cá, menosprezando qualquer diferença educo-histórico-político-social.
Sinceramente, sou contra qualquer tipo de cota universitária, salvo as de pessoas com Necessidades Educacionais Especiais, por motivos óbvios. É a única diferenciação aceitável porque não é uma questão de escolha, mas de genética, acidentes e afins. Qualquer outra pessoa tem a mesma capacidade de passar em um vestibular, valendo-se de esforço e estudo.
Ok:. “O problema da má qualidade da educação básica no Brasil não é algo que possa ser resolvido de ontem pra hoje”, mas qual é o real grau de importância que você dá à política e ao seu voto nas eleições?
Ok:. A educação pública, infelizmente, está em déficit com a educação privada, mas onde está o governo que você colocou no poder para resolver isso?
Ok:. “Estatísticas” mostram que nas escolas públicas a maioria é negra, e baseado nisso, você, Tâmara Freire, defende que a pobreza tem cor. E como você nos justifica que destas escolas, alguns brancos sejam aprovados nos mesmos vestibulares que essa maioria presta, quando ninguém olha sua foto 3×4 no ato da inscrição ou na correção da sua prova?
A questão não é se os brancos são ou não o centro das atenções, mas a contradição que há neste preconceito camuflado. Ora, se a ideia de inclusão social parte do conceito de IGUALDADE, por que a diferenciação?
“Igualdade: qualidade do que é igual, completa semelhança, paridade, identidade, organização social onde existem iguais direitos e oportunidades para qualquer classe, relação existente entre duas entidades sempre que as propriedades verificadas por uma sejam verificadas por outra.
Especificamente em Política, o conceito de Igualdade descreve a ausência de diferenças de direitos e deveres entre os membros de uma sociedade. Em sua concepção clássica, a idéia de sociedade igualitária começou a ser cunhada durante o Iluminismo, para idealizar uma realidade em que não houvesse distinção jurídica entre nobreza, burguesia, clero e escravos. Mais recentemente, o conceito foi ampliado para incluir também a igualdade de direitos entre gêneros, classes, etnias, orientações sexuais etc..
[…] Juridicamente, a igualdade é uma norma que impõe tratar todos da mesma maneira.”
Eis a igualdade “formal”, cuja qual eu chamaria de “moral”, a qual julgo ser o caminho mais centrado para combater o preconceito. Essa igualdade “material”, de cunho socialista, que traduz o aforismo “tratar desigualmente os desiguais na medida da sua desigualdade”, que você defende, julgo ser absurdamente preconceituosa.
A verdade é que agir desta forma, é tapar o sol com a peneira, porque…
1º – você não extrai a raiz do problema, você poda os galhos dele, ou seja, o que desiguala a sociedade, você não rompe… você ajeita o presente e dá as costas para o futuro e a educação básica na escola pública continua em déficit com a educação privada. E, daí? O que a cota fez para resolver isso?
2º – quem se utiliza de cota, sobretudo racial para estar em um vestibular, além de atestar inconscientemente incapaz, se põe como diferente, pratica a desigualdade achando se valer da igualdade, ou seja, pratica o preconceito combatendo o preconceito. Creio que aqui, a única coisa que muda é “para quem é o preconceito, desta vez?”
“Falam na escravidão dos africanos como se todos os europeus fossem o suprassumo. Esquecem-se dos imigrantes italianos, por exemplo, que também trabalharam muito, muitas vezes em condições ruins, pois os donos de terras os enxergavam como “substitutos” dos escravos. Não estou minimizando o sofrimento dos escravos africanos, só digo que esse negócio de “justiça histórica tardia” não faz sentido, pois a História do Brasil se pautou na exploração de muitos povos. Se faz sentido essa “reparação histórica”, então cedamos nossas casas aos indígenas, habitantes originais destas terras e que foram até mesmo mais injustiçados que os africanos! Enganados! Usados! Exterminados!”
E vale lembrar que os próprios negros africanos vendidos aos portugueses, foram vendidos por outros negros africanos mais fortes.
Carlos Alberto Medeiros disse:
Interessante. Uma mulher (branca, por suposto) atacando o sistema de cotas em nome do princípio constitucional da igualdade. Para ser coerente, deveria começar denunciando a discriminação positiva, para mulheres, na aposentadoria cinco anos antes dos homens, nas cotas de 30% nos partidos políticos, etc., etc. Como disse alguém, o que incomoda não é a cota, é a cor da cota. Agora, insinuar que ser objeto da discriminação racial seja “uma questão de escolha” é um pouco demais, não é mesmo? Uma questão de masoquismo, talvez? E querer comparar a situação dos imigrantes, que vieram por vontade própria, estimulados por um Estado que pretendia “branquear” a população (está nos documentos da época, há diversos estudos sobre isso), ganharam terras e sementes, e jamais foram submetidos à degradação da condição de escravo, incluindo ser separado de sua família… Raquel aparentemente não sabe que “preconceito” significa uma ideia preconcebida sobre pessoas ou coisas. Ou não afirmaria que candidatar-se a uma vaga pelo sistema de cotas é “praticar o preconceito” – essa política não se baseia em estereótipos, apenas no fato, inconteste, de que ser branco significa deter certo número de privilégios, independentemente da classe social, pois mesmo entre os pobres os negros são discriminados. Quanto à ideia de “negros africanos” vendendo outros “negros africanos”, trata-se de um anacronismo. Eles não eram nem uma coisa nem outra, apenas membros de grupos étnicos rivais, já que o conceito moderno de “raça”, com a divisão entre “brancos”, “negros”, “amarelos”, “mestiços”, etc., é uma invenção dos europeus, numa construção que se inicia no final do século XV, com os chamados “descobrimentos” e a escravização de pessoas oriundas de uma região do planeta a que eles, identificados como “europeus” (outro conceito moderno), deram o nome de África. É interessante como esses conceitos e ideias, resultantes de uma construção sócio-histórica, são vistos coisas “naturais”, que sempre teriam existido. Procure esses termos nos livros da Antiguidade, incluindo a Bíblia e o Corão. Neles não existe raça branca nem negra, mas gregos, romanos, gauleses, hititas, egípcios, núbios. E a ideia de escravo não está associada a nenhum grupo humano específico. Enfim, uma amostra do teor e qualidade dos argumentos daqueles que veem seus privilégios ameaçados.
Raquel disse:
É… a diferença, pelo visto, entre você e eu é que você classifica as pessoas pela cor, e eu pela educação delas. Importa mesmo se sou caucasiana ou negra? Branca ou Preta, Amarela ou Vermelha? Sou da raça HUMANA e à mim, só isso interessa. Não é demagogia, como pareceu insinuar. E se eu for negra, o que me diria? Que estou sendo hipócrita e não estou valorizando a luta e história de vida de meus antepassados?
Interessante… o que observo nestas suas linhas, é que qualquer pessoa que discorde de você, é a tal pessoa “supostamente branca que está sentindo seus privilégios serem ameaçados”… Engraçado! Você julgou que eu seja branca, “supostamente”, tomou juízo preconcebido, manifestado na forma de uma atitude discriminatória perante pessoas (o que em tese, para seu governo, caracteriza preconceito), e eu quem não sei o que é, ou pratico, por meramente discordar de você?! Ual! Francamente, devo aplaudi-lo?
É como o Danilo Gentili disse uma vez em defesa de uma acusação de preconceito: Você chamar um gordo de elefante, tudo bem. Uma pessoa alta de girafa, tudo bem. Uma pessoa caucasiana de pó de arroz ou “transparente”, tudo bem. Mas, tente se meter com um negro… ah! É preconceito!! Para mim, é hipocrisia. Não estou desmerecendo a luta, nem a história de vida de ninguém, mas enfim, não importa o que eu diga, você vai supor que sou branca e por isso vai se achar no direito de me chamar de preconceituosa, sem nem me conhecer, sem nem entender o conceito de igualdade ao qual eu defendo.
E não. Ao contrário de você que se estivesse no meu lugar, com certeza se sentiria ameaçado a julgar pelas suas palavras, eu não me sinto ameaçada, nem minimamente afetada com seu comentário, este sim, preconceituoso a meu respeito. Pelo contrário, meu trabalho é de promover a igualdade, a começar pelas crianças. Mas a igualdade real, formal, moral, não essa material que, reafirmo, tapa o sol com a peneira. Agora, se quer continuar se iludindo e se para você, é mais fácil debater o assunto me chamando de “branca, preconceituosa, ameaçada”, tudo bem.. eu respeito. Mas vou continuar acreditando em tudo o que eu disse, e vou continuar votando naqueles que puderem consertar o que eu vejo como erro, que é essa igualdade material a qual você defende e que não extingue o preconceito, uma vez que ele continua existindo no contexto consanguíneo dessa utopia.
Agrade você ou não.
Só mais uma coisa… tenho uma lista imensa de pessoas (que você classificaria como negras) que discordam das cotas raciais, afirmando que “a diversidade racial significa o Estado conferindo validade à tese racista da classificação racial, que nós repudiamos” sic José Roberto Ferreira Militão – advogado, também negro, só para constar.
Fiquei, realmente, intrigada e deveras curiosa sobre o que diria a elas.
Aliás, este mesmo senhor enfatiza bem isso aqui: “Com o devido respeito a quem pensa diferente, essa segregação de direitos, apelidada de cotas raciais, encontra-se vedada pela consciência nacional, anunciada na cabeça do art.5º e expresso na letra do art. 19 da Carta: É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos municípios: III – criar distinções entre brasileiros ou preferências entre si. São cláusulas imperativas, que asseguram a igualdade de direitos, base fundamental da dignidade humana.
Os defensores da segregação de direitos raciais desprezam a igualdade humana trazida pelo iluminismo – Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e em direitos, deferida por Immanuel Kant – e sustentam a tese da desigualdade natural de Aristóteles: Se os homens não são iguais, não devem receber coisas iguais.”
Seria bom o Sr. Carlos procurar, como bem me aconselhou, não só a Constituição Brasileira, mas também maneiras mais humildes de expor sua opinião sem necessariamente julgar quem pensa diferente de você. O que me diz?
Raquel disse:
Ah, sim.. ia me esquecendo… O fato de eu ser mulher, também lhe é um problema, Sr. Carlos? Sou contra também qualquer forma de discriminação, se é isso que lhe causou interesse. Pronto! Estou “denunciando a discriminação positiva para mulheres, na aposentadoria cinco anos antes dos homens, nas cotas de 30% nos partidos políticos, etc., etc.” Agora já sou coerente, imagino.
Lyndy Luca disse:
Ok, Raquel, você defendeu com unhas e dentes (mesmo!) a sua opinião, mas, por que o receio de dizer se é branca ou negra? Por que enrolar e fugir do tema? Sabe por que quem a maioria das pessoas que criticam as cotas (e quando eu digo a maioria, é MESMO – caps por ênfase – a maioria) é branca? Porque nunca sentiu os danos que este tipo de preconceito causa. Hipocrisia é classificar um dos mais atrozes, brutais períodos de nossa sociedade e não só, como “algum processo histórico depreciativo”! Mas não diria apenas hipocrisia. Diria total insensibilidade à dor alheia, que milhões ainda carregam, num ranço insistente de humilhações e maus tratos que nossos irmãos negros vivem até hoje! Se realmente fosse negra, jamais usaria termos tão insensíveis, tão frios, tão indiferentes, tão minimalistas quanto esse que usou, para descrever o horror que foi a escravidão aos negros!
Carlos Alberto Medeiros disse:
Parece que a discussão se esgotou. Obrigado, Tâmara, pela possibilidade de mostrarmos a solidez das posições sustentadas pelo lado de cá, juntamente com o cipoal de contradições e incoerências que o outro lado apresenta, conscientemente ou não. Isso só foi possível pela qualidade de seu texto inicial, com seu tom afiadamente provocador. É graças a pessoas como você, capazes de tentar ver o mundo pela perspectiva do Outro, que nossa luta tem avançado.
Tiago disse:
Carlos Alberto,
eu submeti um post solicitando à Tamara alguma referência de trabalho científico que mensure o impacto da adoção das cotas na qualidade da pesquisa das universidades que já adotaram essa medida. Curiosamente meu post ainda aguarda aprovação de moderador enquanto o seu já foi publicado encerrando o assunto. Faço então a você esse pedido. Se tiver qualuer referência por favor me envie. Não acho que a discussão esteja esgotada até avaliar algum material sobre o assunto. Assim como escrevi no outro post (não publicado…..) qualquer opnião sobre o assunto sem a prévia avaliação de uma pesquisa como essa é baseada em conceito pré estabelecido e não atrapalha do que contribui.
Carlos Alberto Medeiros disse:
As pesquisas que encontrei revelam um padrão mais ou menos uniforme: os chamados “cotistas” têm, em média, rendimento semelhante aos demais, tendendo a ser um pouco inferior em exatas e, por vezes, superior em humanas. Há várias notícias sobre uma pesquisa da UFRGS pela qual os “cotistas sociais” têm o melhor desempenho geral e os “cotistas negros”, o pior, mas não tive acesso à pesquisa em si. Resultado semelhante teria sido obtido na Unicamp, onde não há cotas, mas um sistema de bonificação com base na área de residência, na renda e na origem escolar (pública). Deve-se considerar também que os sistemas são diferentes nas diferentes universidades que dotam cotas.
UnB: http://www.scielo.br/pdf/cp/v39n137/v39n137a14.pdf – portal.aprendiz.uol.com.br/…/unb-ja-formou-mais-de-1-mil-universit..
UERJ: http://www.lpp-buenosaires.net
UENF: http://www.anpae.org.br/iberolusobrasileiro2010/cdrom/121.pdf
UFBa: http://www.ifcs.ufrj.br/~observa/relatorios/DesempenhoCotistasUFBA.pdf
Unimontes: http://www.unifesp.br/centros/cedess/producao/teses/tese_p_78_2010.pdf
Carlos Alberto Medeiros disse:
Fazer-se de ofendida por ser chamada de “branca” numa sociedade como a nossa, que valoriza a “branquidade”, é sintoma da mais pura hipocrisia. Não fui eu quem inventou a classificação das pessoas por “raças”, tampouco acredito nesse conceito como base para julgar quem quer que seja do ponto de vista intelectual ou moral. Quando me refiro a alguém, neste debate, como branco, estou trabalhando com um conceito fundamental em ciências sociais, o de lugar ou perspectiva. O lugar que um observador ocupa na sociedade não determina, mas condiciona fortemente a visão que ele ou ela tem dessa sociedade. Tratando-se de um pesquisador, essa influência aparece em todas as etapas da pesquisa, da escolha do tema às conclusões, passando pela opção metodológica e pela interpretação dos resultados do trabalho de campo. Esse lugar é dado por classe social, filiação política, filiação acadêmica, gênero, idade, locais de nascimento e moradia, classe social dos pais, etc. Tenho plena consciência de que ser “negro” influencia minha visão do tema, já que, para mim, a discriminação racial não é algo que tenha lido em livros, visto em filmes ou ouvido contar, mas uma situação recorrente em minha existência. Em função disso, não posso aceitar, por exemplo, a descrição do Brasil como uma “democracia racial”. E tenho certeza de que essa condição também pesa neste debate. Todas as pesquisas de opinião sobre o tema da ação afirmativa para negros mostram que esta tem mais apoio entre os que se classificam como “negros” do que entre os que se apresentam como “brancos”. No entanto, no debate acadêmico, enquanto os “negros” se qualificam como tal, os “brancos” – que constituem a imensa maioria daqueles que Miriam Leitão chama de “negacionistas”, tomando de empréstimo um termo referente ao debate sobre o Holocausto – se pretendem neutros, imparciais, inefáveis, como se estivessem falando do “lugar da ciência”. Ora, esse lugar não existe, já que em todas as disciplinas pertinentes (sociologia, antropologia, ciência política, história, geografia humana, direito) é possível encontrar argumentos contra e a favor. Já debati publicamente com os maiores inimigos dessa política, como Peter Fry, Yvonne Maggie, Ali Kamel e Carlos Lessa, na época em que este era reitor da UFRJ. Ninguém jamais respondeu essa provocação, exceto Lessa que, em sua fala, reconheceu: “Eu sou branco.” O lugar não é, porém, uma camisa-de-força. É possível assumir a perspectiva do Outro, como nos mostra Tâmara, que tão bem iniciou esta discussão. Mas isso exige um exercício de desprendimento que nem todos estão dispostos a realizar. Quanto aos autodeclarados negros que se põem contra essa política, não há surpresa nisso. Somos apenas seres humanos, sujeitos a todas as contradições que caracterizam a espécie. Em nosso país, é comum encontrar pessoas de pele muito escura que negam ter sofrido, uma vez sequer, algum tipo de discriminação, o que é impossível. Aliás, como mostrou uma pesquisa da “Folha de São Paulo” realizada nos anos 1990 e que resultou no livro “Racismo cordial”, a maioria dos brasileiros (em torno de 90%) reconhece a existência do racismo, mas poucos admitem praticá-lo ou terem sido vítimas dele. Ou seja, somos um país racista sem perpetradores nem vítimas do racismo… Da parte dos negros, reconhecer a discriminação parece tão doloroso quanto ser objeto dela, sem contar com a necessidade de aprovação por parte de amigos e colegas brancos. Mas há também os feitores e capitães-do-mato, categoria em que enquadro uma organização fundada em 13 de maio de 2006 e que, curiosamente, duas semanas depois (!!!), já participava, colocando caras pretas, da entrega de um manifesto dos chamados “antirracialistas” aos presidentes da Câmara e do Senado. Refiro-me a um certo “Movimento Negro Socialista”, minúscula organização de que faz parte o advogado José Roberto Militão, que ganhou projeção absolutamente desporporcional, com direito a matéria no “Jornal Nacional” mostrando uma de suas reuniões, coisa a que o Movimento Negro Unificado, fundado em 1978 e com presença em praticamente todos os Estados, jamais teve direito. Mas o problema de Militão, antes de sua posição ideológica, é a qualidade de seus textos. Assisti a uma exposição dele numa audiência pública realizada no STF e fiquei embaraçado. Leiam os seus textos,disponíveis na grande rede, e verão do que estou falando. Por fim, a “resposta” de Raquel a minha provocação sobre a contradição entre atacar a discriminação positiva para negros e ignorar ou defender sua aplicação para mulheres, demonstra claramente que estou certo: ela nunca se preocupou com isso – assim como a maioria jamais se preocupou com o ingresso de “pobres brancos” na universidade. Que seu “reconhecimento” é puramente retórico, revela-o o acanhado espaço que dedicou a isso – uma espécie de nota de rodapé, tipo “vá lá que seja”. Num debate acadêmico, com regras e uma plateia atenta, as vaias seriam, acreditem, estrepitosas.
Raquel disse:
Fazer-me de ofendida? E por que me sentiria ofendida?
Ofendida? rs.. Se um negro veste uma camisa com a escrita “Orgulho negro”, nenhum dito “branco” se pronuncia… agora se um “branco” veste uma camisa com a escrita “Orgulho caucasiano”, rufam-se os tambores, há um branco preconceituoso entre nós! E eu quem sou hipócrita.
Nossa! Apenas mostrei que você está me julgando sem me conhecer, pelo simples fato de eu pensar diferente de você. É, realmente, muito interessante o seu argumento quanto a isso…
“Em nosso país, é comum encontrar pessoas de pele muito escura que negam ter sofrido, uma vez sequer, algum tipo de discriminação, o que é impossível.”
Não quer dizer que por que você não conhece, seja impossível. Sinceramente, se no seu entorno social as pessoas são preconceituosas a tal ponto, no meu, algumas têm plena consciência de que preconceito não leva a nada. Então, ao invés de generalizar, que tal se contentar em saber que, em alguns lugares, a mente de muita gente já está aberta?
O racismo, então, para você é apenas referente a discriminação de negros? “Loira burra” é uma discriminação de gênero, não de “cor”, então, a julgar pelas suas palavras? Ual!
O Brasil ao se apresentar diante do mundo, numa propaganda que exija uma imagem, por exemplo, coloca sempre seu orgulho patriota de ser uma nação com diversidade, expondo com 4 pessoas diferentes: um caucasiano, um negro, um oriental e um deficiente, sabe por quê? Porque se o criador da propaganda não colocar um negro ele é acusado de racismo, se esquecer do deficiente ele está discriminando alguém com necessidades especiais e, se colocar um caucasiano a mais ele está exercendo a sua “branquidade”, não é?
Então, venham-me os defensores de cotas em universidades, por exemplo, me justificar o porquê do número de vagas reservadas para negros não estarem preenchidas em sua totalidade, o que faltou? Exigir menos do negro? Ele é especial? Isso é um absurdo, todos temos a mesma capacidade de lutar sem se corromper. Com um pouco mais de compreensão e você entenderia que “se fosse necessário” o uso das cotas em universidades, estas deveriam ser destinadas aos POBRES, não aos NEGROS POBRES apenas. Muito embora, como eu disse, eu sou contra qualquer tipo de cota, sendo que acredito que a raíz do problema não está ai, e sim na qualidade de ensino e valorização da EDUCAÇÃO, num todo!
Afinal existe um mistério, que por sinal, alguém precisa descobrir. Qual o motivo do auxílio especial para os negros? É como se o resto da população de baixa renda tivesse algum privilégio escondido só por ser branca, talvez um poder especial pra sentir menos fome ou fabricar dinheiro pela “cor vantajosa”… sei lá.
O leitor Tiago citou acima (a respeito do comentário do leitor Marcus Brás): “É um erro achar que a universidade deve ser responsável por “equalizar” diferenças sociais. Universidade é lugar de pesquisa, principalmente.”, e mais uma vez, é sobre isso que a ideia de igualdade formal se baseia.
E só para constar, eu vou seguir esta discussão apenas se você vier com algum tipo de resposta sã, sem qualquer espécie de julgamento. Você não está aqui para adivinhar a minha “cor” ou o quanto de dinheiro tem na minha carteira, portanto, não fuja do tema (coisa que fica bem perceptível, uma vez que de tudo o que disse, você só citou o movimento de pouca amplitude – ou minúscula organização – do advogado José Roberto Militão). Mas não se irrite, nem se acanhe e nem tome as dores do sofrimento do povo, afinal, estamos num país cheio de alegrias como futebol, carnaval, ou como a rede Globo e os gringos costumam dizer: eis a terra das mulatas sambistas! É tudo coisa da sua imaginação, o seu governo não se preocupa com nada disso, muito menos com o nosso estudioso povo que luta tanto por uma vaga na universidade… Creio que se preocupam mais em comprar votos e aumentar a herança, ou mesmo multiplicar a grana nos bolsos, inclusive em meias, cuecas, etc.
Por fim, já a “preocupação que só você teve” (lembrando que nem me conhece e que não sabe qual a minha real ação como cidadã) é em vão, uma vez que não vejo fundamentos nas suas palavras, então, fico feliz em não “quebrar a cabeça” como você, por aqui.
Carlos Alberto Medeiros disse:
Então está tudo resolvido: racismo é coisa de minha imaginação, reconhecer a discriminação que nós negros sofremos é puro “preconceito” e minhas palavras não têm fundamento (deve ser por isso que me convidam para “quebrar a cabeça” em tantos seminários, palestras e mesas-redondas no Senado, na Câmara, em universidades, no Brasil, nos Estados Unidos e na Europa, enquanto você é convidada para o que mesmo?). Deve ser porque me “falta compreensão”, que você, por outro lado, deve ter de sobra. Dá para entender por que ganhamos esse jogo…
Raquel disse:
Qual parte do: “Estamos falando sobre a mesma coisa, debatendo sobre o mesmo assunto, buscando a igualdade (mesmo acreditando em igualdades diferentes, ou seja, formal x material), desejando a extinção do PRECONCEITO, RACISMO (não só o que acontece com os negros, porque se negro é raça, caucasiano também é, e muitas outras também são – afinal “A raça é um conceito que obedece diversos parâmetros para classificar diferentes populações de uma mesma espécie biológica de acordo com suas características genéticas ou fenotípicas”) você não entendeu? Você concluiu que “racismo não existe”, só porque eu disse que ALGUMAS, repito, “ALGUMAS pessoas que conheço têm plena consciência de que preconceito não leva a nada”? Puxa!
Incrível que quando uma pessoa coloca na cabeça que a outra é “um zero a esquerda” (a julgar pela sua ironia “você é convidada para o que, mesmo?”), ela não abre mesmo a mente para tentar entender quem vos fala, né? (E mais uma vez, querido, você não me conhece. Não me venha com essa prepotência toda em achar que porque você é A, eu sou B só por ter uma opinião diferente que você… Será que não percebe que está tendo um julgamento preconcebido baseado em NADA? Acorda!
É por isso que é difícil conversar, expôr opinião nesse país… Por mais que estejamos falando um mesmo assunto, por mais que, por aqui, nossas opiniões não ganhem vida, e estejamos apenas debatendo algo que já está posto, mas que visa uma mesma coisa, algumas pessoas, simplesmente, não têm humildade para tentar entender pontos de vista diferentes… e agem assim, deste seu jeito aí.
Moldando as minhas palavras a bel prazer fica fácil “ganhar” alguma coisa mesmo…
Se é desta forma que conduz palestras, por favor, diga que é em São Paulo e me dê o endereço, vou fazer questão de ir assisti-lo, e quem sabe poderemos debater isso, ao vivo… Muito provavelmente, farei questão.
Leila disse:
incrível esse Carlos… deve ser a elite da inteligência!!! :O
Isso porque não existe “ninguém melhor que ninguém”… tô chocada com o jeito que as pessoas ficam quando se sentem ameaçadas.
Tenha dó Raquel… quem tá olhando pro próprio umbigo e não consegue abrir a mente só merece nosso pesar.
Tiago disse:
Carlos alberto,
Eu fiz uma pergunta simples, direta e totalmente científica. Você que é da área e estuda a questão poderia me indicar um estudo que aponte impactos (positivos negativos ou neutros) após a adoção de cotas nas universidades que ja vivem essa realidade. É uma questao direta para alguem que se auto proclama entendedor. E é uma questão de quem quer entender os possíveis impactos que podem ocorrer com a adoção maciça das cotas. Infelizmente fui ignorado na minha indagação.
Sinceramente não interessa ao forum ou à discussão se vc faz palestras para o presidente, para senado ou pra quem seja. Isso faz parte da sua historia mas não acrescenta em nada na discussão jogar suas credenciais e mais um monte de outros nomes que pessoas comuns (como eu) não vão conhecer. Se é chamado para discutir seja onde for com especialistas então tenha humildade e responda a uma simples questão de um leigo mesmo que com um simples e honesto “eu não conheço”.
Carlos Alberto Medeiros disse:
Caro Tiago,
Respondi isso no dia 24, relacionando uma série de pesquisas acessáveis pela
Carlos Alberto Medeiros disse:
Outra coisa, Tiago: creio que, para participar qualificadamente de um debate como este, é preciso, pelo menos, dominar medianamente a terminologia, ter algum conhecimento de ciências humanas e sociais, ou vamos ficar no terreno infértil do achismo. Foi por isso que comecei a estudar a questão de raça, para poder participar em pé de igualdade num debate até então totalmente dominado por acadêmicos brancos. A defesa da ação afirmativa veio nessa sequência. Tal como me qualifiquei (por mérito, como vocês gostam), quem quer defender bem a posição contrária também deve qualificar-se ou vai ficar patinando no senso comum. Quanto às minhas “credenciais”, só me referi a elas para mostrar que minha posição não é “alternativa”, fruto do delírio de um militante (que me orgulho de ser), mas tem espaço na academia e, por óbvio, no mundo político.
Tiago disse:
Carlos Alberto,
Obrigado pela resposta. Infelizmente as suas referências do dia 24 não respondem à minha pergunta (pois até a pesquisa realizada pelos professores em harvard consideravam condições político-econômicas bem distintas das nossas). Vou continuar procurando.
Sobre a questão do “lado” você está supondo que eu escolhi um lado. Eu não tenho um lado ainda justamente pelos fatores que eu coloquei. POsso não ser doutor em ciências humanas mas vivo meu dia a dia próximo da universidade e me preocupo principalmente com o futuro da pesquisa no Brasil. Se me apresentarem argumentos convicentes de que medidas de cotas não vão prejudicar ou podem até mesmo melhorar a qualidade dessa pesquisa eu não vejo problema algum em apoiar a medida. Mas hoje não me parece haver nenhum estudo orientado a esse fim (de medir esse impacto). Um estudo quantitativo e qualitativo é importante para uma decisão.
Sobre o fato de eu não ter um diploma de ciências humanas, me permita discordar. A questão das cotas é importante para a sociedade brasileira como um todo. Ela merece atenção de pessoas com diversas titulações e pontos de vista então o fato de eu nao ter lido tantos livros voltados a ciências humanas quanto você não exclui minha participação no debate. Da mesma forma que se um tema de interesse social envolvendo minha área surgir será minha obrigação(no meu ponto de vista) explicar meu ponto de vista com a melhor qualidade possíve e com a linguagem mais próxima que você possa entender.
Até,
Carlos Alberto Medeiros disse:
Parabéns em sua luta contra o preconceito que atinge os caucasianos… Quanto ao julgamento preconcebido, quando a gente ouve a mesma lenga-lenga durante duas décadas, não é difícil perceber de onde parte e com que motivos, ainda que disfarçados. “Buscar a igualdade” impedindo que esta se concretize sempre foi o ideal devidamente oculto dos promotores da “democracia racial” – independente do talento, inegavelmente desigual, em sustentá-lo. Só que não está mais funcionando.
Raquel disse:
Sei que muitos caucasianos (e olha só, você usou o termo certo, o que significa que ao menos leu minhas palavras com certa atenção), utilizam o argumento em favor de camuflar o preconceito, numa “busca de igualdade” que jamais pretenderam, de verdade. Reconheço isso, e sei que deve ter visto aos montes por ai. Mas, isso não quer dizer que eu seja como esses… chame como quiser, eu os chamaria de idiotas, se me permitir.
Só quero que saiba, que eu realmente acredito no que eu falo. Eu realmente busco a igualdade, mas a igualdade num todo, em direitos, sem diferenciação alguma, sem demagogia, sem preconceito de qualquer espécie… e, do pouco que faço, creio que faço muito, que é disseminar a ideia de diversidade, não de diferença, às crianças pequenas que, por si só, ainda não “foram corrompidas” pela sociedade, como Russeau diria.
Desta forma, acho que deu para entender que minha luta não é contra o racismo “caucasiano”, mas quanto ao preconceito num geral, não?
Lyndy Luca disse:
Menina, na próxima vida você vai vir negra e muito pobre… de uma família que, pessoas como você negaram os mesmos “privilégios” (liea-se: direitos, que deveriam ser para todos, conforme a nossa Carta Magna reza e que sabemos muito bem, nunca foi justa, colocada na prática, em sua totalidade e ainda parece bem distante de o ser) que os brancos tem… E ainda agradecerá muito àqueles que lutam pela causa do preconceito racial, e não apenas que fingem se importar em uma frase, mas viram-lhe as costas nas frases seguintes…
Carlos Alberto Medeiros disse:
Então ficamos combinados assim: você defende a igualdade formal, genérica, para todos os grupos, sem distinção – inclusive os perseguidos “caucasianos”; eu, preconceituoso e limitado, fico com os negros, para os quais defendo a igualdade material mediante a igualdade de oportunidades, mas estendo minha simpatia e meu apoio aos demais grupos que as convenções internacionais de que o Brasil é signatário chamam de “historicamente discrimiandos” ou “tradicionalmente excluídos”: mulheres, indígenas, ciganos, pessoas com deficiência, além de nordestinos (fora do Nordeste, que lá eles praticam das suas…). Não há ponto de contato entre nossas visões e formas de atuação. De minha parte, encerro por aqui, que a discussão está ficando repetitiva.
Raquel disse:
Não. Eu prefiro acreditar (ou melhor, fingir) que uma pessoa que se acha tão auto-suficiente tenha entendido minhas palavras, porque continuar com isso não está “repetitivo” como disse, mas cansativo. Se sou repetitiva é porque você não me dá outra escolha que não explicar-me diante de todas suas mazelas em abrir a mente e na dificuldade em se dar uma oportunidade, ou simplesmente, em cogitar uma hipótese de me entender ou interpretar minhas palavras de maneira correta. Eu não me cansaria de fazê-la quantas vezes me fossem necessárias, mas como por aqui e com você parece não valer a pena, creio ser mais perda de tempo que discussão sadia. Discussão, pois é… nem de debate posso chamar o que está acontecendo por aqui, uma vez que é notório que você só se atém naquilo que quer, lendo e entendendo tudo a bel prazer. Com o perdão da metáfora, quem está correndo atrás do próprio rabo é você, não eu. Se distorce tudo o que digo, se molda minhas palavras da maneira como quer entender, eu vou me repetir só para explicar que está errado, e você vai continuar sendo visto como infantil. Sim, porque levar a discussão a este nível se não é infantil, é imaturo. Use o termo que quiser, eu usarei os dois.
E não. NÃO digo isso por você ser negro. Veja bem, se houver uma retruca nesta minha postagem em que você tiver a pretensão de insinuar que sou racista e que defendo apenas a raça caucasiana, por favor, repita esta primeira frase 10 vezes e negrite e sublinhe que esta é a SUA OPINIÃO SOBRE MIM, não a realidade.
Pergunte-se, ao menos, se respondeu minhas perguntas e as do Tiago, e entenderá por que é impossível dar qualquer continuidade à uma discussão com você, que parece mais querer promover-se que apenas expor sua opinião.
Agora, se não vê mesmo semelhança em nossas visões, eu sinto muito. Eu sinto muito mesmo, e sinto mais ainda, principalmente, por saber que, internamente, prefere insistir na ideia de me julgar novamente, do que em ser humilde em reconhecer que há formas de não sermos preconceituosos/racistas e pensarmos a igualdade, em âmbitos diferentes. Mas para quê, não é? Sua opinião é suficiente, você já se basta, e qualquer opinião contrária, por “lógica sua”, é vinda de “uma caucasiana que não é convidada a palestras, que sente seus privilégios ameaçados e que, por esteriótipo de ‘duas décadas’, é racista em defender os perseguidos caucasianos” em sua esfera irônica. Francamente? Já não me importo com seus julgamentos, com suas ironias, nada que eu diga você vai entender da mesma forma como eu exponho, então… quer saber?
Fiquemos assim: Devidamente com as cabeças erguidas, cada um com sua luta, cada um com sua opinião: Eu respeitando a sua e eu fingindo ser repeitada, também.
Passe bem.
Tâmara Freire disse:
Raquel, você é uma pessoa branca, discutindo com uma pessoa negra sobre o que é racismo e qual deveria ser a verdadeira luta dos negros. Encontre o erro nisso.
Existe uma frase sábia que diz: “a prerrogativa é do oprimido” e acabou. Nós que somos brancos não temos nenhum direito de opinar sobre o movimento negro e suas lutas, podemos apoiar, podemos abraçar e ponto final. Assim como quem é homem jamais poderá dizer o quê da luta feminista é válido ou não. Até porque, como bem explicou o Carlos Alberto, a sua posição no mundo influencia a forma como você o vê e quem detém privilégios jamais enxergará as coisas da mesma forma que quem não os detém.
E existe sim, uma diferença abissal entre “orgulho negro” e “orgulho branco” e eu pelo menos, não consigo classificar “loira burra” como racismo, apesar de ser um preconceito e um insulto, simplesmente, porque ninguém nesse Brasil é discriminado por ser branco. Ninguém é preterido em emprego pro ser branco, nenhuma família se admira quando um de seus filhos começa a namorar um branco. A polícia não investiga – e mata – mais brancos do que negros. Ninguém diz que nariz de branco é feio, que fulano “é branco, mas é bonito”. Ninguém quer escrespar cabelo de branco.
É óbvio que a luta é pelo fim de todos os preconceitos, pela elevação do ser humano em ser essência, mas a realidade não é essa, certo? Outra máxima diz que não é justo tartar desiguais como iguais. E esse é ponto: existe racismo no Brasil e todos sabemos muito bem contra quem ele se dirige, então, as políticas afirmativas são necessárias para combater esse racismo e, se tudo der certo, quando o dia em que o racismo não existir mais no Brasil, chegar aí sim chegaremos no ponto em que o tratamento que você propõe será suficiente.
(E com esse comentário, eu espero reponder a todos os que chegaram com conteúdo semelhante. Eu trabalho sabe? rs. Não aprendi a viver de luz ainda, então, paciência…rs)
Raquel disse:
Tâmara, se reduz minhas palavras a mera interpretação de “incoerência”, também sinto por você. Me diga qual é o erro em preferir lutar pela igualdade desde o berço para que no futuro não haja distinção de raças, “cor” (aliás, acho essa classificação ridícula, mas se preferem que eu a use, cá está), credo, etnia, etc.., do que pela igualdade material, de oportunidade, que de certa forma privilegia um determinado grupo? Não se trata de uma questão de sentir os privilégios “caucasianos” serem ameaçados, nem estou comparando histórias de vida de uma raça com outra, porque cada indivíduo tem a sua. Também não vivo em um mundo utópico, nem falo com hipocrisia , mas não estamos falando de racismo? E racismo não é “o conjunto de opiniões pré concebidas que valorizam as diferenças biológicas entre os seres humanos, atribuindo superioridade a alguns de acordo com a matriz racial, onde se dá grande importância à noção da existência de raças humanas distintas e superiores umas às outras, normalmente relacionando características físicas hereditárias a determinados traços de caráter e inteligência ou manifestações culturais”? Pois então, agindo assim, não há segregação? Se há segregação onde está a igualdade? Agora sim, encontre o erro.
Então, não posso ter uma opinião? Curioso! Pensei que fosse um direito meu. Sem dizer, que meus professores, desde pequena, me mediaram para que eu desenvolvesse em mim a criticidade… e agora, ao seu ver, eu não posso usá-la! Talvez por isso o construtivismo seja prejudicial à política porque não só forma cidadãos, como pessoas críticas! Celebremos o tradicionalismo, então, é isso?
“É óbvio que a luta é pelo fim de todos os preconceitos, pela elevação do ser humano em ser essência, mas a realidade não é essa, certo?” É claro que não é a realidade, por isso que há luta, não?
Lyndy Luca disse:
Gostaria de pedir à Raquel e “afins” que dê as suas inúmeras sugestões (práticas, nao apenas a óbvia, da melhoraria na educação…) para que consigamos, enquanto nação, estabelecer a “igualdade desde o berço”! Estamos todos muito ansiosos e receptivos às suas sugestões (planos, com medidas a serem implementadas, como direcionar a idéia e colocá-la em prática)! Agradecemos desde já! 😉
Wellson disse:
Cotas: medida tampão. O fato é que é muito mais fácil mascarar o caminho mais fácil de reparação social do que resolver o problema da educação e da estrutura das universidades públicas. Sou negro, vindo de escola pública e entrei no curso de medicina sem o uso de cotas por não aceitar ser nivelado por baixo.
Eu, na condição de ser humano (sim. o que conta é que sou um ser humano, não a cor da minha pele – para o melhor e para o pior) prefiro acreditar que atacar pessoas com tons de pele diferentes dos meus não passa de racismo mascarado de defesa e isso só torna quem o pratica um racista também.
Carlos Alberto Medeiros disse:
Os capitães-do-mato – consciente ou não – também têm o direito de se manifestar.
Carlos Alberto Medeiros disse:
Para o Tiago,
Não disse que é preciso ter diploma em Ciências Humanas para participar do debate. Apenas que, para entender determinados aspectos da discussão, alguma leitura dos temas em pauta se faz necessária. Quando apresento um conceito que deve ser novo para a maioria, faço questão de explicá-lo – em vão, às vezes, como no caso da noção de lugar, ou perspectiva: expliquei direitinho, mas continuaram dizendo que eu estava avaliando os brancos pela cor da pele ou coisa que o valha, quando somente reafirmei a ideia, defendida pelos economistas, mas facilmente compreensível, de que a principal motivação do ser humano é a defesa de seu próprio interesse. Isso algumas vezes aparece claramente nas cartas dos leitores dos jornais: “Gastei uma grana com os estudos de meus filhos e me sinto prejudicado.” Posso discordar, mas respeito pela honestidade, e entendo que essa pessoa queira mobilizar-se de alguma forma contra medidas que lhe parecem pessoalmente prejudiciais. O problema é que essa posição geralmente se oculta sob a capa do bem comum: a defesa de interesses maiores, da sociedade, do planeta ou da galáxia… É fácil entender por quê. Embora honesta e legítima, é, como diria a rapaziada, “bandeirosa”, entrega o verdadeiro motivo, essencialmente egoísta. O que é simplesmente humano. Tenho certeza de que, se fosse ao contrário, se os negros estivessem por cima, também se utilizariam dos recursos possíveis para salvaguardarem suas posições (o filme “A Cor da Fúria” mostra muito bem isso, e é um bom exercício para brancos interessados em visualizar como é estar do outro lado). É o que ocorreu na luta pelo direito de voto das mulheres, em que homens apresentaram o curioso argumento de que, se ele se concretizasse, significaria o fim da famíiia brasileira. Como sempre, altruístas, não defendiam seus privilégios, mas o bem comum. Da mesma forma que os escravagistas que, no século XIX, como já mostrou o jornalista Elio Gaspari, eram contra a abolição da escravatura, não porque isso pudesse prejudicá-los, mas porque seria ruim para a “sociedade brasileira” e “para os próprios negros”. Mas não é exatamente isso que estão dizendo agora? Que coincidência…
Taibelle Nalec disse:
Primeiro, gostaria de parabenizar a autora pelos dois textos.
Ainda que a sociedade esteja moldada em padrões de desigualdades, sabe-se que essa mudança é latente. É impressionante pensar que a condição de operar conhecimentos decorados seja, ainda, o fator dessa divisão social e altamente relevante no Brasil. Ora, sabe-se, sobretudo quem tem a experiência de trabalhar em instituições particulares que preparam para tais concursos, que o empenho se dá somente na ênfase desses dispositivos, que são iguais a : decorar para passar. Não há, como vem afirmando os anti-cotistas, uma formação de raciocínio factual, pois, ser experto em cálculos que, diga-se de passagem não é o foco das universidades, não garante nenhum preparo para a formação.
Se os figurinhas afirmam que a universidade precisa manter o nível, que comecem, então, pelo humano, que anda em falta. Eu poderia entender perfeitamente que os rios de dinheiro dispensado em educação pelos que podem, salvaguardo bolsista dessas escolas que é minoria, parece ir por água abaixo com a retirada de um privilégio que a eles sempre foi concedido. Porém, a questão é outra, é impossível erradicar a diferença social quando o jogo dita regras a favor de quem está ganhando. Embora muitos digam que não passa de uma medida paliativa, ela trata, na verdade, de alinhar um eixo há muito distorcido. Vejam bem que, tratando-se de uma universidade pública em que falamos de servidores públicos, que, segundo um comentário equivocado que fala de professores que recebem pouco e agora terão que tirar o atraso dos que chegam despreparados, nada mais seja que o trabalho que eles tem que fazer enquanto servidores. Não é uma questão simples, pois, acredita-se que todo aluno, advindo ou não de escola particular, deve legitimar o conhecimento adquirido para ser um profissional, e isso nada tem a ver com sua origem escolar, pois a capacidade avaliada dentro da universidade não é mais a decoreba.
Fato é, pelos protestos feitos por essa classe, percebe-se que eles continuam despreparados, pois lutam pela permanência da desigualdade. Sem contar que, como veiculados na mídia, não sabiam nem onde era o sítio em que tais protestos deferiam ser feitos, bem como não decoraram perfeitamente as regras de ortografia, semântica e sintaxe, como é possível avaliar no material por eles utilizados nesse evento. Isso porque afirmam serem mais preparados. Se o são, ainda irá restar 50 % para que eles lutem e, assim, mostrem que são realmente melhores.
Allan disse:
Isso, a classe média é satânica, ela não merece nada. Aliás, por que ao invés de cotas, não colocam TODAS as vagas das Universidades Públicas para qualquer que tenha uma renda pequena e uma quantidade grande de melanina na derme? Afinal, eu, branco, sou o câncer que está destruindo a sociedade e impeço os outros de crescerem. Claro, é assim que um governo DEMOCRÁTICO deve agir: tirando os de alguns, para dar para os outros. Porque “cotas é uma medida provisória”. Porque o branco de classe média é o novo capataz com chicote.
Ah, me poupe. Já faz 8 anos que nós estamos nessa “medida provisória”, e ela só vai ganhando mais forças.
Eu tenho que pagar uma dívida a alguém, porque não tenho antepassados que morreram em uma senzala? Não, não tenho. Seguindo essa lógica, a Europa inteira deveria ter cotas nas universidades romanas. Minha família inteira veio pro Brasil depois do século XX, a maioria imigrantes italianos, também comeram o pão que o diabo amassou. Ninguém nunca teve escravos, recebeu terras, não tem nenhum rico… Mas ainda assim eu tenho que pagar uma dívida, por que sou brasileiro (?), e é assim que as coisas funcionam nesse país: se você rala e dá duro, você perde direitos para os mesmos serem entregues de mão beijada aos que nasceram com necessidade. Aliás, isso tudo que vocês defendem, é praticamente afirmar “vocês são mais brasileiros que a gente, paguem o que vocês nos devem, por sermos menos brasileiros que vocês”.
Vocês batem no peito para “defender a causa”, vocês generalizam, distorcem fatos, dados, distorcem toda a realidade, apenas para falar que um negro estuda no mesmo lugar que um branco. Vou te explicar uma coisa: ninguém liga. Eu não dou a mínima se estou numa sala de 50 alunos com mais 49 negros, 49 brancos, 49 japoneses, índios, ou tudo misturado.
Se para vocês é orgulho tapar o sol com a peneira, vão em frente. Só não usem esse maniqueísmo barato para deturpar toda a imagem de uma sociedade, apenas porque VOCÊ DISSE que certas pessoas não se encaixam nela. Quem é branco e classe média é do mal, quem é negro e pobre é do bem. Pelo menos é o que afirma o seu texto. Aliás, falando nisso, só de bater o olho, dá para ver que tem tanta coisa errada, tanto generalismo, tanto ad hominem, tanta falta de coerência, que é até difícil começar, fora as contradições horrorosas com o texto anterior. Mas vamos lá.
http://zerohora.clicrbs.com.br/rs/geral/noticia/2012/08/estudo-aponta-que-cotistas-negros-da-ufrgs-tem-desempenho-pior-do-que-outros-alunos-3839890.html
Estudo que aponta que os alunos negros cotistas da UFRGS tem pior desempenho. A senhora Tamara já estudou em uma escola pública? Eu já. Não são todos os que “sonham em um dia entrar na universidade e ser alguém na vida”. Aliás, isso é uma minoria. Tem toda uma legião de vândalos, depredadores, aspirantes à marginais e coisas do gênero.
Mas OK, eu sou branco, classe média, estudante de exatas. Não posso opinar, afinal, não sofro preconceito, não me batem na rua por ser branco. Isso tira completamente toda a minha liberdade de discurso, afinal se eu contrariar algum ideal de um “oprimido”, eu estarei errado na hora, porque é assim que as coisas são. Elas não precisam de um embasamento ético e observado com base em fatos. Apenas é verdade o que um lado da balança diz. E se esse lado da balança estiver mais enferrujado, a razão sempre vai pender para o lado dele.
Tâmara Freire disse:
Então, respondendo às perguntas que estão atrás dos gritos. Sim, eu estudei em escola pública até a sétima série, e lá a maioria nem sabia que existia universidade pública e que se precisa passar num tal de vestibular pra fazê-la. Complicado não?
“Aliás, isso é uma minoria. Tem toda uma legião de vândalos, depredadores, aspirantes à marginais e coisas do gênero.” Pobres são todos bandidos, bla bla bla, passa na banca e compra uma Veja que você vai se dar melhor, champz. (E isso veio de alguém que disse que eu generalizo… tsc tsc.)
“Mas OK, eu sou branco, classe média, estudante de exatas. Não posso opinar, afinal, não sofro preconceito, não me batem na rua por ser branco.” Sim, basicamente é isso aí mesmo. Se você diz “isso não é racismo” e um negro diz: “sim, isso é racismo” você coloca seu rabo entre as pernas, pede desculpas e vai embora. Você pode dar a sua opinião, mas a delé é mais importante que a sua. A prerrogativa é do oprimido, e acabou. Privilegiado nunca cansa de ter privilégio, gente? Até o direito de dizer onde doem os calos dos outros você quer ter?
“Eu não dou a mínima se estou numa sala de 50 alunos com mais 49 negros, 49 brancos, 49 japoneses, índios, ou tudo misturado.” Olha, se você não dissesse assim com todas as letras eu nem desconfiaria. Que tal tirar a cabeça dos cálculos e ler sociologia um pouquinho? Ou quem sabe só dar uma olhada no mundo lá fora, hein?
Allan disse:
Olha, você fala como se alunos de escola pública vivessem todos abaixo da linha da miséria. Eu não generalizei, disse apenas o que eu vi, não falei que eram todos, mas sim uma grande parte. Era uma escola em um bairro carente de Campinas-SP. A maioria absoluta sabia sim, o que era uma universidade pública, sabia o que era um vestibular. Assim como a maioria sabia o que era Nike, Apple, Oakley. Muitos de lá passavam dificuldades, mas ostentavam tênis de R$300,00. Claro, eles tem todo o direito de vestirem o que gostam, de usarem o celular que gostam, mas eu acho que existe certa inversão de prioridades, e não é botando gente assim na universidade que vai mudar, apesar de ser BEM mais fácil do que educar desde cedo.
A escola recebia janelas novas, dava uma semana, já estavam todas apedrejadas. Muitos alunos saiam da aula e iam direto trabalhar em um ponto de venda de drogas, de “olheiros”, e isso, em certos grupos dentro da escola, era um sinônimo de status. Não estou falando o que eu acho, estou falando o que eu vi. Se a realidade é completamente diferente disso, ainda falta alguém para me apresentar.
Vou ser sincero, Tamara. Eu não sou contra cotas. Quer dizer, não sou completamente favorável também. Quando estava na 6ª série, nesse mesmo colégio, eu fui para as olimpíadas de matemática com um colega de turma, só nós dois, do colégio todo. Ele era órfão de pai, a mãe tinha um pequeno comércio no bairro, onde ele a ajudava o dia todo. Ele não está em um pública hoje em dia, não teve as mesmas oportunidades, etc. Com certeza, ele faria a diferença, se conseguisse uma chance de entrar. A propósito, ele não era negro nem branco, seu pai era caucasiano e sua mãe, era o que é considerado “parda”, e ele puxou à ela.
Mas convenhamos que METADE DE TODAS AS VAGAS DO PAÍS entregues de mão beijada, não serão só os alunos que nem ele que ocuparão as poucas posições dentro de uma universidade. Isso porque, no Brasil, nós temos o privilégio de a qualidade do ensino superior estar em vias públicas. Nos EUA, excetuando a Universidade da California, as entre as 10 melhores são pagas. E não é só rico que entra, eles tem programas socio-econômicos eficientes e coerentes, como é exemplo a Universidade de Harvard e a Yalle. Afinal, eles querem os melhores, não importando se são pobres ou ricos, e o mais importante tudo: se são brancos, negros, amarelos, laranjas… É exatamente por isso que Harvard formou um negro que atualmente é presidente. Era um aluno de excelência, venceu por mérito, não por melanina.
Cotas sociais são aceitáveis, apesar de não cair nessa ladainha de “medida de curto prazo”, porque desde 2004, ninguém viu ainda as de “longo prazo” surtirem algum efeito. Cotas raciais, não, de maneira alguma.
E se você acha que pode me tirar o discurso, apenas pelo fato de eu não ser negro, PORQUE VOCÊ DISSE, E SE VOCÊ DISSE, COM CERTEZA ESTÁ CERTO, eu é que te sugiro a olhar o mundo lá fora. É por isso que se chama democracia. Demo = povo, cracia = poder. Poder na mão do povo, onde a minha opinião vale tanto quanto a sua, ou de quem quer que seja. Claro que num país corrupto e prostituído, isso só funcione bem na teoria, mas mesmo assim, você não pode simplesmente falar “seu direito de discurso está sumariamente desqualificado, porque você não concorda comigo”. “Você pode dar a sua opinião, mas a delé é mais importante que a sua”. O que é isso? Até eu, que sou um cético, comecei a acreditar que Stalin em pessoa reencarnou no seu corpo… Imagina gente que nem você no poder? Simplesmente botaria uma arma na minha cabeça e falaria “você está errado, diga que estou certa, se não morre”. Apesar que já teve isso algumas vezes na história, no Brasil, durante o Regime Militar, na URSS, durante o Comunista… Me sinto um abençoado por ter nascido em uma época onde posso me expressar, sem ninguém me velar esse direito. Ou dizer que estou errado, pois só tem direito a opinar quem é negro ou passa fome. E ah, claro, quem faz humanas e sociais, já que só vocês tem direito ao pensamento científico e político.
Qual vai ser o próximo passo? Cotas para a pós-graduação também? Afinal, doutorado não é pra ser coisa de quem apresente uma tese de relevância científica, e sim para quem tem a pele mais escura, ora, faltam negros com Ph.D., por que ainda não existem cotas para stricto sensu? Cotas para empregos? Cotas para casamentos? Porque se um branco não quiser casar com um negro, vai ser racista? Pela sua idéia, se um negro disser que sim, então será, e quem discordar está errado, pois é branco. É tanta falta de lógica que me entristece.
Você deve olhar o que estou falando e pensando “só mais um branquelo classe-média, triste porque pagou cursinho e agora está vendo outras pessoas, diferentes dele, fazendo a mesma universidade, mas sem ter pago 1000 reais por mês”. Bom, nunca fiz cursinho, e o meu curso (física) não vai mudar em nada. A concorrência no vestibular é tão pequena, que às vezes sobram vagas. Além do mais, apenas uns 2 ou 3 se formam por ano, ou seja, cotista ou não, só vai se formar quem tiver competência, o que acredito que seja uma coisa que exista tanto para pobres, ricos, orientais, negros, ou qualquer “divisão” que a sociedade tenha criado. Além do mais, a carreira é estritamente acadêmica, ou seja, não tem “quem indica”, não tem “favorecimento por ser branco e rico”. Se destaca quem tem estofo intelectual o suficiente para isso. Um rico burro não vai conseguir publicar um artigo científico. Um pobre inteligente, vai. Só estou dizendo isso para mostrar como essa coisa toda de cotas raciais não me afeta de forma ruim. Mas ainda assim sou contra, por um simples motivo: eu penso. Não em mim, não nos brancos e nem nos negros. Eu penso com a lógica.
Tente largar seus livros de sociologia e vá aprender um pouco de cálculo ou álgebra, quem sabe exercite a parte da lógica do seu cérebro, e você para de vomitar asneiras pelos dedos. Encerro por aqui.
Raquel disse:
Olha, sinceramente, quem diz “Se você diz “isso não é racismo” e um negro diz: “sim, isso é racismo” você coloca seu rabo entre as pernas, pede desculpas e vai embora. Você pode dar a sua opinião, mas a dele é mais importante que a sua. A prerrogativa é do oprimido, e acabou. Privilegiado nunca cansa de ter privilégio, gente?” não merece o meu respeito.
Então, abaixo a criticidade que desenvolvemos com a única lógica de sermos críticos? Podemos e não podemos dar opinião, faz algum sentido? Podemos, a menos que esta seja igual a sua, ou pelo que diz, ao de um negro, certo? Se não classifico as pessoas por cor, (aliás, não classifico pessoas sob nenhum critério, exceto por suas atitudes), logo, neste caso, faço o quê? Sou obrigada a classificar uma pessoa, para saber se posso, ou não, opinar? E se conheço um negro (e conheço muitos) que pensam como eu, já posso me sentir mais aliviada, por pelo menos poder ter uma opinião e falar sobre ela livremente, já que na sua visão, eu não teria uma opinião contrária a ele? Percebe o absurdo disso, ao menos?
Tiago, concordo plenamente com isso: “Qual vai ser o próximo passo? Cotas para a pós-graduação também? Afinal, doutorado não é pra ser coisa de quem apresente uma tese de relevância científica, e sim para quem tem a pele mais escura, ora, faltam negros com Ph.D., por que ainda não existem cotas para stricto sensu? Cotas para empregos? Cotas para casamentos? Porque se um branco não quiser casar com um negro, vai ser racista? Pela sua idéia, se um negro disser que sim, então será, e quem discordar está errado, pois é branco. É tanta falta de lógica que me entristece.”
Raquel disse:
Correção: Allan*, não Tiago.
Tâmara Freire disse:
Err… se um branco não quiser casar com um negro, por causa da cor da pele dele, é racismo sim. E fico realmente besta de alguém achar que não. E, sim, novamente, quando o assunto é opressão é opinião do oprimido vale mais. Simplesmente porque quando o opressor tenta fazer a sua opinião sobre a própria opressão ser maior do que a do oprimido, ele o está oprimindo novamente. Ou seja: dizer a um negro que o racismo que ele sente não é racismo e repetir a violência, é dizer que nem autoridade para nomear a opressão que ele sofre, ele têm. Então, se um negor te diz que determinada atitude sua o oprime num viés étnico, a sua obrigação é pedir desculpas, botar or abo entre as pernas e seguir seu caminho.
De uma vez por todas: eu não valorizo meritocracia. Acho o sistema educacional americano – e muito mais coisas deles, aliás – que cobra uma fortuna para alguém estudar, um equívoco total. As vagas nas universidades não serão dadas de mão beijada, eu não sei de onde vocês tiraram isso. As cotas são uma reserva das vagas totais para determinado público. Público esse que terá que passar pelo mesmo processo de seleção que qualquer outro candidato.
Nós estamos falando do básico que é a oportunidade de entrar na universidade. Daí pra frente o caminho é o mesmo. O que te faz pensar, além do preconceito, que um aluno cotista, somente porque entrou na universidade pelo sistema de cotas, não será capaz de apresentar bom desempenho na universidade? Entrar num projeto de iniciação científica? Sair dali prum mestrado e assim por diante? Alunos cotistas só vão entrar na faculdade mas não vao ter aulas, por acaso?
E Raquel, nós estamos falando de racismo aqui, não de teoria da relatividade.
Sobre a diferença entre a opinião de um branco e de um regro a respeito de RACISMO, leia o primeiro parágrafo deste comentário, por favor.
Carlos Alberto Medeiros disse:
Fiquei curioso: você diz conhecer muitos negros que pensam como você. Como é possível, se você não identfica as pessoas pela cor da pele? Ou será que só identifica quando interessa? Só uma informação: já há cotas nos exames para o serviço público no Estado e no Município do Rio de Janeiro, assim como em outras cidades. Quanto à pós-graduação, taí, uma boa ideia. Não tínhamos pensado… No mais, você tem todo o direito à sua opinião, é constitucional. Mas também é obrigada a seguir as leis, como a que acaba de ser sancionada pela Presidente. Ou você pretende recorrer à revolução ou à desobediência civil?
Allan disse:
Não disse nada sobre desobedecer, e se você leu meu post, viu que as cotas não me prejudicam em absolutamente nada. Só estou aqui para deixar claro o que penso, não sou obrigado a concordar com a autora do post, fim.
Bom, você realmente não está falando sério, né? Imagine uma banca de examinadores “Gente, a tese dele é um lixo, mas vamos dar conceito 7 CAPES, afinal, ele é negro, faltam negros com doutorado”. Patético.
Porque, sim, se uma pessoa precisa de COTAS para entrar em uma pós, é porque ele não possui capacidade para tal, seja branco ou negro, e não merece estar ali. Simples. A questão não é meritocracia. Um mecânico não pode fazer o serviço de um padeiro, alguém que não tem qualificação para fazer uma pesquisa, para apresentar algo de relevante academicamente, não pode fazer um mestrado, um doutorado. Suponha assim: Imagine um cientista, não importando a cor, com uma tese desqualificada e errada. A banca vai lá, e aprova a tese dele, pelo simples fato de ele ser um “socialmente oprimido”. Uma revista científica publica o artigo dele, mesmo estando errado e sem embasamento, apenas por ele “merecer, já que a sociedade o desprezou”. As pessoas basearão seus futuros estudos pela tese escrota do “coitadinho”. Caos. Você realmente acha que isso está certo? Se a resposta for afirmativa, temos aqui a prova concreta de que quem defende as cotas raciais tem uma terrível distorção da realidade, e estão direcionando o ensino e a pesquisa nesse país à destruição.
Tâmara Freire disse:
Allan, gato, não viaja.
Carlos Alberto Medeiros disse:
Se você se tivesse dado ao trabalho de ler a lei recém-sancionada pela Presdidente, ou os textos de algumas das diversas medidas de ação afirmativa adotadas por universidades, veria que não há em nenhuma delas qualquer coisa relacionada à conquista do diploma. Ou seja, para se graduarem, os alunos que entram por esse sistema precisam ter presença, passar nas provas e apresentar – e ter aprovados – os trabalhos finais de cada disciplina. Ou seja, precisam passar pelo mesmo ritual acadêmico que todos os outros – a cota, o bônus ou o que seja é apenas para o ingresso, não garante a permanência, muito menos a conclusão. Agora, tendo passado por tudo, igualzinho aos outros, esse formando estará tão preparado para execer a profissão quanto eles. Ah, mas como posso confiar num médico que entrou na universidade por cotas? Quer dizer que você, ao entrar no consultório, procura saber qual foi nota que esse profissional tirou no vestibular? Tenho certeza que não dá a mínima para isso, pois o que interessa é o fato de ele ou ela ter obtido o diploma, garantia da capacidade de exercer a profissão. Agora, por Deus: como é que você não vê acor, mas identifica como “negras” pessoas que compartilham sua posição?
Allan disse:
Carlos, você mesmo disse que deveriam existir cotas para a pós, só usei um exemplo figurado do porquê isso é completamente absurdo. Não questionei se o cotista vai ou não ser bom durante a faculdade. Mas, uma vez que um cotista e um não-cotista frequentaram o mesmo curso de graduação, não deve haver cotas para a pós. Não existe coerência em fazer isso. Se você afirma que alguém necessita de cotas para entrar em um mestrado, significa que ele não tem embasamento do curso de graduação. Está vendo? Foi você quem disse que o cotista não será um bom profissional, não eu.
Tâmara Freire disse:
Na verdade, Allan, foi você quem questionou se depois serão implementadas cotas para a pós-graduação também. O Carlos Alberto apenas lhe fez uma provocação em resposta…
Allan disse:
Eu questionei o argumento de vocês, que não é “faltam pobres nas universidades”, e sim “faltam negros nas universidades”. Seguindo esse pensamento, faltam ainda mais negros na universidade, mas no lugar de professores, pesquisadores, tutores, por isso perguntei se o próximo passo seria cotas para pós. Apenas segui a lógica falha que vocês usam, em momento algum questionei o nível do profissional cotista.
Carlos Alberto Medeiros disse:
E a contradição de não ver a cor, mas identificar negros “favoráveis”, não foi sequer mencionada. Vou acumulando no meu arsenal.
Allan disse:
E Tâmara: http://pt.wikipedia.org/wiki/Argumentum_ad_hominem
Apenas isso. Ser branco não invalida meus argumentos. E eu vou continuar falando o que penso. E não existe branco, negro, roxo, azul celeste, fúcsia, que vai falar se eu devo ou não pedir desculpas pela minha opinião, uma vez que ela estiver dentro da lei.
E a propósito, o fato de você não valorizar a meritocracia, não a extingue. Enquanto existirem pessoas que se orgulham de batalhar para atingir os seus objetivos, ela vai existir. Ainda bem.
Tâmara Freire disse:
Eu preciso aprender que certas batalhas já nascem perdidas e parar de perder tempo. Difícil explicar o conceito de “privilégio” para quem acha que todo ponto de vista nesse mundo é igual. Fique com a sua meritocracia, então, que a gente segue lutando por justiça social.
Tâmara Freire disse:
Exatamente, Allan. E qual o primeiro passo para alguém se tornar um doutor, e daí virar professor universitário e adiante? Entrar numa universidade. Se até o primeiro acesso é negado a essa parcela da população, como chegar aos outros? As pessoas partem do pressuposto que passar em vestibular qualifica alguém para alguma coisa, o que é patético. Diga-me, então, nos seus trabalhos com pesquisa, vale mais o que você aprende na universidade ou o que você decorou para passar no vestibular? No primeiro ano de faculdade eu já havia me esquecido de praticamente todas as fórmulas de física que precisei aprender para entrar, e isso, definitivamente não me impediu de ter um desempenho acadêmico bastante satisfatório, tendo, inclusive, atuado como pesquisadora por um tempo.
Gabriel disse:
Ao menos, o segundo texto é um pouco argumentativo, em contraste com o primeiro, onde a retórica reside em seu estado puro, semeando o ódio por meio do apelo à emoção e carente de qualquer argumento.
Mas infelizmente é o único avanço que a autora fez no texto.
Permanece a caricatura de que os que dela discordam são “brancos da classe média” e a simplificação de que cota social ou racial é tudo a mesma coisa.
Allan disse:
Agora a justiça é social, não mais racial. Bom saber. Tem meu apoio então.
Tâmara Freire disse:
Claro que é. A questão das cotas raciais vem da simples constatação de que existe um recorte de classe dentro do universo dos excluídos brasileiros. Fugindo um pouco, mais ainda no assunto: você sabia que mulheres negras recebem menos analgesia e anastesia na hora do parto do que mulheres brancas, provenientes da mesma classe social, e atendidas nos mesmos locais, por exemplo. Qual a explicação para isso, que não o racismo? Essa afirmação absurda de que discriminação no Brasil é apenas social e não étnica é desmascarada todos os dias. É mais difícil para um negro pobre conseguir um emprego, justamente porque o racismo incidioso brasileiro ainda diz coisas como “negro quando não caga na entrada, caga na saída”. Quer dizer que isso é apenas um problema de renda?
Tâmara Freire disse:
Corrigindo: *recorte de etnia
Allan disse:
Sim, e eu concordo contigo nisso. Disse ali em cima que sou a favor das cotas sociais. Acho que o sol que bate na janela de uma mansão, deve bater na porta de um barraco simples de madeira. E sim, o que determina o estudante, o pesquisador, o profissional, é o que aprende na graduação, e não no cursinho. Digo isso como graduando de física, que inclusive o que ensinam no médio, é uma forma porca de se fazer ciências, e sou adepto do novo modelo de prova, que sai do decoreba e se aprofunda mais no “entendimento”.
O meu questionamento é, e sempre será, a cota racial. Nós podemos ficar anos discutindo sobre isso, que eu nunca vou conseguir entender. Talvez você esteja errada, ou talvez seja eu que não tenha a capacidade de enxergar, mas ninguém vai me convencer que um negro pobre deve ter uma chance a mais do que o branco pobre.
Carlos Alberto Medeiros disse:
Segundo as pesquisas do IBGE, se a população brasileira pudesse ser imaginada como uma pizza dividida em cem fatias iguais de 1,9 milhão de pessoas, das mais ricas às mais pobres, os negros (pretos + pardos) teriam rénda média menor em todas elas. Ou seja, não apenas os negros mais ricos são menos ricos do que os brancos mais ricos, mas os negros mais pobres são, na média, mais pobres que seus correlativos brancos. Essa desigualdade está presente em qualquer recorte que se faça da sociedade brasileira. Se cruzarmos categoria ocupacional, escolaridade e renda vamos descobrir que na categoria profissional de menor salário, a dos “trabalhadores manuais agrícolas” com zero ano de escolaridade, a renda média dos negros é um pouco menor que a dos brancos, diferença essa que tende a se acentuar nas categorias que exigem maior nível educacional. Portanto, sim, os negros pobres são os mais prejudicados. Ou me mostre os resultados de pesquisas que provem o contrário. Só no achismo não dá.
Raquel disse:
Bom, Tâmara, quanto a sua pergunta relacionada ao casamento, se o motivo pelo qual o tal “branco” não aceita se casar com o negro, por conta da cor da pele, ai sim, concordo com você: É racismo. Agora, se o motivo for outro e não tiver relação com a cor da pele dele, então não é. Porém, ao seu ver, se um negro disser que é, então é e fim de papo? Baseado em quê?
” Se até o primeiro acesso é negado a essa parcela da população, como chegar aos outros?”
Por curiosidade, quando diz “acesso negado” você está dizendo que o secretário que está lá, fazendo a matrícula nas Universidades, olha para a cor da pele do indivíduo, consulta o regimento e impõe como “aceito” ou “negado” o acesso à ela?
Porque, até onde eu sei, quando a lei que estabelece as diretrizes e bases da educação (a LDB lei nº 9394/96) foi criada, já em seu 3º artigo o texto apresentava (como ainda consta) que “O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I – igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; […]”. A garantia de acesso e de permanência significa que todos têm direito de ingressar na escola, sem distinção de qualquer natureza, não podendo ser obstada a permanência de quem teve acesso. O acesso não pode ser impedido a qualquer criança ou adolescente. Todos possuem o direito à matrícula em escola pública ou particular. Existindo a recusa em razão de preconceito de raça, caracteriza-se, neste caso, uma infração penal. O artigo 6º. da Lei nº. 7716/89 que é a lei do crime racial, tipifica como crime recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso de aluno em estabelecimento de ensino público ou privado de qualquer grau, cominando ao comportamento uma pena de privação de liberdade de três a cinco anos. A igualdade para o acesso e permanência na escola é na verdade uma igualdade moral, isto é, se a educação é um direito de todos e dever do Estado, é incumbência moral do Estado reconhecer que as crianças, marginalizadas social e economicamente, são, juridicamente, portadores dos mesmos direitos que provêem do Poder Público e que definem sua dignidade como pessoa humana.
Então, se essa universidade da qual você baseia essa informação, realmente faz isso… denuncie, oras!
Tâmara Freire disse:
Raquel, você entendeu muito bem o que eu quis dizer, por favor, né.
Raquel disse:
Allan, a acusação de contradição do Carlos é sobre mim. Fui EU quem disse o que ele julga de incoerência, não você.
Carlos, não acha é muita presunção a sua em distorcer tudo o que digo, e voltar a dirigir suas palavras à mim (afinal, havia encerrado nossa discussão porque eu estava repetitiva, não?) só para me acusar de algo e fazer parecer que eu sou a hipócrita, quando você não é capaz de olhar para o próprio umbigo ou, simplesmente, para um espelho?
Veja bem, dei minha opinião. Ok? Você não só discordou (o que é um direito seu, bem como é meu, também, discordar de você – aceitem ou não), como me julgou “branca” baseado em um histórico de argumentação culposa de “promotores da democracia racial” dos quais eu também abomino a prática de “buscar a igualdade” impedindo que esta se concretize, mas que você não foi capaz de entender porque estava ocupado demais me julgando, me dizendo que sou branca, que me sinto ofendida, que sou repetitiva, que estou sentindo meus privilégios sendo ameaçados, que não tenho a mesma “importância para a sociedade” como você (que é convidado à palestras e – novamente, julgando que eu não seja tampouco convidada a nada), tudo baseado em achismo (quanto a mim, entendeu agora?) Se historicamente defendiam a mesma igualdade que eu defendo de maneira errônea, EU não tenho culpa. Sei bem o meu papel na sociedade e creia, tem quem reconheça – e eu agradeço por isso, todos os dias.
De novo, você não me conhece. Você não sabe quem eu sou. Você muito menos sabe se sou graduada, se sou mulher mesmo, se sou ‘caucasiana’ ou se o meu nome é Raquel, de verdade. Mas, finge saber só para ter direito de me julgar. Você conhece apenas aquilo que eu ‘permito’ que você conheça, eis a verdade. O resto é apenas achismo de sua parte e fim.
E agora, em sua última postagem (novamente última?), também sou oportunista? Só classifico as pessoas pela cor quando me interessa? E pior, por que VOCÊ não vê pontos paralelos à nossas lutas (que é a igualdade e o valor de um “não” ao preconceito/racismo), sou a fora-da-lei? Puts!
Engraçado… De tudo o que disse no post é somente isso que filtrou: “Conheço muitos negros que pensam como eu”. Quando perguntei o que me diria se eu fosse negra, não me respondeu. Mas foi só um homem, dito negro, se manisfestar como eu, que você logo o taxou de “capitão de mato, com direito TAMBÉM a opinião”. E eu quem sou oportunista, eu quem sou a hipócrita. Do que é possível enxergar, qualquer um que discorde de você recebe um novo xingamento ou um novo julgamento, camuflado neste jeito educado de ser irônico. Você, como palestrante, deveria provocar reflexão sobre o assunto e oportunizar “insights” dos participantes. Mas, pelo visto, não é bem assim que funciona, não para você! Você tem A opinião e todos que discordarem, é racista.
Deixa só eu te dizer uma coisinha, querido, quem está classificando as pessoas aqui é você e sinceramente não tenho culpa se você só lê o que escrevo quando quer me acusar de algo. Quando indico a “cor” de uma pessoa, apenas quero me fazer entender. Não é oportunismo barato, estou reproduzindo o que, em tantas linhas, VOCÊ e outros tantos fizeram questão de evidenciar: a diferenciação e a segregação entre as pessoas baseadas na ‘cor de pele’ delas, mesmo quando eu dizia (e ainda digo) que o que conta para mim são as atitudes e a moral dos indivíduos, e a igualdade de direitos, a formal de fato. Infelizmente, se quer se fechar nesse seu achismo enfadonho a meu respeito, tudo bem… Cansei de tentar te provar o contrário. Sua opinião sobre mim não me interessa mais e na verdade já tem a mesma importância que nada. Isto, baseado na imagem da pessoa que tem demonstrado ser, não na sua cor de pele, estamos esclarecidos?
Mas, fique tranquilo, meu querido. Já possuo meus diplomas e valorizo a educação e seus profissionais. Pode ter certeza que quando meus filhos nascerem, farei questão de ensiná-los tal importância e como o preconceito (todos eles) é uma atitude infeliz. Serão mais pessoas para você crucificar e julgar porque serão CRÍTICAS, disto não abro mão, e também andarão na lei. Portanto, não se preocupe. O que está sancionado, não vai mudar. Governo nenhum reconheceria que estão promovendo a mesma segregação de forma diferente, porque o que lhes interessa é voto. E aposto que conseguiram mais uns. Não mudo de opinião.
É como dizem, “nunca discuta com uma pessoa de mente fechada, eles te rebaixam ao mesmo ‘nível’ (‘impenetrável’) deles e te ‘vencem’ pela experiência”… Continue trilhando esse caminho onde você detém a verdade absoluta, não importa as contradições, as hipocrisias e as suas falhas, se achar que o certo. Tanto faz… Psicologicamente falando, a projeção é um mecanismo de defesa.
Só mais uma coisa: não perca seu tempo comigo, assim como eu não perderei mais o meu com você! Passe bem, Carlos.
Tâmara Freire disse:
Raquel, só uma última observação: renegar que a sociedade diferencia sim pessoas pela cor da pele, e dá oportunidades diferentes a elas, baseado sim, na cor da pele, ainda que com boas intenções como a sua, não equaliza nada, apenas torna os oprimidos invisíveis. Se a gente assume que brancos e negros são tratados iguais, porque é assim que a gente acha que as coisas têm que ter, porque lutar? Essa é questão. Nós não demarcamos a diferença com que brancos e negros são tratados proque queremos mantê-los diferentes, mas para que todos vejam a discrepância e a corrijam
Carlos Alberto Medeiros disse:
É fácil falar em falhas, contradições e hipocrisias sem apontá-las devidamente. Ainda mais quando isso parte de um ser indefinido, sem textura nem cor, um ser diáfano, um avatar… Vaja con Diós.
Carlos Alberto Medeiros disse:
Essa discussão é muito engraçada. Dou uma resposta a alguém que se apresenta como “Allan”, e quem me responde é “Raquel”, toda ofendida, sempre fazendo questão de se ocultar por trás de uma identidade ambivalente. A diferença entre nós é que, embora minha opinião possa não significar nada para você (o que me fez chorar durante um milésimo de segundo), para os ministros do Supremo ela tem significado. Agora, uma pessoa ficar afirmando que o tempo todo que não vê a cor e depois identificar alguns “negros” que a apoiam é, sem dúvida, uma delícia – principalmente quando sustenta sua posição em argumentos pra lá de tortuosos. Ou seja, não existe, mas existe. Quando, eu é que decido. Discordo, cara-pálida.
Allan disse:
http://www.facebook.com/Allan.bessani
Não preciso me esconder atrás de nada, não sabia que eu tinha que colocar todas as minhas informações pessoais no campo de comentários. Te espanta tanto que mais de uma pessoa discorde de você? Bom, existe uma verdadeira multidão que você ainda precisa ser apresentado.
E só porque os políticos decidiram, quer dizer que é certo? Bom, os políticos também dobram o salário quando bem entendem, enquanto outros passam fome. Acho que eles não são sempre felizes nas suas decisões. Mas é só o que eu acho, você não vai me convencer, nem eu farei o mesmo. Então fica por isso. Vai lá comemorar sua “conquista justa” em cima da lágrima alheia, que eu volto para o meu canto, aonde minha vida não vai mudar em absolutamente nada com a adesão de cotas. Fim.
MatheusCF disse:
esse negocio de cota tem que da pros pobres e negros mesmo eu to so dando minha opniao os negro sao os caras que mais sofrerao desigualdade e foram escravos e sofrerao muito, ta tudo uma merda nesse pais entao tem que fica td igual mesmo, mais tipo descupe eu tb achei que vc tava falano p mina pq teu coments ta enbaixo do dela e ela q dise q conhece negro q concorda c ela, mais eu eim ela ta errada msm to com tigo e tipo desculpa de novo fuuui!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!
Carlos Alberto Medeiros disse:
Creia-me, nunca tive a mínima intenção de convencê-la, somente a de mostrar, reforçando os argumentos da Tâmara, a distância abissal que nos separa dos apóstolos do senso comum. É só ler os textos postados dos dois lados do debate, analisar-lhes o estilo, a coerência, a profundidade, assim como a sofisticação intelectual de seus autores, para entender por que conseguimos convencer não apenas os políticos que dobram seus salários, mas os mesmos ministros do STF hoje tão admirados por suas posições no julgamento do “mensalão”. Os 11 x 0 devem querer dizer alguma coisa… Quanto às lágrimas dos privilegiados cujo “mérito” se sustentava na capacidade de investimento de seus pais, absolutamente não me comovem. Agora terão de dar duro, tanto quanto meu filho de 14 anos que, por estudar em escola particular, não será beneficiado pelas cotas – o que, diga-se de passagem, considero absolutamente justo. Fico, isto sim, muito feliz pelos pobres, negros e brancos, oriundos da escola pública, que agora terão sua chance. The end.
Pablo Reis disse:
Você repete tanto que não se importa com os argumentos contrários, que deve saber, no fundo, que o que você escreve não faz o menor sentido.
Não faz o menor sentido, porque você se preocupa tanto em atacar a classe média que esquece os personagens dessa história que mais ganharão com as cotas: os donos de faculdade privada. Sim, justamente aqueles que não precisam de mais dinheiro são os que vão ser mais favorecidos com as cotas. De que desconcentração de renda você está falando, então? Porque, a classe média continuará sendo a classe média, a classe dos desfavorecidos a que você se refere, continuará desfavorecida, e a verdadeira elite, a qual se incluem os donos de faculdade privada, ficará mais rica.
Nenhuma lei nesse país é feita sem lobby, Tâmara. Não seja inocente ao ponto de achar que essa lei foi feita para diminuir desigualdades, porque os que mandam no legislativo (a elite, a qual se incluem os donos de faculdade privada) através do lobby não está interessada nisso, na mesma medida com que você não se interessa nos argumentos contrários.
Tâmara Freire disse:
Ate que demorou bastante pra uma teoria da conspiração baixar por aqui, viu…
Carlos Alberto Medeiros disse:
Deve ser por isso que a Confederação Nacional dos Estabelecimentos de Ensino – Confenen, órgão representativo das escolas públicas, entrou no STF com uma Ação Direta de Inconstitucionalidade – julgada improcedente – contra o Programa Universidade para Todos – Prouni. Deve ter sido para disfarçar…
Pablo Reis disse:
Teoria da conspiração? Ótima forma de ignorar os argumentos dos outros hein?
É do conhecimento de todos que o legislativo brasileiro funciona a base de lobby. Os votos de deputados e senadores são moedas de troca para os financiadores de suas campanhas. Isso é teoria da conspiração?
A esquerda brasileira repete que a lei de cotas foi conquista dos movimentos sociais. Curioso, pois a lei foi aprovada, com facilidades, no congresso e no senado, com votos de partidos como DEM, PSDB, PSD.
Diga-me, quando foi que esses partidos deram ouvidos para os movimentos sociais?
Quando foi que esses partidos se preocuparam com políticas públicas de desconcentração de renda?
Tâmara Freire disse:
Se todos os lobbys beneficiarem a população desse jeito, Pablo, eu vou ficar bem satisfeita, viu.
Danielle disse:
Pra mim parece que você não percebe o quão contraditório e preconceituoso é o seu texto. Primeiro você diz ‘que as pessoas aceitem que não existe ninguém mais merecedor de nada do que ninguém, especialmente quando falamos de políticas públicas.’ e depois vem me dizer que o sistema de cotas é necessário. Não compreendo seu ponto de vista.
Rossi disse:
Por tantos pontos expostos e visões diferentes, seria redundante colocar minha opinião que hora concorda com a autora, hora discorda… mas com muito pesar tenho que levantar uma constatação: o sistema de cotas infelizmente, dessa maneira mal formulada, apenas serve para nosso tão deficitário governo aumentar o número de pessoas cursando o 3º grau e publicar isso para órgãos externos à nosso país! Não sou contra o sistema de cotas, mas não acredito que isso vá resolver alguma coisa nem à curto, nem à longo prazo!
Josiane disse:
Sabe, querida, eu sou negra, atualmente estudo em escola pública e continuo sendo contra as cotas. Porque? Sejamos sinceros, empurrar com a barriga estudantes de escolas públicas para as universidades é ridículo. De que adianta me ”jogarem” para dentro da universidade se meu ensino básico foi uma merda e eu não vou conseguir me equiparar ao nível de quem estudou a vida toda nas melhores escolas? A tão sonhada igualdade vai continuar sem existir, o fato de ter sido ”aprovado em uma universidade” não vai fazer com que eu tenha o mesmo nível intelectual de outros que estão lá não por serem vistos como coitadinhos, e sim por mérito. Para concluir, é estupidez achar que essa ”ação afirmativa” não vai aumentar o preconceito, na minha concepção ela vai fazer que o convívio entre certas pessoas se torne insuportável.
Agora, sendo racional, lutar contra é perda de tempo, mas podiam ter elaborado uma cota que não fosse de 50%.
Tâmara Freire disse:
E negros como você estarem de fora da universidade está melhorando o mundo de que forma? Você realmente não acha que, a medida que mais negros ocuparem espaços de reflexão, como a universidade, mais espaços de poder, como altas funções empregatícias, os racistas terão que enfrentar os seus racismos? Você já tem o mesmo nível intelectual do que os outros. Pouquíssimos nesse mundo são os talentosos nato, Josiane. O resto de nós somos feitos de educação e treino. É precio oportunidade para que os negros cheguem a ter o mesmo nível de educação que os brancos. E o treino a universidade irá prover.
Lívia disse:
Eu ainda levanto uma outra questão: será que ter um diploma de curso superior em mãos realmente significa melhorar de vida?
Com a enorme quantidade de faculdades no Brasil, onde só se valoriza TER o curso superior, o mercado (para todas as profissões) está ficando cada vez mais competitivo e nivelado para baixo.
Eu afirmo: ter um curso superior não quer dizer necessariamente ter mais poder aquisitivo, mais cultura e mais educação.
Como disse Josiane no texto acima não adianta colocar adolescentes mal preparados dentro da faculdade por que o aproveitamento do curso não será o mesmo. O vestibular existe justamente para selecionar os candidatos mais bem preparados. Curso superior não é para todos, e não deveria ser tratado como a solução de todos os problemas!
O Brasil está carente de profissionais de nível técnico.Por que não incentivar os jovens a olhar para esta área?
Tâmara Freire disse:
Pois bem, faça um curso técnico. Ou, quem sabe, deixa que as pessoas escolham o que elas querem fazer. Ou pobre não pode escolher?
“Curso superior não é para todos”
Pelo amor de Deus. Você vai dizer o que, agora? Que se todo mundo tiver curso superior ninguém vai querer ser empregada doméstica mais? Que isso desastabiliza nosso sistema? Se as dondocas tiverem que limpar suas privadas, o que vai ser desse mundo, não é mesmo?
E, olha, vestibular não prepara para porra nenhum. Deixa eu contar aqui quantas vezes precisei usar meu conhecimento sobre a 3 lei de newton e sobre o imério carolíngio na minha profissão… Hum… Zero. Mas eu já disse isso uma centena de vezes, inclusive no post em que você está comentando. Então, por favor, vamos ler antes de falar?
Tiago disse:
Ao Carlos Alberto,
Obrigado por postar links para algumas pesquisas. Estou viajando mas assim que voltar vou ler todos com cuidado.
Ainda não li os estudos feitos mas só o fato de haver a preocupação em provar quantitativamente que as cotas não tem efeito negativo na formação (e portanto na pesquisa) já faz com que eu olhe a questão com novos olhos.
Para a Tamara, e seu último post. De fato curso superior não é para todos. Não deveria ser e acho que foi um equivoco muito grande do Brasil de promover uma expansão generalizada de cursos universitários na decada de 90 que resultou nessa ideia de que “para ser alguem na vida, tenho que fzer faculdade”. Em TODOS os países sérios do mundo(com universidades sérias) universidade é lugar de pesquisa e não precisamos de uma sociedade inteira de pesquisadores. Admitir que ensino superior é para todos é dizer que toda a sociedade deveria trabalhar com ciência e tecnologia. Eu creio que a expansão e principalmente a valorização de cursos técnicos que formem profissionais capacitados para diversas profissões(que não apenas pesquisa científica, filosófica ou artistica) deveria andar de mãos dadas com qualquer proposta de nivelamento social.
Sobre seu comentário sobre as leis de newton e outras bases científicas que vc nunca usou e portanto julga inuteis…….esse comentário foi bem infeliz…..
Tâmara Freire disse:
Thiago, pois bem, hoje, uma enorme parte das profissões regularizadas (leia-se: com direitos trabalhistas garantido, conselhos regulamentadores e entidades de classe fortalecidas) exigem formação em curso superior. Portanto, considero uma enorme presepada, nós estarmos aqui com nossos cursos superiores reclamando dos nossos salários, e dizendo que os outros deveriam era fazer cursos técnicos. E, bom, se a conversa vai nesses termos, não vejo do que quem é contrário às cotas reclama tanto, afinal. Façam todos cursos técnicos, oras!
Quanto à sua afirmação de que universidade serve para pesquisa, sim e não, né meu caro. Universidade é um campo de formação do conhecimento e, este deve ser retornado à sociedade de alguma forma: seja por meio de novas descobertas que auxiliem a humanidade, seja na forma de bons profissionais que possam servir à sociedade. Podemos discutir qual o papel que a universidade DEVERIA ter, não só no Brasil, mas no mundo, e talvez, a minha proposta se alinhe bastante com a sua, mas isso passaria por toda uma reformulação das próprias universidade e do próprio trabalho. Por exemplo, precisaríamos rever a remuneração maior paga a profissões intelectualizadas, por exemplo, ou seja, aquelas em que é preciso ter um diploma de curso superior para exercer. Teríamos que discutir a exigência de diploma para uma série de profissões também. E daí por adiante. Ou seja, é uma outra discussão muito mais ampla que não cabe aqui…
Ainda assim, eu continuo defendendo que a universidade deve ser sim um espaço acessível a todos os que queiram. E se eu trabalhar com torneio mecânico, mas quiser cursar filosofia para melhorar meu capital cognitivo, eu não posso? Conhecimento tem sempre que “servir” para alguma coisa? O conhecimento para tornar pessoas mais, hum, “conhecedoras” tá proibido?
O lance é que, até a adoção das cotas, nós sabíamos muito bem a quem essa universidade estava acessível. E não eram para os pobres e negros.
E meu comentário sobre a lei de newton não foi prejudicial à própria, ou a Newton, meu caro, como se isso fosse possível. Foi somente um exemplo de como coisas que todos precisamos aprender para passar no vestibular, definitivamente nunca mais serão usadas dependendo da área que você estuda. Portanto, conhecimento de vestibular definitivamente não determina se você vai ser ou não um bom profissional. Ainda que, sim, sejam importantíssimas enquanto conhecimento pelo conhecimento mesmo para essas pessoas, como apontei aí em cima.
Lívia disse:
Faço minhas as palavras do colega Tiago, e Tamara não disse que o problema se concentra na falta de mão de obra técnica, mas sim que este é um campo com falta de profissionais que pode ser uma oportunidade para as pessoas que não tiveram oportunidade de ter bons estudos.
E você está completamente equivocada quando afirma que não precisou dos seus conhecimentos básicos de química, história e etc para exercer sua profissão hoje: seu conhecimento global permitiu que você tivesse capacidade mental para compreender assuntos de maior complexidade, como os que são tratados num curso de nível superior.
Eu também não disse que vestibular PREPARA, eu disse que vestibular SELECIONA os alunos mais bem preparados.
O que desestabiliza o sistema não é “que ninguém mais vai querer ser empregada doméstica”, ate por que nos países mais desenvolvidos esta é uma profissão em extinção, mas sim o que desestabiliza o sistema é vender a ilusão de que a faculdade é a solução para a pobreza e falta de educação.
O que vivemos hoje é um mercado saturado de profissionais que cobram cada vez mais barato pelos seus serviços.
Estamos vivendo, ao contrário do que se imagina, uma desvalorização do curso superior.
Finalizando, é claro que todos direito de escolhermos o que queremos fazer, vivemos em uma sociedade livre e democrática. Mas não basta querer.
O que deve ser feito é dar uma educação básica de qualidade nas escolas públicas para que todos tenham igualdade de competição pelas vagas do vestibular.
Tâmara Freire disse:
Sério, Livia, que você não acha a questão da COMPETIÇÃO por uma vaga já uma coisa bizarra a priori? Que o certo é existirem poucas vagas e pessoas preparadas para competirem por elas? E não muitas vagas para que todos tenham acesso se quiserem?
Porque, olha só, se for assim, eu não acho mesmo que a gente vá chegar a um consenso nunca. Eu não sou a favor de um estado mínimo. Se as empresas desvalorizam profissões a níveis preocupantes, para mim, o Estado precisa intervir e determinar pisos dignos para tais profissões. Mas, o que você propõe, na verdade, é uma forma da velha lei da oferta e da procura: menos profissionais para que se precise pagar mais para tê-los.
Faculdade não é solução para a pobreza. Mas, num país como o nosso, em que, salvo poucas exceções, quem não tem estudo ganha salário mínimo e quem tem faculdade ganha 2 mil reais, faz um diferença bem grande você não concorda?
E, olha, conhecimento é sempre válido, mas não, ter decorado a ordem de um tabela periódica algum dia, não me ajudou em nada na minha profissão MESMO. E não, vestibular não seleciona mais preparados, até porque mais preparados em que sentido?, seleciona os que decoraram melhor o conteúdo necessário, os que têm mais tempo para decorar esse conteúdo, e os que têm professores antenados com isso e material de apoio bom o suficiente para facilitar a decoreba de tais conteúdos. Se isso é estar “preparado” para você, de novo, não vejo como podemos chegar a um consenso.
Carlos Alberto Medeiros disse:
Isso que Tâmara afirma já foi mais do que provado. De que adianta saber Física ou Química para ser pedagogo ou cientista social? Só facilita para quem organiza o vestibular, podendo, assim, aplicar a todos uma única prova. Como já se dizia antes do debate sobre cotas, o vestibular só mede a capacidade de fazer vestibular – capacidade essa reforçada pela decoreba dos pré-vestibulares. Mas o desejo de manter os privilégios parece um incentivo à imaginação. Até teorias conspiratórias…
André disse:
Acho engraçado que quando os argumentos começam por terminar… a teoria da conspiração vira defesa. Ninguém está dizendo uma inverdade. Os únicos que vão se prejudicar, não são os brancos, mas a classe média, e fim!
Tâmara Freire disse:
A classe média vai se prejudicar com o quê e por quê, André?
André disse:
Por favor, não se faça de desentendida. É só olhar os comentários anteriores. Quanta ignorância!
Lívia disse:
Tamara realmente a maioria das pessoas que não fizeram um curso superior contam com um salário mínimo para se sustentar, apesar de que conheço muitas pessoas que faturam bem mais que isso sem nunca terem pisado numa faculdade.
Mas a parcela de profissionais graduados que recebem em média 2 mil reais também não está satisfeita em ter estudado e se dedicado ao menos 4 anos pagar impostos, condução, alimentação ,gás, não ter desconto na luz, e se precisar de um financiamento imobiliário pagar taxas mais altas do que as pessoas que vivem de salário mínimo.
O que estou querendo dizer, é que dois mil reais para quem tem curso superior ainda é muito pouco!! Se colocar na ponta do lápis as despesas que você paga por “não ganhar um salário mínimo”, talvez você ainda saia no prejuízo..
E se a oferta de curso superior aumentar, garanto: daqui a pouco nem 2 mil reais será mais…
Na minha opinião curso superior não é para todos. Não estou dizendo que curso superior é para ricos, ao contrário, sempre estudei em escolas particulares ( com o sacrifício dos meus pais sim!) e a maioria dos alunos de escolas particulares não vão para uma universidade federal. Muitos não teem esta preocupação por que os pais podem arcar com a mensalidade das particulares.
Como este não era o meu caso, eu estudei muito, me dediquei e me sacrifiquei 2 anos para conseguir ingressar numa universidade federal, por que mesmo estudando em escola particular e também sendo branca de olhos claros, meus pais não poderiam arcar com uma mensalidade de faculdade.
Então, não acho justo mesmo que qualquer pessoa, seja branca, negra, amarela ou vermelha, tenha o privilegio de uma cota.
A universidade não é para todos, é para quem mereceu chegar lá, seja rico ou pobre.
Aliás como disse o colega Andre, não vamos esquecer que no meio existe a classe média, trabalhadora, que sustenta o país pagando impostos e nunca é beneficiada.
Quem não é pobre não é necessariamente rico.
Se tomarmos como exemplo os países mais desenvolvidos a maior parte da população não fez curso superior. E nem por isso há pessoas passando fome, pedindo esmola na rua ou vivendo ás custas de migalhas do governo.
Concordo que o sistema de avaliação do vestibular não é o ideal, apesar de que considero a incorporação da nota do ENEM um grande avanço.
E estou curiosa para saber: o que mede a capacidade de alguém para ingressar na faculdade então?
E se vocês não se preocupam em saber onde o médico de vocês formou e o que andou fazendo, vocês deveriam se preocupar…
Tem muita faculdade “pagou passou” por ai e mesmo numa federal há alunos que levaram o curso na barriga…Os conselhos regionais disponibilizam de uma busca pelos dados do profissional pela internet. Não custa dar uma checada se ele realmente tem a especialização que ele diz ter, se não tem processos…vemos casos na televisão todos os dias.
Voltando ao assunto :ninguém merece estar na faculdade só por ser de um grupo social dito “menos favorecido”.
Todos nós, não só os negros, índios e etc, temos o direito de ter educação pública de qualidade.Direito este assegurado pela constituição.
Mas educação não significa curso superior.
Ainda precisamos avançar muito nisto.
Tâmara Freire disse:
Lívia, esse discurso de que classe média sustenta país é balela. Todo mundo sustenta o país. Na farinha de mandioca e no açúcar que o pobre pobre de marrédeci usa pra forrar o bucho tem imposto que sustenta o país. Quem paga e não recebe são eles, não a classe média.
E eu me preocupo muito com a formação dos profissionais que contrato. Por isso mesmo, espero que todos tenham uma formação inclusiva. Pra não ter médico, já que essa é a sua área de atuação, deixando de dar remédio para mulher que está parindo, só porque ela é negra (sim, existem dados que comprovam que mulheres negras recebem menos remédios durante seus partos…)
Carlos Alberto Medeiros disse:
Donde concluímos que quem merece estar na universidade são, exatamente, os mais favorecidos, argumento que – se não tivesse sido fragorosamente derrotado no Supremo por 10 x 0 – obviamente contribuiria de modo decisivo para manter intacta a estrutura sociorracial imposta desde os tempos da colônia (com as exceções que apenas confirmam a regra). Mas essa posição, de que tais medidas prejudicam a classe média, da parte de um de seus integrantes, é pelo menos honesta – não assume o disfarce desprezível da defesa dos “brancos pobres”, cujo ingresso no ensino superior, por sinal, jamais fora a preocupação de seus recentíssimos defensores.
Tiago disse:
Tamara,
Confirma pra mim então se meu raciocinio está correto ou por favor aponte o erro. Você parte da premissa número 1 que não deveria existir vestibular e deveria haver vagas para todos. Uma premissa número 2(postada acima) é que o professor da universidade tem como função “nivelar” o conhecimento dos alunos (uma vez que ele é pago para isso segundo seu entendimento). Dessa forma eu concluo imediatamente que em 2013, na usp, ao invés de 10.982 alunos novos deveriamos ter os mais de 100.000 que certamente prestarão o vestibular. Todos esses 100.000 novos alunos deveriam ter acesso aos laboratórios, livros, professores, infra-estrutura…..tudo que é necessário para a formação do seu curso. Além disso os professores teriam, pela premissa 2 que nivelar esse pessoal todo antes de começar os pontos importantes para o seu curso. É isso que eu concluo dessas duas premissa que você colocou acima. Aí eu te pergunto…..quanto tempo vai durar cada curso??? E principalmente, quem vai pagar essa conta??? Você acha que laboratório é barato? Livro? Alunos custam dinheiro Tamara. Selecionar alunos não é “um luxo” é a forma mais sensata de lidar com um recurso escasso. É aritmética simples, aquela que mta gente só decora para passar no vestibular…ela tem sua serventia até para pedagogos e cientístas sociais….
Existe SIM diferença no acesso às universidades para brancos e negros. Não estou negando isso e acho que negar é leviano. Lutar por mecanismos para diminuir essa diferença é legitmo. Isso é uma coisa, Vandalizar a universidade (com essa ideia de acesso livre) é outra totalmente diferente.
Tâmara Freire disse:
Não, Thiago, porque você pulou a parte em que eu disse que, infelizmente, as universidades brasileiras não têm estrutura para receber todos os que desejam entrar, daí a necessidade de uma forma ingresso tão excludente quanto o vestibular, daí a necessidade de nivelar as oportunidades de ingresso de todas as parcelas da população, visto que algumas delas são prejudicadas pela forma de ingresso excludente que é o vestibular. Mas sim, sonho com um dia em que chegaremos a um ponto em que quem quiser entrar numa universidade pública vai entrar e quem não quiser, e seguir outra profissão, será igualmente valorizado por ele. Call me comunista.
Lívia disse:
Carlos Alberto,
merece estar na faculdade quem batalhou para chegar lá, seja branco ou negro, rico ou pobre.
A universidade federal está cheia de alunos que vieram de escolas públicas. Além disso há uma série de programas para auxiliar alunos carentes, como em MG temos a FUMP que doa materiais, e em muitos casos doa moradia e alimentação. Isto sim, considero uma iniciativa honrosa e justa do governo.
O ponto de divergência nesta discussão que vocês insistem em não entender é que para ajudar os menos favorecidos não adianta “tampar o sol com a peneira” aumentando o número de negros e índios nas faculdades para servir de propaganda política no futuro. O problema é bem mais profundo do que isso.
O problema é que a falta de educação básica torna a população totalmente despreparada até para receber benefícios.
Por exemplo: criou-se o auxílio desemprego e muitas pessoas optam por ficar os 4 meses a que teem direito em um PSF e vejo de perto a qualidade do serviço que é oferecido á população e que as pessoas não dão valor.Faltam ás consultas, não fazem prevenção…
Portanto, CRIAR COTAS nas universidade só vai apresentar resultados nas ESTATÍSTICAS.
A maior parte da população vai continuar CARENTE DE EDUCAÇÃO.
A respeito do seu comentário: “cujo ingresso no ensino superior, por sinal, jamais fora a preocupação de seus recentíssimos defensores.”??????????
O ingresso no curso superior é sonho de todo brasileiro. Sonho mal vendido.
E a respeito do seu comentário sobre os “brancos pobres” me soa muito preconceituoso para quem esta discutindo o tema de cotas raciais.
Tâmara Freire disse:
E quem disse que educação é para quem merece, fia? Educação é direito constitucional. Todo mundo tem que ter acesso!
E curiosa a sua afirmação que a universidade está cheia de alunos de escolas públicas, porque não encontro uma estatística que a comprove. De repente em universidade em que a política de cotas já está avançada…
É verdade. Só pobre falta consulta. Nos médicos particulares, todo mundo chega com 15 minutos de antecedência. E só paciente que atrasa também né? Médico tá lá sempre pontual, e nunca, nunca, te despacha com menos de 10 minutos de consulta. Porque médico é rico, é bem educado, já quem é atendido em PSF é tudo pobre, sem educação…
Lívia disse:
CORREÇÃO:
Por exemplo: criou-se o auxílio desemprego e muitas pessoas optam por ficar os 4 meses a que teem direito em casa para receber o benefício.
Outro exemplo:trabalho em um PSF e vejo de perto a qualidade do serviço que é oferecido á população e que as pessoas não dão valor.Faltam ás consultas, não fazem prevenção…
Portanto, CRIAR COTAS nas universidade só vai apresentar resultados nas ESTATÍSTICAS.
A maior parte da população vai continuar CARENTE DE EDUCAÇÃO.
A respeito do seu comentário: “cujo ingresso no ensino superior, por sinal, jamais fora a preocupação de seus recentíssimos defensores.”??????????
O ingresso no curso superior é sonho de todo brasileiro. Sonho mal vendido.
E a respeito do seu comentário sobre os “brancos pobres” me soa muito preconceituoso para quem esta discutindo o tema de cotas raciais.
RESPONDER
Adriana disse:
O desafio, não é tratar todos como iguais, mas IGUALAR A DIFERENÇA.
Se alunos de escola pública não dão conta de competir com alunos de escola particular, a solução é dar o que lhes falta: EDUCAÇÃO DE QUALIDADE. Não passaporte pra universidade.
Não precisa ir muito longe. Basta procurar em redes sociais e notar que uma classe menos favorecida não dá conta de di
ferenciar “CUMPRIMENTO” de “COMPRIMENTO”. Dar a vaga pra esse nas faculdades ao inves de melhorar as aulas de portugues, matematica e afins lá no fundamental, não vai fazer com que o menos desprovido aprenda.
E sinceramente… sem saber escrever ou interpretar textos, essa nova classe acadêmica de desprovidos vai dar conta de redigir mais artigos científicos e pesquisar mais? Eu acho que não.
Então novamente: A solução nao é UNVERSIDADE PARA TODOS.
A solução é EDUCAÇÃO PARA TODOS.
Tâmara Freire disse:
Amiga, xeu te dar um toque. Os estudantes de escola particular foram ali em Brasília fazer um protesto, e além de errar a localização do Palácio do Planalto, levaram uma placa dizendo que “cotas devia ser por renda”. Costuma ser bom a gente se despir dos esteriótipos antes de entrar em alguma discussão. Alunos de escolas públicas não são mais “burros” do que os de escola particular. Apenas menos preparados para a avaliação de conhecimento bizarra que o vestibular é. E todas as coisas que você disse, sobre redigir artigos acadêmicos, e fazer pesquisa, tampouco quem entra na universidade tendo passado em primeiro lugar, chega sabendo. E, bom professores estão aí para isso.
Adriana disse:
Mas Tâmara, nao disse que são burros. A diferença está realmente na despreparação. Concordo contigo que o exame de vestibular é ineficiente pra medir conhecimento e aptidão para o ensino superior…
Agora… você não concorda que o problema seja a falta de educação para o indivíduo de baixa renda?
Porque sua resposta não justificou nada do que eu achei que viria. Alguem comentário concreto derrubando o que eu penso.
E sobre despir de esteriótipos antes de discussão, mando essa de volta pra você:
Completamente irônica e despreparada para debater.
Além do mais, não sou sua “amiga”.
Adriana disse:
No outro texto li um comentário (SiRvana) com uma analogia justificando a desigualdade assim:
“Se você bater corrida a pé contra um piloto de carro você acha que ganha?”
Pois eu respondo com outra pergunta:
O que é mais justo? Te dar um carro pra você competir da mesma forma que o piloto ou simplesmente TE COLOCAR MAIS PERTO DA LINHA DE CHEGADA?
Esse é o conceito de igualdade e justiça quea maioria dos defensores de cotas possuem: Ficar mais perto da linha de chegada para suprir a ausência do carro.
Entrar na univerdade ao invés de ter ensino fundamental e médio qualificados.
Tâmara Freire disse:
Na verdade, o mais justo seria o Governo ter condições de dar vagas a todos os que quisessem. (Que adoração é essa que vocês têm perante a competição, hein? Cruz credo!). Mas o que os detratores das cotas propõem, na verdade, não é dar o carro pra quem tá a pé né Silvana? Continuando com a sua analogia, seria como dar um emprego de faxineiro pra quem tá sem carro, com possibilidade de aumento de salário no futuro, pra ele então tern condições de comprar um carro parcelado e só aí, muitos e muitos anos depois, entrar na corrida…
Adriana disse:
UAHUAHUAHUAHUAH Você não entendeu nada do que eu falei.
Analogia, minha cara (usando de sua ironia). Não disse de dar emprego pra uma pessoa desprovida de renda comprar o seu carro (físifco e concreto).
Pra educação, o que é melhor? Dar instrução à todos, ou dar pra uma metade um vale de acesso as faculdades?
Saia do casulo e se informe bem: O ITA e o IMA, que são responsáveis pela formação de profissionais impecáveis simplesmente não aderiram cotas. Simplesmente porque querem manter a qualidade dos alunos que entram nessas instituições. Tá bom pra vc? Ou quer comparar o ensino deploravel das UFs da vida (onde o ensino também está sucateando) com instituições de qualidade?
Ohhh… como eu gosto de competição.
Competição, nenem, faz o mundo evoluir, acredite.
Batsa ver como é prejudicial para o consumidor quando um a empresa compra outra e monopoliza o mercado. Quando não há concorrência ela simplesmente serve o que acha que deve servir, pois é a única que proporciona tal serviço.
Num cursinho pré-vestibularque estudei, o único que existe para uma específica faculdade, o dono nem sequer se dava o trabalho de fazer um material de qualidade. Era apenas xerox mal feito com conteudo copiado de livros. Isso porque ele sabia que no ano seguinte as salas iam enxer novamente.
Comece a pensar sobre como as coisas são. Por mais que você não goste, concorrencia e competição existe. E se você não dança conforme a música, simplesmente sai da roda.
Adriana disse:
E com todo respeito Tâmara.. se você acha que professores de universidade devem se responsabilizar pelo aluno que não aprendeu no ensino médio, dando revisão em plena graduação, saiba que isso é o maior retrocesso a educação superior.
Como já disseram, uma pessoa que entra num curso de Engenharia não está na faculdade pra aprender teorema de pitágoras, matriz ou equação de segundo grau.
Tâmara Freire disse:
Por quê? É tão indigno assim pra alguém com mestrado ou doutorado ter que rever conceitos básicos com seus alunos caso eles precisem? (E fica a ênfase no “caso eles precisem” porque eu acho incrível essa coisa de que, por que o aluno não tem os conhecimento necessários para ser aprovado na seleção bizarra do vestibular ele é um idiota. Pessoas reprovam em Cálculo 1 aos monte por aí, mesmo tendo sido muito bem aprovadas nos vestibulares…) Professor adjunto costuma ser admitido para carga horária de 40 horas, você sabia? Mas, certamente, se você já passou por uma universidade, sabe muito bem que nenhum deles dá 8 horas de aula, por dia, o que nos leva ao ponto de que as horas restantes precisam ser cumpridas na unvierdidade, em projetos de pesquisa, projetos de extensão e orientação aos alunos. Se o que os alunos precisam é rever alguns conceitos, que sejam revistos, oras! Cérebro de professor não gasta não, até onde eu sei…
Xuh disse:
“Com todo respeito”, não Adriana. Ela não consegue admitir que a universidade não tenha esse papel de “revisar”. O que JÁ ESTÁ ACONTECENDO é um retrocesso vulgar! Veja bem, passei em primeiro lugar na universidade, sempre estudei em escola pública e sou negra. Estamos na metade do ano, ainda não tive matéria DA GRADE DO CURSO porque o professor simplesmente tem de parar a aula para ensinar como fazer contas de multiplicação, divisão, e PASME, de adição. Isso é um absurdo! Eu dou sempre o meu melhor e tenho de ir todos os dias para a Universidade, praticamente para assinar a lista de chamada, porque matéria mesmo, não tem. E você pensa que na hora de aplicar a prova, alguém pensa nisso? A prova é sobre a matéria e se você é auto-didata, ótimo, se não é, tranque a matrícula. Ai! do professor que quiser seguir matéria… minha sala, por exemplo, cruzou os braços e se recusou a prosseguir, acusando o professor de “ir rápido demais”…
Agora, você acha uma coisa completamente normal, não é Tâmara? Talvez porque já é formada. E eu que tenho de ralar para trabalhar e cursar uma faculdade pública (e de renome), com o perdão da expressão, que me fodo! Olha, sinceramente, como você mesma disse (e eu discordo, mas caberia muito bem aqui se você mostrasse realmente não apenas falar, mas agir) se “a prerrogativa é do oprimido”, então “coloque o rabinho entre as pernas” e bye! E aí? Como vai ser?
Tâmara Freire disse:
Então, Xuh. Existe uma coisa chamada Ouvidoria na sua universidade. Se ao término do semestre o professor não tiver entregado o conteúdo que deveria, você pode ir lá oficializar uma reclamação e solicitar que a disciplina seja feita novamente. Ou, nem precisa disso: você pode assistir a disciplina de novo como ouvinte, se a sua preocupação é o conteúdo não aprendido. E, como alguém que já é formada, eu vou te dar a real: existem professores que também não ensinam nada em sala de aula, tendo ou não alunos para nivelar dentro dela. Não me venham com essa de que tudo na universidade corre perfeitamente e foram os cotistas que chegaram estragando tudo…
E a frase “a prerrogativa é do oprimido” refere-se à própria opressão, não a todos os assuntos do mundo. Mas eu já disse isso mais de uma vez.
Adriana disse:
Tâmara… me explica como você fará uma reclamação com um professor que quer seguir conteúdo, mas não pode pq um monte de despreparados simplesmente cruza os braços por que o conteúdo tá rapido de mais?
O problema real, filhotinha, é que hoje NÃO SÃO OS ALUNOS QUE ADAPTAM AO PROFESSOR. O PROFESSOR QUE SE ADAPTA AOS ALUNOS.
E se vc não enxerga isso como um retrocesso, queda na qualidade de ensino…
Eu desisto! Só espero do fundo do meu coração que a maioria das pessoas não pense como você.
Adriana disse:
O que você disse:
“Existe uma coisa chamada Ouvidoria na sua universidade. Se ao término do semestre o professor não tiver entregado o conteúdo que deveria, você pode ir lá oficializar uma reclamação e solicitar que a disciplina seja feita novamente. Ou, nem precisa disso: você pode assistir a disciplina de novo como ouvinte, se a sua preocupação é o conteúdo não aprendido.”
Resumindo:
“Se vira.. tem N jeitos de você recuperar as aulas perdidas. Se a demanda de despreparados necessita de apoio, você que deve se adaptar ao conteúdo de sala”
Pff.. me diz aonde que não existe retrocesso nisso, Tâmara…
E pensa.. a pessoa que trabalha, que tem família pra ajudar, vai ter tempo e fôlego pra assistir outras aulas como ouvinte? Em que mundo você vive, Tâmara?
Adriana disse:
Carlos Alberto Medeiros disse:
Os colegas brancos do São Bento devem estar muito orgulhosos dele.
daniel disse:
Olá tâmara, Muito legal ter tratado do assunto. Acho legal estarmos todos ligados nessa discussão.
O preconceito existe sim, não só contra negros, mas tratando-se de Brasil, poderia me explicar como seria possível definir objetivamente quem seriam os beneficiários das cotas para negros?
Esse tipo de ação afirmativa institucional na área da educação está sendo copiado de países diferentes do nosso. Acho que vale a reflexão, sob pena de arcarmos com as injustiças e inconveniências de uma importação mal pensada para nosso povo, tão miscigenado.
Apenas para contribuir com a discussão e fazer um contraponto.
Parabéns pelo blog. abs
Carlos Alberto Medeiros disse:
Os beneficiários das cotas para “negros” são aqueles que, perante o censo, se identificam como “pretos” e “pardos”. São os que alguns estudiosos preferem chamar de “não-brancos”, ou os que, até pouco tempo atrás, costumavam ser identificados como “pessoas de cor”. Policiais, seguranças de lojas e shoppings, porteiros de edificícios, profissionais de recrutamento e seleção, entre outros, costumam ser especialistas em estabelecer a distinção entre “brancos” e “negros”. Mas a garotada de escola também sabe quem são os destinatários de apelidos carinhosos como “tição”, “tiziu”, “macaco”, “urubu”, etc., etc., não é mesmo? Quanto a estarmos copiando políticas adotadas em outros países, duas observações. 1. Se extirparmos de nosso sistema político, econômico e legal tudo aquilo que importamos de outros países (como Constituição, Federação, presidencialismo, habeas corpus, bolsas de valores…), e particularmente dos Estados Unidos, pouca coisa restaria. 2. Não existe nem jamais existiu naquele país (de onde supostamente viria essa “importação”) uma lei estabelecendo cotas para negros em universidades. Ou seja, estamos copiando algo que eles não têm…
daniel disse:
Obrigado Carlos Alberto, pela atençãoo.
Concordo 100% com você quanto a existência do preconceito, mas estamos falando de ação afirmativa de uma “raça” em universidades, não podemos misturar as coisas. Estou falando da operacionalização dessa idéia.
Auto-declaração em geral não vem solo, existe crivo institucional para conter abusos e falsas(?) declarações, e essa avaliação significa ter critérios objetivos. Critério objetivo com questão de raça é uma ideia nazista. Se esse for o esquema eu to fora de imediato.
Mas caso seja apenas simples declaração,sem avaliação, me ajude a entender seu raciocínio para embasar minha opinião porque ele funcionou às avessas ….
Fala do preconceito com o tisiu, tição, etc, mas diz que as cotas abrangem os pardos também ….. então quem é o pardo? Existe o preconceito contra o pardo no Brasil ? (me parece ser ampla maioria da população, não?)
Quanto a cotas não existirem em outros paises, recomendo pesquisar melhor!
Uma curiosidade, o nordestino na sua visão também deveriam ter cotas? desculpe misturar os dois, mas fiquei na dúvida se o nordestino poderia por exemplo ser considerado pardo ou se seria necessária outra cota específica. Socorroooooo!!!
abrcs
Carlos Alberto Medeiros disse:
Aconselho-o a dar uma olhadinha no shopping mais próximo de sua casa e contar quantos vendedores negros (pretos + pardos) e quantos brancos lá trabalham nas lojas de roupas e calçados. Fizemos isso no shopping Rio Sul, o mais antigo do Rio, alguns anos atrás, considerando “negros” aqueles que apresentassem o mínimo resquício de origem africana – não apenas na cor da pele, mas nos traços faciais (nariz, lábios) e no cabelo. Em 155 lojas, encontramos 742 brancos e 26 negros (repetindo: pretos + pardos). Outra pesquisa bem fácil de se fazer: quantos galãs pardos (sob o mesmo critério: homens com traços visíveis de africanidade, ainda que atenuados) você identifica em nossa TV? É dessa categoria que estamos falando, ou seja, daqueles que estão sujeitos à discriminação racial. Quanto aos tais “critérios objetivos” de determinação da pertença racial, jamais se cogitou disso.
Xuh disse:
“E a frase “a prerrogativa é do oprimido” refere-se à própria opressão, não a todos os assuntos do mundo. Mas eu já disse isso mais de uma vez.”
Só existe opressão, então, relativo ao desnível financeiro? Então, estamos falando de cotas sociais, ora!
(E não me venha com o discurso de que “a pobreza tem cor, porque um “branco pobre” da mesma escola de um “negro pobre”, tem os mesmos conhecimentos e as mesmas condições, e o que, de fato, conta neste aspecto é o estudo e o esforço individual. Com essa cota racial absurda, o racismo reina. Esta é a minha opinião, opinião de uma negra. – E sinceramente, espero que negro nenhum pense em me chamar de capitã do mato porque isso soa não só patético, como infantil.)
Sério, Tâmara, leia “A pedagogia do oprimido” de Paulo Freire. Depois com um pouco mais de embasamento, voltamos a conversar.
Por enquanto, encerro por aqui.
Tâmara Freire disse:
Filha do céu, você tá igual à menina que achou que quando eu falava de “carro” falava de carro mesmo.
“E a frase “a prerrogativa é do oprimido” refere-se à própria opressão, não a todos os assuntos do mundo. Mas eu já disse isso mais de uma vez.”
Isso quer dizer que a prerrogativa é do oprimido quando o assunto é a própria opressão. Ou seja, se falarmos de racismo, quem tem a prerrogativa de dizer o que é ou não agressão é quem sofre com o racismo, ou seja, os próprios negros. Isso é ponto pacífico. O que eu quis rebater é a interpretação errônea que algumas pessoas fizeram desta frase, inclusive você: não quer dizer que a opinião de um negro vale mais do que a de um não negro sobre assunto como, sei la, física quântica.
Entendido, agora?
Adriana disse:
Virge. Tâmara!!
Desculpe, mas você foi a “tapada” que nao entendeu minha analogia… releia o coment, ok?
Carlos Alberto Medeiros disse:
Vamos, então, aos dados científicos. Segundo as estatísticas do IBGE, se a sociedade brasileira fosse uma pizza, dividida em cem fatias, denominadas centis, em cada uma delas a renda média dos negros seria menor que a dos brancos. Ou seja, não apenas os brancos mais ricos ganham mais que os negros mais ricos, mas os negros mais pobres são mais pobres que os brancos mais pobres. Se cruzarmos ocupação, escolaridade e renda, teremos os negros ganhando menos que os brancos em todas as categorias ocupacionais, ainda que com a mesma escolaridade. Se pegarmos a categoria ocupacional de pior remuneração, “trabalhadores manuais agrícolas”, e cruzarmos com escolaridade, veremos que os agricultores brancos com zero ano de escolaridade ganham, na média, mais que seus colegas negros. Não há outra explicação para isso senão a discriminação racial. Ou seja, sim, os negros pobres estão em pior situação do que os brancos pobres. Ainda assim, a lei que tanta indignação provoca entre privilegiados de diversos tons (embora principalmente entre os mais clarinhos, como, mais uma vez, mostram as pesquisas) é para candidatos oriundos de escola pública, o que beneficia principalmente os tão citados brancos pobres. Quanto às memórias da escravidão, a posição que uns poucos autointitulados negros assumem neste debate me lembra a distinção, estabelecida pelos historiadores da escravidão, entre “escravos do eito” e “escravos domésticos”, estes últimos sempre prontos a defender seus senhores em troca das migalhas – restos de comida, roupas usadas – que, não obstante, os distinguiam de seus irmãos de cativeiro. Sobrevivem até hoje.
Xuh disse:
Com todo respeito. Se não aceita uma opinião diferente da sua e parte para a ofensa “intelectual” de um grande imbecil, também não vou ser educada, porque minha educação depende da educação de outrem. Então, essa é a sua maneira de me chamar de capitã do mato? Desculpe, vê se cresce.
Parei por aqui.
Tem gente que prefere permanecer na ignorância, mesmo. (Não a do “não-saber”, mas a da falta de educação e respeito.) Paciência!
Carlos Alberto Medeiros disse:
Como disse, sobrevivem até hoje. E ferozes.
Larissa disse:
O que é considerado despreparado ? Para mim é um aluno que não teve aulas decentes de biologia no ensino médio chegar na faculdade de biologia ou medicina, é uma pessoa nunca ter tido uma aula de português decente e chegar na faculdade de direito,é uma pessoa chegar na faculdade de engenharia sem saber o que é um vetor e por ultimo ser despreparado para mim é só conseguir entrar ”no sonho de vida deles” com a ajuda de cotas
daniel disse:
caramba, ainda não entendi como será a seleção dos beneficiários das cotas. Alguem ajudaaaa!
O preconceito existe em vários níveis e precisa ser combatido, mas a simples idéia de pensar na forma como os negros e pardos serão identificados me traz arrepios!
Haverá uma escala cromática? Será feita uma análise de genealogia? Será uma simples auto-declaração com verificação posterior da instituição?
Em qualquer dos caso terá de haver definição de critério objetivo para raças. Essa não é uma ideia nazista?
Tudo é muito bonito quando discursamos a favor das parcelas marginalizadas pela história, mas a forma de efetivação da ação afirmativa nesse caso é essencial para tomarmos lado nessa discussão. Estamos no Brasil, apenas lembrando.
Apenas contribuindo! abs
Carlos Alberto Medeiros disse:
O critério é a autodeclaração, recomendado nas diversas convenções internacionais que o Brasil assinou, e que portanto têm força de lei. Quanto à genealogia, ninguém solicita a árvore genealógica de outra pessoa para discriminá-la negativamente. Por que se exigiria isso quando se trata de compensar pela discriminação sofrida? No Brasil, particularmente, o que conta é a aparência. É o que o sociólogo Oracy Nogueira chamou de “preconceito de marca”, em oposição ao “preconceito de origem”, que caracteriza a situação nos Estados Unidos.
daniel disse:
Chegamos ao ponto focal. Obrigado Carlos, pela rica discussão.
Que bom que concordamos ao menos que falar de “preconceito de origem” no Brasil é faltar o tico ou o teco na cabeça. Claro que estamos falando de preconceito de marca.
Preconceito no Brasil o que conta é a aparência, como você mesmo afirmou. É o mesmo ímpeto que atinge o oriental, o obeso, o nordestino. Somos um país preconceituoso nas aparências e contraditoriamente um dos mais diversificados.
Mais uma vez seu argumento funcionou às avessas. É óbvio que fica claro no momento da discriminação, mas continua sendo algo subjetivo sob o ponto de vista dos limites, ainda mais ao pedir que alguém se auto declare alguma coisa.
O que seriam os limites aparentes (já que é a aparência que conta) de pardo? Você definiu isso quando andou pelos shoppings?
Qual foi o limite aparente de pardo utilizado pelas absurdas pesquisas percentuais que baseiam seus argumentos?
Pelo entendi você disse que quem sofre sabe a que raça pertence. Então somente os pardos que acreditam sofrerem preconceito têm direito a se candidatar? Procure aprofundar o pensamento.
Ando pela rua e pelo shopping como vc mesmo disse, e entendo pardos como maioria (até que me mostrem o que de fato seria a aparência parda). Nas ruas, nas praias fim de semana e nas lojas.
Estou ficando doido ou o senhor não sabe que a UNB até 2007 requeria fotografia dos candidatos á vaga. As imagens eram analisadas por uma banca especial, que decidiria pela aprovação ou não do candidato. A partir de 2008, os candidatos passaram a ser avaliados em uma entrevista pessoal, gravada em vídeo. Isso é Autodeclaração?
Mesmo que fosse somente Autodeclaração mesmo amigão, não funciona. Já foi tentada aqui, e sabe o rolou? Um samba do “afro-descendente” doido.
Carlos Alberto Medeiros disse:
Se você leu bem o que eu escrevi sobre a experiência do shopping (foi em julho de 2001 e saiu nos principais jornais do Rio e de São Paulo), deve ter percebido que só encontramos 26 vendedores negros (pretos + pardos), ou não-brancos, contra 742 brancos (pessoas sem nenhum vestígio de africanidade). As “absurdas” pesquisas a que você se refere são do IBGE, do IPEA, do DIEESE e de outras instituições amplamente consagradas, em cujos dados baseamos análises e decisões essenciais em matéria de economia. Nunca vi questionarem as capacidade ou honestidade. Quanto às duas primeiras, que são do Governo, deve-se ressaltar que as pesquisas por elas realizadas vêm sendo confirmadas desde a segunda metade da década de 1970, quando o chamado “item cor” voltou a ser pesquisado na PNAD de 1976. Foi o que levou o Professor Roberto Martins, da UFMG, presidente do IPEA no Governo FHC, a mudar de opinião, transformando-se num defensor das políticas de ação afirmativa. Desafio você e todos os outros que compartilham sua posição a encontrarem pesquisas que apontem em outra direção: simplesmente não há. Quanto à comissão da UnB – que os mais afoitos já chamaram de tribunal nazista –, vale ressaltar que é uma exceção. Tomá-la como regra seria mau-caratismo. No que se refere à maioria de “pardos” que você vê nas ruas, gostaria de saber em que bairros e de que cidade. Não é o que vejo no Rio de Janeiro, por exemplo, nas ruas de Copacabana, Ipanema, São Conrado, Barra da Tijuca ou Recreio dos Bandeirantes, onde resido, diferentemente de Madureira, Cascadura ou Marechal Hermes. Ou seja, nos bairros mais ricos, a maioria é branca – ao menos na aparência, que é, como singularmente concordamos, o que conta no Brasil. Também posso afirmar com segurança que sua constatação não poderia ser confirmada do Paraná para o Sul, onde os negros são uma minoria entre 10 e 15% da população. Deve ser por esse motivo que os caçadores de “talentos” em busca de jovens aspirantes a modelos concentram suas atividades em Santa Catarina e Rio Grande do Sul… Finalmente, do ponto de vista prático, nunca vi ninguém manifestar a dificuldade de (auto)identificação em experiências como a da UERJ, primeira universidade a adotar esse sistema, onde ele já funciona desde o vestibular de 2003.
daniel disse:
As pesquisas citadas tomam por base os mesmos critérios de seleção que são questionados. É claro que devem ser questionadas por consequência, independente da importância das instituições. E são altamente questionadas sim, você deve morar em outro planeta ou está lendo somente o que convém.
O assunto é mais complexo do que acatar percentuais de IBGE. Isso porque existe a questão do próprio pardo que sofre o preconceito não se declarar como tal, por exemplo. Entre outras questões.
Quanto ao Recreio dos Bandeirantes, caramba, a minha realidade deve ser paralela à sua.
Na UERJ o critério final definidor é renda. Não se engane. Auto-declaração racial tanto não deu certo que a consequência na UNB foi a instituição da atrocidade que o sr. mesmo condena (tribunal racial).
Por respeito à você vou preferir acreditar e torcer que seus planos não incluem obrigar caça-talentos respeitarem cotas para modelos.
Seus argumentos conceituais e ainda por cima práticos não convencem, mas pode ser que não queira ou esteja com preguiça de perder seu tempo argumentando comigo.
De qualquer forma o parabenizo pelo tempo pensando sobre o assunto e por ter pesquisado essa matéria, tão importante.
Abs
Carlos Alberto Medeiros disse:
Tanto meus argumentos convencem, caro Daniel, que convenceram, por exemplo, os ministros do STF. Obviamente, apresento-os aqui numa versão pontual e reduzida, mas, se você quiser, posso enviar-lhe a versão digital de meu livro “Na lei e na raça. Legislação e relações raciais, Brasil – Estados Unidos”, onde mostro os principais argumentos contrários e como são rebatidos. É evidente que é possível contestar os dados dos mencionados institutos, mas para isso é preciso apresentar pesquisas que os desmintam – o que até agora não se conseguiu, embora muita gente boa tenha tentado. Tenho certeza de que, como você sugeriu, muitas pessoas vistas e discriminadas como “mestiças” (ninguém usa o tal “pardo”, a não ser para responder questionários oficiais) preferem iludir-se imaginando-se “brancas” – tenho exemplos disso entre pessoas muito próximas. Que continuem se iludindo. Mas você há de concordar que, com as cotas, pela primeira vez neste país reconhecer a ascendência africana se tornou algo positivo. Quanto aos caça-modelos, usei -os como exemplo de como funciona uma atividade em que a cor da pele tem importância fundamental. Finalmente, o fato de a UnB ter adotado a tal comissão relaciona-se, não à impossibilidade da autodeclaração, mas à tentativa de evitar fraudes. De novo, é um caso único. Você bem sabe que não se deve tomar a exceção pela regra.
Adriana disse:
Carlos Alberto: Voce confia em algum ministro?
Isso é sério? Se convenceu é porque convém ao Estado tomar medidas precárias pra manter o gado no cabresto,
daniel disse:
Quando falamos de oportunidade, Carlos, o critério acertado é a renda.
Quando falamos de preconceito de marca, que não se limita a questão de raça (aliás, porque somente esta questão é agraciada com cotas?), esse não se mostra o caminho certo.
Para cada inimigo existe sua arma. Sob pena errar o alvo e acertar vítimas indesejadas.
Carlos Alberto Medeiros disse:
Imaginar que, pelo critério da renda, seja possível enfrentar a desigualdade racial é o mesmo que defender a vacina antitetânica para imunizar contra a varíola. Mas, diferentemente do que você afirma, a lei de cotas recentemente aprovada para as federais, assim como a que está em vigor há dez anos para as estaduais do Rio e outras, é em primeiro lugar para candidatos oriundos de escola pública e só secundariamente para negros e índios. Quanto ao preconceito de marca, na formulação de Oracy Nogueira, é algo que atinge quem tem na pele, no nariz, nos cabelos, etc. reminiscências fenotípicas da origem africana – exatamente os pretos e pardos contemplados pela lei.
Adriana disse:
“Imaginar que, pelo critério da renda, seja possível enfrentar a desigualdade racial é o mesmo que defender a vacina antitetânica para imunizar contra a varíola. ”
Então o que tá em jogo não é a má educação na escola pública?
É porque a melanina a mais impede o negro de competir com o branco?
Até entao achei que o problema era a má qualidade das escolas públicas… mas se a melanina excessiva deixa as pessoas mais burras, aí não tenho que questionar! Cota pra igualar o pessoal desprovido de condições intelectuais!
Pelamor, né? Um negro que estuda é igual a um branco que estuda.
Um negro que não estuda é exatamente igual a um branco que não estuda.
Todo mundo que sempre entrou numa federal foi por mérito e esforço.
Então me explica porquê o critério de cotas é melanina, se brancos e negros são todos homo sapiens sapiens, com o mesmo tamanho de cérebro e com a mesma capacidade neurotransmissora?
daniel disse:
obs: leia-se em minha mensagem preconceito-aparência (não quis tratar da expressão de marca como formulada pelo autor, desculpe)
Tenho muita preocupação quando vejo pessoas inteligentes como você não vendo o tabuleiro de cima e a própria contradição de solucionar preconceito de aparência com soluções de preconceito de origem.
Se originalmente somos todos pardos (Brancos, Índios e Negros) e a desigualdade é na aparência, temos preconceitos com diversos outros grupos, étnicos ou não (Nipo-brasileiros, nordestinos, gays e até obesos). Onde estão estes percentuais? Não merecem sua luta?
Respeito sua opinião, mas torço muito para que meus argumentos lhe tragam ao menos uma sombra de dúvida.
Na minha opinião essa sua visão não considera o todo. Está como um médico curando sintomas, e apenas alguns em detrimentos de outros (e com efeitos colaterais).
A doença do ser humano (o preconceito em sua forma mais ampla) continua lá. Não é no ingresso nas universidades que será combatida, é algo mais profundo.
Carlos Alberto Medeiros disse:
Você afirma que “originalmente somos todos pardos”. De onde tirou isso? A categoria “pardo”, que significa “mestiço”, é produto do mesmo processo, chamado de racialização, que produziu o conceito de raça e as categorias raciais tais como hoje os conhecemos. Originalmente, não havia “brancos”, “negros”, “amarelos”, muito menos “mestiços”, porque nada isso tinha sido inventado. No que se refere aos preconceitos que outros grupos sofrem, sou simpático às reivindicações deles, que nunca incluíram, ao que eu saiba, a questão de cotas ou outras medidas de ação afirmativa para o ingresso na universidade. Agora, é muito fácil provar que os prejuízos sofridos pelos afro-brasileiros são muito maiores, entre outros motivos pelo fato de gerarem efeitos acumulados por muitas gerações. Ser negro significa não apenas sofrer uma discriminação individual, mas ser filho, neto, bisneto de pessoas que também as sofreram, e por isso deixaram de galgar, na sociedade, espaços que foram ocupados por outros, não necessariamente mais talentosos, mas protegidos pela reserva de mercado garantida com a redução da concorrência. Obesos e pessoas com deficiência não têm necessariamente pais ou filhos com essas características. Quanto ao combate ao preconceito de forma mais ampla, faço parte de um conjunto de pessoas, na maioria negras, mas com participação significativa de brancos, que se tem empenhado na busca de mecanismos de enfrentamento desse tema, por exemplo, no âmbito da escola. A Lei 10.639 é um fruto desse esforço. Para concluir, temos certeza de que a política de ação afirmativa não acaba com o racismo. Seria surpreendente se o fizesse, já que seu objetivo é proporcionar a igualdade de oportunidades. Trata-se apenas de uma etapa numa luta maior. Mas já obrigou muita gente a refletir sobre um tema que costumava ser evitado.
Adriana disse:
Todo mundo aqui é mestiço, neném.
Temos na história temos imigrantes Africanos, Asiaticos e Europeus.
O parto que vc deve tá se referindo é o caboclin ali da esquina.
Adriana disse:
Cace*a;; escrevi tudo errado HAHAHAHAHAHA
daniel disse:
As reivindicações dos demais são as mesmas, oportunidade e inclusão em iguais condições. Apenas não tem a mesma força para buscar cotas e por isso serão ignorados. Se a escolha bizarra for cota, que seja para todos os carentes dela, é o papel do estado. Sua solução é egoísta.
O objetivo deve ser justamente desracionalizar, o seu parece ser o oposto. Cotas institucionalizam o racismo de aparência no Brasil.
Carlos Alberto Medeiros disse:
Diferentemente do que você pensa, as reivindicações dos diferentes grupos são, exatamente isso, diferentes. Só para dar uma ideia, o foco dos indígenas é a posse da terra e o das pessoas com deficiência, a integração nos espaços da escola e do trabalho – em que há uma cota de 5% para pessoas desse grupo nas empresas com mais de mil funcionários. Já as mulheres se concentram nos direitos reprodutivos e na violência doméstica, que não é a preocupação, por exemplo, da chamada comunidade LGBT. Os nordestinos, que você incluiu, são, sim, discriminados no Sul-Sudeste, mas não no Norte-Nordeste, enquanto os negros o são por toda parte. Também não se deve esquecer que mulheres, pessoas com deficiência, obesos, etc., se distribuem, em iguais proporções, por toda a pirâmide social, enquanto os negros se situam, majoritariamente, na base. Dizer que enfrentar o racismo é racializar a sociedade é uma invenção das mesmas elites que combateram a abolição da escravatura afirmando que isso iria gerar conflitos e, no final, destruir a sociedade brasileira. Igualzinho a um discurso que temos ouvido recentemente com muita frequência.
daniel disse:
Isso não fez sentido algum carlos, ninguém disse que enfrentar o racismo é racializar a sociedade.
Enfrentar o racismo DESSA FORMA é racializar. Funciona às avessas.
Não percebe que a racialização de forma institucional foi quebrada com a abolição e você quer voltar à isso?
Carlos Alberto Medeiros disse:
Se você me der a fórmula mágica de como enfrentar o racismo fazendo de conta que raça não existe, eu até topo. Nenhum dos especialistas contrários às cotas com quem já debati pessoalmente – ou seja, quase todos – conseguiu ir além do “melhorar a educação”, para o que, diga-se de passagem, jamais fizeram coisa alguma.
daniel disse:
Gostei muito da conversa Carlos, obrigado! Se todos tratassem o assunto dessa forma, querendo entender o outro chegaríamos bem mais longe.
Acredito que o preconceito deve ser sim enfrentado sem racialização, pois para mim tratar como diferente vai contra tudo que aprendi sobre preconceito. Mas é apenas minha opinião.
O tempo nos dará exemplos mais sólidos para saber os resultados dessa ação.
Carlos Alberto Medeiros disse:
Valeu, Daniel. Um diálogo assim é mutuamente proveitoso. Trata-se de um tema em que poucas coisas podem ser, de fato, provadas. A discussão é que pode nos levar ao avanço.
Fernando disse:
É engraçado ver como as pessoas sempre puxaram sardinha para o próprio lado hehehe
Mas já que as cotas estão em 50%, acho melhor pular pra 100% de cota para negros e estudantes de escolas publicas e aliviar um pouco o nosso imposto =D
E junto a isso, garantir um FIES pra população, eu ja cansei de discutir cotas raciais é muito inconclusivo, não consigo entender porque a cor negra tem mais privilégio que a cor branca e vice versa
Aline disse:
Talvez o principal problema esteja na diferença de qualidade de ensino das universidades. Sem querer puxar a sardinha para o meu lado, mas já puxando (e você entenderá o motivo), as coisas ficam assim: o pobre (proveniente de escola pública) chega à universidade pública pelo sistema de cotas; o rico, que estudou nas melhores escolas e tem muito dinheiro nem liga porque pode ir para uma caríssima PUC, por exemplo. Ambos terão acesso a ensino de primeira qualidade.
Mas o estudante de classe média, ferrado de grana, mas não tanto, afinal conseguiu estudar numa escola particular, mesmo não sendo das melhores (sim: eu e, provavelmente, meu filho), por essa lógica, se daria muito mal porque, se não conseguir passar no vestibular pra uma universidade pública – que agora tem menos vagas para esse perfil de aluno, devido ao sistema de cotas – tem que se contentar com uma Estácio (Já sei que a galera da Estácio vai tirar as calças pela cabeça, mas é óbvio que nem dá pra comparar o ensino de uma Estácio ao de uma PUC ou uma pública, admitam.). Se a qualidade do ensino fosse igual, ótimo: todo mundo está gastando o que pode e estudando do mesmo jeito, mas não é bem assim.
Se essa diferença não fosse tão grande, seria bom até acabar com o vestibular: o estudante de escola pública que quer ir pra faculdade teria sua vaga garantida numa universidade pública; os das escolas particulares entrariam nas que pudessem pagar e pronto.
Eu, felizmente, passei pra uma universidade estadual antes do sistema de cotas. Seria muito triste se, depois de todo sacrifício da minha mãe para me manter numa escola particular (já que essa era a melhor maneira de me dar uma chance de passar no vestibular para uma faculdade pública), eu tivesse que ir para uma faculdade do tipo pagou-passou. Isso se conseguisse pagar! Lembro que a mensalidade da faculdade mais chinfrim da cidade era bem mais cara do que a da escola onde estudei.
Adriana disse:
Dou um doce pra quem me responder essa: (mais direta, só em pictogramas)
Então o que tá em jogo não é a má educação na escola pública?
É porque a melanina a mais impede o negro de competir com o branco?
Até entao achei que o problema era a má qualidade das escolas públicas… mas se a melanina excessiva deixa as pessoas mais burras, aí não tenho que questionar! Cota pra igualar o pessoal desprovido de condições intelectuais!
Pelamor, né? Um negro que estuda é igual a um branco que estuda.
Um negro que não estuda é exatamente igual a um branco que não estuda.
Todo mundo que sempre entrou numa federal foi por mérito e esforço.
Então me explica porquê o critério de cotas é melanina, se brancos e negros são todos homo sapiens sapiens, com o mesmo tamanho de cérebro e com a mesma capacidade neurotransmissora?
ME EXPLIQUEM
Fernanda disse:
Não acho, de verdade, que as cotas sejam um problema (só o número abusivo delas, 50% é muito). São boas medidas de inclusão social, racial, etc, etc…
Mas quando o orgão que aprova a tal lei e afirma que é uma medida de integração e quando a parcela da sociedade, que se sente lesada pela opinião contrária ao programa, afirma que o problema é o número de alunos vindos de escolas públicas e privadas (revelando preconceito) não consigo entender o PORQUÊ de os negros terem priviélgios nas vagas reservadas.
Se eles também vieram de escolas públicas e não possuem as condições da “classe média” porque os brancos “pobres” só tem acesso as vagas depois do preenchimento por alunos negros, pardos e indígenas?
Para mim, isso sim demonstra um certo teor racista…
Lyndy Luca disse:
Tem muita gente merecendo reencarnar negra para poder entender, porque palavras jamais bastarão… só quem sente é quem sabe… e a pimentinha nos olhos dos outros é refresco puro, ao contrário do quanto arde nos nossos!
Jorge disse:
Cota Racial é injustiça e causa revolta, a discriminação que os negros tanto dizem sofrer estão fazendo com os brancos que são pobres quando vão disputar mano a mano uma vaga, é muita canalhice essa lei, não tenho nada contra os negros, mas sim contra essa politica nefasta, pois a justiça não está sendo feita isso é fato.
Jorge disse:
Mais uma vez o pobre é prejudicado nesse Brasil injusto, então um negro filho Juiz ou melhor de um Ministro do STF vai disputar uma vaga na Federal com um branco filho de um servente de pedreiro tiram a mesma nota, mas o filho do servente é pobre e como sempre POBRE vai levar fumo kkkkk, Então os QUE DEFENDEM ESSA LEI 10.558/2002 é justo isso?
Cleidiane Conceição disse:
Bom, eu imagino que as cotas não se apliquem ao filho do juiz, pois certamente ele estudou em colégio particular. Nesse caso, o beneficiado será o branco filho do servente, pelas cotas sociais. Perdoa, Pai, eles não sabem o que estão dizendo.
MArcos Garcia Neto disse:
Cleidiane, se você concordar com cotas RACIAIS, o filho negro do juiz VAI SER BENEFICIADO SIM. Isso mostra que o critério “raça” é injusto. O que interessa é o dinheiro da pessoa, não a cor dela.
Andressa disse:
Vamos ser racionais, as pessoas tratam o Brasil como se fosse um EUA, uma Europa… em que é possível distinguir negros e brancos. O Brasil existe somente negros e brancos? Cadê os mulatos? os cafuzos? Os mamelucos? é medíocre o debate: riquinho branco x negro coitado. Sou filha de descendente indígena, minha mãe é parda, meu avô é negro, eu sou o que: excluída do debate? Vamos pensar: no Brasil tudo é feito pelas “coxas” vamos jogar as pessoas nas universidades porque não tiveram chances???? Educação precisa ser tratada como coisa séria, não como simples programa assistencialista e demagogo. As universidades estão sucateadas, péssimo ensino e professores mal remunerados. Alguém acha mesmo que estão promovendo uma revolução social “jogando” pessoas nas universidades? É um favor pros políticos que com isso mascaram a situação deprimente em que se encontram as universidades, que ainda tem alguma notoriedade, porque os melhores alunos estão lá… Não sou nenhuma rica, revoltadinha. Porque se vc discorda das cotas é rotulado: o rico branco. é uma imitação dos EUA? Vamos então proporcionar escolas decentes. Ah! Demora tempo demais? Pelo amor de Deus, educação nunca foi um processo rápido! é mudança de toda uma mentalidade social, Aqui todo mundo é acostumado a tudo cair do céu! Podiam pegar como inspiração os japoneses…
Jr Borges disse:
Ola querida. vim aqui hoje te perdir pemissão, para transformar seu texto em um video que será veiculado na net e terá senomenos creditos como texto original, espero resposta. Valeu!!
Lorraine disse:
Tâmara, eu já fui contra as cotas, depois de muitas coisas que eu li me tornei a favor, mas não foi só isso. O que eu percebi foi que eu estava defendendo as cotas porque não estava inclusa nela, ridículo, mas felizmente eu mudei. Até porque, diminuir a desigualdade social é muito mais importante do que minha vaga. O que eu acho é o ensino superior público deveria ser um direito de todos, mas como não é, que se faça o que é justo: que os alunos de escolas particulares esforçados consigam suas vagas, e os alunos mais humildes que não tiveram as mesmas oportunidades, também. Mas me responda uma coisa: você é esquerdista?
Fernanda Pascoal disse:
Discordo. O texto mostra a realidade dos estudantes negros e de escola pública e tudo o mais, mas , mesmo assim, a lei de cotas não é a melhor medida, muito menos a solução.
E assim como é fácil todos nós criticarmos o governo por causa da educação brasileira, também é fácil simplesmente dizer: Porque você não toma essa iniciativa e investe em escolas, porque você não se coloca no lugar? Estou no 3º ano do médio, estudo em escola particular (mas estudei por anos em escola pública então sei bem o que é isso) mas nunca, em nenhum momento achei que as cotas iriam tirar minha vaga na universidade federal ou, melhor, nunca achei que as cotas prejudicariam qualquer um pelo fato de beneficiar negros e estudantes de escola pública, mas, ainda assim, o que TODA A SOCIEDADE deve se importar é com todos os estudantes brasileiros porque sim, eu me importo, afinal se nós não nos importarmos nos tornaremos uma sociedade alienada, devemos sim criticar, porque se não criticarmos nos tornaremos uma SOCIEDADE PASSIVA.
Ações são construídas aos poucos e, sim, existem projetos que tentam fazer sua parte pela educação, projetos gratuitos e de qualidade, de iniciativa de algumas escolas privadas de renome e de alunos dessas escolas brasileiras que tentam dar as mesmas oportunidades que tiveram a pessoas que não têm as mesmas condições que eles; mas a mídia, claro, não tem interesse em mostrar esse lado e tais organizações sem fins lucrativos muitas vezes encontram obstáculos para se manterem, mas mesmo assim, se esforçam em tentar fazer uma pequena DIFERENÇA para sua comunidade, porque só assim outros se sentirão estimulados a fazer algo para mudar esse panorama de educação brasileira tão heterogêneo, assim como eu, quando conheci algumas iniciativas de estudantes, universitários e professores de escolas privadas, me senti estimulada a participar, a dar iniciativa a projetos que ofereçam boa educação a estudantes que precisem de uma oportunidade como essa.
Então, sim, eu digo que assim como o texto anterior desse blog, isso também é sobre mim, não porque eu acho que o mundo gira ao meu redor, mas porque EU FAÇO PARTE DESSA SOCIEDADE, eu faço parte de milhões de jovens estudantes do Brasil e eu posso acreditar em mudanças que beneficiem negros, pardos, brancos, escolas públicas, privadas, educação de qualidade! Critico a lei de cotas SIM, também enxergo os pontos positivos dessa lei, enxergo que muitos precisam dessa chance, mas enxergo que a lei não vai mudar muita coisa, porque muitos cotistas também vão entrar na universidade e sentir a dificuldade do ensino superior ao se deparar com coisas que talvez nunca tiveram ideia na escola pública em que estudaram a vida toda. Muitos poderão desistir de seu curso pelas dificuldades do dia-a-dia na faculdade e, mais ainda, essa lei de cotas NÃO VAI MUDAR os milhões de analfabetos que existem no país nem melhorar a educação, a violência que assola essas escolas, muitas vezes com condições e infra-estrutura tão precária. Não vai.
É por isso que EU PREFIRO ACREDITAR NA MUDANÇA, na luta para que outros também acreditem nisso, algo que vai muito além do Governo, para que os cidadãos não se acomodem com essa falsa ‘oportunidade de cotas’, para que EU, VOCÊ, ELE, TODOS NÓS COMO CIDADÃOS BRASILEIROS possamos espalhar essa ideia e pelo menos tentarmos dar iniciativa às oportunidades reais de educação, que pode ir além de uma sala de aula, que pode mostrar à criança e ao jovem que eles podem ir além, pode participar de atividades extracurriculares, pode participar de olimpíadas do conhecimento, pode construir seu próprio aprendizado, seu currículo e enfim, chegar a uma boa universidade como um cidadão mais ciente, em vez de apenas conseguir um bônus de cotista e entrar na faculdade achando que a vida profissional está garantida. É melhor mostrar a realidade brasileira e tentar mudá-la, do que ser pessimista e aceitar uma desculpa do governo em beneficiar jovens negros e pobres.
Diego disse:
Tá legal, ninguém discorda com os dados do IBGE de que “há mais negros e pardos entres os pobres e mais brancos entre os ricos” como você bem disse, mas então o que fazer com os negros de classe média e alta ou os brancos de classe baixa?
A questão aqui é econômica, não racial! Principalmente pelo fato que, em um país tão miscigenado como o Brasil, a cor de pele que se declara é quase opcional (a mesma pessoa morena é considerada branca em algum estado de maioria negra e considerada negra em um estado de maioria branca).
“…falha novamente, ao permitir que, por tal sistema, um recorte de classe e de renda tão grotesco se construa dentro das universidades.” – Como esse, seus únicos argumentos são socio-econômicos.
Deixo alguns vídeos sobre cotas.
Uma discussão interessante sobre cotas
http://www.youtube.com/watch?v=hMRZk2D8psk&list=UUdGpd0gNn38UKwoncZd9rmA&index=7&feature=plcp (aqui ele explica o real “propósito” das universidades)
uma crítica ao texto/vídeo “Essa conversa não é sobre você”
A verdadeira discussão é sobre cotas socio-econômicas.
Tâmara Freire disse:
Filho, nós temos pobre no Brasil, correto. E a absoluta maioria desses pobres é negra. Como que não é uma questão racial? A maioria dos pobre são negros por quê? Deus que quis assim?
MArcos Garcia Neto disse:
Tâmara, novamente te vejo usando o critério econômico para tentar justificar o racial. Por que não usarmos apenas o econômico e tentarmos RESOLVER o problema ao invés de criar outro?
Não interessa a cor, interessa as baixas condições de uma pessoa. Um negro rico não é “menos capaz”.
Você fala em “maioria” porque sabe que não são todos. Por que não elaborarmos uma política pública que beneficie TODOS?
Andre disse:
Tamara Freire está tão à esquerda, mas tão à esquerda, que deu a volta no espectro ideológico e se chocou com os neonazistóides de extrema-direita.
Seu discurso perdeu a razão e gera revolta porque passa do limite do que é razoável.
Ninguém ensina tão bem a fazer o certo do jeito errado como vc faz, mocinha.
Tâmara Freire disse:
Desculpa, acho que eu rodei demais nessa volta à esquerda que você comenta, fiquei tonta, e não entendi a que veio seu comentário
MArcos Garcia Neto disse:
Nazistas e neonazistas são de extrema ESQUERDA. Qual era o nome do partido do Hitler? Revolução de qual classe ele defendia no seu livro “Minha Luta”? Mais leitura, gurizada…
A direita é visível nos Estados Unidos. A “direita” é fruto de um liberalismo que iguala Estado e indivíduo, esquecendo dos direitos sociais. A esquerda oprime o indivíduo, pois dá poder demais para o Estado. Parem com essa historinha furada de lutinha entre “o bem e o mal”. Uma ideologia sempre opera de um jeito bom para um a mau para o outro.
Devemos buscar o equilíbrio, com um Estado que garanta direitos a todos na medida de suas diferenças. Vocês nunca vão obter isso usando uma visão política X ou Y. Sem equilíbrio não há justiça, há apenas uma briga por poder.
Luiz Gustavo Oliveira disse:
Oi Tâmara,
Primeiramente, gostaria de dizer q a msg pode parecer agressiva no início, mas ao lê-la toda, vc vai entender o pq.
“Um texto de um branco q revela o racismo inconsciente de um branco mesmo qdo supõe defender o não racismo. Parabéns, vc conseguiu agora q uma entidade negra, q luta por uma causa q considera justa, seja atacada e chamada de racista por repetir pensamentos profundos de um “branco consciente” tentando expurgar a própria culpa.
Um dos maiores problemas dos “pensadores” é pensar sem viver realmente o problema de quem não “pensa”, vive. É muito cômodo imaginar soluções mágicas ao lado de amigos brancos, ricos, bem vestidos, ben nascidos, conscientemente “educados” e inconscientemente culpados. Aos poucos educados tais pensadores sonham impor sua “educação”, já q, por falta dela, os socialmente ou racialmente (como querem muitos) injustiçados estariam impedidos de “pensar” por conta própria. Os até então injustiçados aprenderiam por fim a “pensar”, mas o pensamento teria q ser igual ao dos pensadores q lhes “ensinaram” difícil tarefa, ou colocaria em risco o objetivo maior e tão sonhado da democracia do pensamento único.
Na tão sonhada democracia q vem, aos poucos, se solidificando, onde um cara q vive sozinho e ganha um salário mínimo já é considerado classe-média, quem é contra as cotas é racista, quem não admite q movimentos gays usem santos pra fazer chacota de religião é homofóbico, só é contra o MST os representantes da “elite” e quem acredita q o mensalão não é uma farsa é um “alienado contralado pela mídia golpista”. ”
Toda a bobajada pedante escrita acima, uma visão extremamente radical, deturpada e exagerada, esclareço agora, é apenas um “recorte”, algo q descreve parte de uma juventude de esquerda, cheia de boas intenções, mas ingênua e tbm extremamente radical em seus pensamentos. Suponho q vc, Tâmara, não faça parte de tal grupo. Generalizações são perigosas, certamente vc não se deu conta disso ao descrever uma “classe média branca privilegiada q paga cursinho”. Talvez por isso seu texto tenha sido mal compreendido. O q pegou mesmo foi a adaptação feita pelo movimento negro (não sei se com o seu consentimento), q deu espaço sim a interpretações de q o vídeo pregava o ódio, o preconceito de classes e o racismo. O “agora é tudo nosso” e a descricão infeliz de uma “classe-média q anda de iate” colaboraram muito pra isso. Certamente seu texto foi mal compreendido tbm pelo Movimento Negro, ou tomariam mais cuidado pra q o vídeo não soasse tão agressivo.
Indo agora ao q realmente interessa, concordo com cotas sociais como uma medida emergencial pra q mais pessoas tenham acesso à educação, pois, como vc mesmo disse, não é da noite pro dia q vamos ter uma educação pública de qualidade no Brasil. Meu medo é q isso se torne permanente, com os governos lavando as mãos, acreditando q já fizeram sua parte com a criação das cotas. Algo como ” a educação é um lixo, mas como mesmo quem recebe esse lixo de educação pode entrar numa universidade através das cotas, deixa como está”.
Ao concordar com as cotas sociais, entendo q, obrigatoriamente, a media atingirá os negros q realmente precisam, pois, como vc lembrou, os negros são, em sua maioria, pobres no Brasil. Sendo assim, na minha opinião, cotas raciais tornam-se desnecessárias, apenas uma maneira de, mesmo sem querer, disseminar uma idéia completamente equivocada e racista de q o negro, por causa da cor, é sim inferior ao branco, pois mesmo entre brancos pobres e negros pobres, o negro precisaria mais das cotas pra entrar na Universidade. Claro q a intenção não é essa, mas será muito complicado explicar a um menino negro pobre pq ele precisará de cotas no futuro e o amiguinho branco pobre poderá até ter tal privilégio, mas se sobrar apenas uma vaga ele entrará numa universidade no lugar do amiguinho branco só por causa de sua cor. Será q o menino negro já não crescerá com a idéia de inferioridade, já q crescerá ouvindo q negro só entrará na Universidade por causa das cotas, quase q como um favor?
Gustavo disse:
Tamara, 8 mil reais está longe de ser um salário ruim para um professor universitário que necessita de 4 ou 5 anos de graduação e mais 7 anos de pós graduação? Então quer dizer que o cara passa cerca de DOZE anos da vida dele estudando ganhando bolsas que não passam de 3 mil reais e 8 mil reais é um salário que está longe de ser baixo para este tipo de profissional!! Me desculpa, mas pra você tecer um comentário (perdoe-me a palavra) escroto desses, você não deve ter feito pós graduação, não sabe o que é isso. Então, por favor, não fale uma baboseira dessa de novo! 8 mil reais é um salário medíocre para um professor universitário! E o mesmo governo que aprova a política de cotas é o mesmo que defende essa sua ideia antiquada e, por Deus, ESCROTA! Fico triste de saber que eu estou dedicando tantos anos da minha vida para ser um professor universitário, para ter que ler isso! O seu texto é muito bom, parabéns…mas o seu comentário foi de uma ignorância absurda! Até tinha gostado do seu ponto de vista, apesar de ser contra as cotas! Mas depois que vi isso, eliminei todo o seu texto! Triste é saber que você tem seguidores que apoiam esta ideia, e mais triste ainda, é saber que o governo atual apoia essa ideia, colocando 50% de cotas raciais, porém deixando os aluninhos que eles tanto se preocupam mais de 4 meses sem aulas, por conta de greves de professores, que reclamam de barriga cheia dos seus salários, não? Olha, sinto vergonha de ter a mesma nacionalidade que você!!
Thais disse:
Tudo bem, cada um com sua opnião, mas pelo menos na minha cidade as vagas pra escola publica serão disputadas entre 3 (Escola militar, CEFET, COLTEC) que muitos de nós brancos de classe media que estudamos em cursinho particular invejamos quem estuda la, o resto nao vai chegar nem perto porque nao vao ter chance de competir com essas escolas. No meu cursinho particular tem pessoas das ditas escolas publicas, um dos cursinhos mais caros de belo horizonte e voce me fala que o sujeito precisa de cotas pra passar porque nao teve condiçao de pagar uma boa escola? Todos dessas escolas publicas passariam sem cotas, e os das outras escolas talvez tivesse chances porque nao competiriam com escolas tao boas mas com escolas particulares que hoje ja sao decadentes
Thais disse:
E alias os encomodados com tanta diferença economica no brasil mudem pra cuba, coreia do norte, viva o comunismo ?
Arthur disse:
Porque cotas raciais? Porque não cotas sociais apenas, então? O que faz um estudante de escola pública negro melhor (ou pior) do que o estudante de mesmas condições branco? Isso é racismo também, Eliane, e está tão errado quanto o racismo dos brancos contra os negros.
MArcos Garcia Neto disse:
Tâmara: respeito sua posição. Mas você, assim como boa parte dos defensores de cotas raciais nunca tiveram coragem de me responder à seguinte questão: como ficam os negros ricos e os brancos pobres?
Trabalho na polícia. Sim, a maioria da população numa favela é negra. Sim, existem brancos lá. Branquíssimos, loirinhos de olhos azuis. Moram em favela e vendem drogas para sobreviver. Isso te parece “classe média burguesa”?
Concomitantemente, meus vizinhos aqui da frente são um casal de negros. Ambos com empregos normais, pagam com esforço escola boa para os dois filhos.
Entenda que “maioria” não significa “todos”. O critério racial é injusto pelo simples fato de que discriminação positiva ainda é discriminação. Os brancos pobres são MENOS merecedores de políticas públicas?
“Mas a maioria dos negros é pobre” vocês dizem. Amiga, você não percebe que para justificar você ESTÁ USANDO O CRITÉRIO ECONÔMICO??? Por que desviar o foco? Devemos usar o critério econômico e tratar negros e brancos como devem ser tratados: de maneira equânime.
Você não vai ser uma adolescente menos cool-descolada-revolucionária se admitir que o maior problema de uma pessoa hoje em dia é a conta bancária, e não a cor.